Capítulo 102

1.5K 129 22
                                    

GABRIEL:

Segundas... eu realmente odeio as segundas-feiras... mas acho que essa semana pode ser a pior de todas, não sei ao certo, mas algo me diz que sim ­— pelo menos eu torço para que nada de ruim aconteça.

Receber a notícia de que a Amanda estava daquele jeito me pegou totalmente desprevenido, ainda mais recebendo a notícia daquela forma — todo mundo, na verdade. O colégio não fala em outra coisa senão o que aconteceu com ela e quem deve ter feito aquilo. Espero que a polícia consiga encontrar o responsável, mas parece que eles ainda nem sequer têm uma pista de quem pode ser.

A Bianca estava ao dizer que hoje seria um dia muito chato onde todos nos fariam perguntam, querendo saber do estado de saúde, o que houve e até o que não houve com ela. É realmente tudo muito chato, é realmente muito chato.

Bianca nos disse que os médicos falaram que ela ainda continua desacordada, mas que parece estar respondendo bem ao tratamento. Ela também nos contou que pela manhã havia ido ao hospital e dessa vez permitiram a sua entrada fosse um pouco mais demorada que antes, mas ela não conseguiu olhá-la por muito tempo, pois a situação está de dar dó em alguém — ao menos foi o que ela nos disse.

E como se não bastasse tudo isso, aquela porcaria em forma de gente, me ameaçou com uma foto. O que será que ele quer fazendo isso... ele está achando que irá conseguir alguma coisa me ameaçando? Ou que me ameaçar, vai fazer com que eu o veja com outros olhos? De uma certa maneira ele está certo, eu vou ver ele sim com outros olhos, mas da pior maneira possível.

O que mais me surpreende é que eu não esteja morrendo de medo como de costume — mas se eu disser que não estou com medo, eu iria mentir... apenas não perdi o sono por causa disso. É possível que essa possa ser a deixa para que todos já saibam do que está acontecendo... mas, ao mesmo tempo, eu acho que não é o momento, ao menos não ainda.

O meu maior medo não é sobre ele possivelmente vazar essa foto para todo mundo, o que mais me preocupa é saber o que a minha mãe pode pensar ao meu respeito. É ainda continuo me sentindo entre a cruz e a espada, sem saber o que dizer ou fazer.

A minha maior vontade era conseguir lhe dizer quem eu realmente sou, além do desejo em dizer o que o Henrique e eu temos, mas como eu faria isso? Eu realmente não sei. É tudo tão difícil... os caminhos são tão confusos e difíceis que a mais simples das escolhas se torna difícil.

— Eu não aguento mais as pessoas me perguntando pelo estado de saúde da Amanda. Que ódio! — Victor bufou ao nos alcançar no corredor, em direção à sala de aula — O próximo que me perguntar eu vou me fingir de sonso e fingir que não ouvi. Essa noite eu vou sonhar que estou falando da Amanda até para o papa, de tanto que eu já repeti.

— Calma, amigo... por que todo esse estresse? — Bianca perguntou — Eu disse que iria ser assim, mas parece que mesmo prevendo essa desgraça e quase não tendo mais paciência, estou mais tranquila que você — Riu — Rindo e chorando... — Voltou a ficar séria.

— Eu havia ido comprar algo para comer, mas eu desisti de fazer isso, porque a cada segundo vinha alguém me perguntar se eu sabia como a Amanda estava — Respondeu — Se esse colégio tivesse um grupo ou qualquer coisa do tipo, ficaria mais fácil para esse tipo de comunicação. Além disso, eles não viram a porra do jornal? — Respirou fundo — Eu preciso me acalmar... eu não sou assim...

— É algo bem chato, mas infelizmente somos os únicos que podemos dar as notícias aqui, aparentemente — Ela disse.

— Eu fico feliz de que ela está indo bem no tratamento, quando ela acordar, todos nós poderemos fazer uma visita em grupo — Falei.

O Idiota do Meu Vizinho - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora