Capítulo 105

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É CAPÍTULO NOVOOOOO

Um dia após a conversa de Gabriel e seu pai

Eu não via a hora de contar isso para o Henrique, mas eu preferi esperar para falar pessoalmente com ele, ao invés de lhe mandar somente uma mensagem como eu havia feito um dia antes, quando o meu bom pai me raptou.

No colégio evitei olhar muito para ele, pois sei que ele quer saber e eu prefiro que estejamos a sós quando eu conversar com ele. Mesmo sendo algo ''simples'', será melhor assim.

Não sei mais nem o que posso fazer. Quando penso que as coisas podem se ajeitar, vem algo e faz com que tudo piore. Espero que algum dia possamos ter um momento de paz, sem passar por tanto sufoco assim.

— Você só pode ter merda na cabeça! — Ele disse irritado enquanto andávamos pela calçada — Você tem o que nessa bosta dessa cabeça, Gabriel? Eu preciso ter paciência com você, mesmo que às vezes seja completamente difícil. De onde você tirou essa loucura?

— Mas por que você está assim comigo? Eu não tenho culpa se ele me levou à força — Falei — Além disso, felizmente não me aconteceu nada — Disse — Não precisa se preocupar. Estou aqui e estou bem.

— Ainda bem, não é? — Continuo olhando para a frente, mas pelo canto do olho deu para perceber que ele ainda parece um pouco irritado. Eu não o julgo, mas eu também não tenho culpa — Mas o que você estava pensando? Sei lá, poderia ter corrido...

— Para falar a verdade, eu não sei. Eu acho que apenas deixei, mesmo que eu tenha relutado um pouco.

Durante boa parte da noite acabei pensando sobre o que havíamos conversado e nada parece fazer sentido. Por que ele acha que devo provar alguma coisa para ele? Isso nem deveria estar sendo uma discussão, considerando a nossa distância.

Uma parte de mim sente uma certa angústia devido a tudo isso, mas outra parte parece não ligar. Acho que isso é o melhor a se fazer, não ligar para absolutamente nada que envolva o meu pai. Eu não vou me desesperar por algo que não vai melhorar em nada a minha vida.

— De qualquer forma, ainda bem que ele não fez nada. Para mim, ele não está nenhum pouco bem — Disse — Ele deveria procurar algum tratamento ou qualquer coisa do tipo.

— Eu acho que vou começar a parar de pensar em tudo isso, pelo meu próprio bem — Abri o portão de casa — Mas vamos ver até onde isso vai.

Será que isso pode ficar pior do que já está? Sinto até um pouco de receio ao cogitar esse pensamento, mas não há muito o que se possa fazer.

— Eu preferiria não ver até onde isso vai, acho que até onde chegou já foi demais para a minha saúde mental — Passou por mim e sentou-se na calçada — Mas mudando completamente o nosso assunto, eu acho que posso me acostumar com isso — Sorriu.

— Com o quê? — Fechei o portão e o olhei, mesmo sem entender o que ele quis dizer.

— Voltar para casa com você, nos sentarmos aqui e ficarmos à toa, sem fazer absolutamente, apenas aproveitando a companhia um do outro. Isso é muito bom — Seus olhos ficaram encolhidos com o largo sorriso que ele deu. Isso me faz bem.

Adoro vê-lo.

Embora há algum tempo ele tenha sido a pior desgraça da minha vida, hoje em dia ele está sendo a melhor pessoa para mim.

— Eu também poderia me acostumar com isso — Tirei a mochila das costas e me sentei ao seu lado — Acho que precisamos de mais momentos assim. Sinto que temos tão poucos momentos juntos, às vezes chega a ser um pouco deprimente.

O Idiota do Meu Vizinho - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora