A noite anterior foi bem divertida, eu realmente achei muito bom ir ao shopping com o Victor. Mas, a mensagem que eu recebi do Henrique me deixou com uma pulga atrás da orelha — na verdade, o que me deixou curioso foi o fato de ele ter colocado uma foto no perfil, que antes não tinha. Preciso entender o porquê disso. Será que eu também deveria salvar o seu número? Mas, se eu fizer isso..., por que estarei fazendo?
De um certo modo, eu fico feliz que tudo tenha corrido bem. Principalmente no colégio. Dessa vez, estranhamente durante a aula, ocorreu tudo calmamente, diga-se de passagem. Mas isso se deve ao fato de o Henrique não ter ido a aula, mas eu me importo? Nenhum pouco. Eu realmente não me importo.
Eu não posso negar que a calmaria me fez dar conta da sua ausência — eu deveria estar comemorando por ele não ter aparecido hoje no colégio. Apenas os seus amigos estão ali, os quatro. Mas, eles não se manifestaram de nenhuma forma, mas senti os seus olhares vindos em nossa direção. Talvez os seus amigos só sejam mais valentes quando o Henrique está por perto ou ainda, ele quem deve incentivar tudo isso..., não sei sei.
Eu acho que ao menos hoje tive esse dia de paz. Felizmente ele não está aqui hoje para me importunar.
Seria horrível ter de admitir o fato de que eu realmente senti a ausência dele aqui — certamente isso é apenas uma loucura da minha cabeça. Apenas sendo louco eu iria dizer isso.
Hoje nós tivemos três aulas de português (talvez eu tenha gostado ou não, mas certamente não), uma aula de sociologia e uma aula de filosofia e durante todo o período de aulas foi um tanto quanto chato demais, mas eu preferi manter minha atenção sobre os assuntos dados, assim eu não terei dificuldade nas provas.
Felizmente, hoje durante as aulas, eu não morri de frio, graças ao meu novo casaco, que é muito confortável. Esse é um ótimo ponto positivo em meio a um possível caos. Talvez, não sei se será apenas por hoje, mas essa calmaria toda me faz sentir bem. E, também tem o fato de que eu conheci a Bianca, finalmente a conheci. Ouvi falar tanto dela, que durante esses dias fiquei curioso para conhecê-la.
Hoje eu fui o primeiro a chegar na escola, se comparado a Victor e Amanda e a própria Bianca. Quando eles chegaram, eu já estava na sala de aula, sentado no meu lugar de sempre (desde a segunda-feira). Por último quem chegou foi a Bianca e por sorte, ela foi tão amigável quanto a Amanda foi no primeiro dia. Eu acho que valeu a pena ter esperado esses dias para conhecer ela, realmente ela é uma pessoa muito legal. Mas, eu a julgaria como uma pessoa bem séria.
Mas falar ou lembrar de Amanda me faz recordar a conversa que eu tive com o Victor no shopping. Eu realmente não sei o que pensar sobre isso, são tantas as hipóteses do que pode estar de fato acontecendo, mas prefiro não me intrometer em assuntos que não são meus. Se um dia ela quiser falar sobre, então estarei para ouvir e tentar ajudá-la.
Quando chegou o momento do intervalo — o melhor momento de todos —, nós descemos e fizemos todo aquele caminho por dentro da pequena floresta/jardim que tem na parte de trás do bloco a frente o nosso. Ao menos, a grande vantagem dessa parte do colégio, é que de fato, quase ninguém vem aqui, então sempre podemos ficar à vontade — embora esse lugar me faça sentir um pouquinho de receio.
Resolvemos vir os quatro para cá, mas o Victor e Amanda acabaram voltando, para comprarem comida. A Bianca resolveu ficar me fazendo companhia, assim podemos conversar um pouco mais.
— Nós voltaremos logo — Victor disse, saindo às pressas com a Amanda, fazendo o caminho de volta.
— Voltem logo — Eu disse.
Bianca e eu, agora estamos sentados no mesmo banco da vez que eu me sentei com o Victor. Eu realmente agradeço por fazer uma leve sombra sobre os bancos.
— O que está achando de tudo aqui? — Me olhou — Tem gostado ou está achando tudo uma chatice?.
Se a Bianca não estivesse ali me fazendo companhia, com toda a certeza eu ficaria receoso, lembrando do episódio de segunda-feira. Mas, não sei até quando esse momento de paz irá durar.
— Eu ainda não tenho uma opinião formada sobre — Rio abafado e tiro o meu casaco do ombro e ponho no meu colo — Mas eu poderia dizer que..., diferente. Precisarei de mais alguns dias, para que eu possa ter uma opinião a respeito de tudo isso aqui.
— O Victor me contou que o Henrique estava incomodando você, não é? — Seu olhar estava curioso — Aquele idiota, mimado e metido a playboy adora importunar os outros, junto dos seus amigos que são mais burros que uma porta.
— Eu tenho um leve receio de tudo isso.
— Não precisa sentir medo e também não deixe com que ele intimide você. Isso só irá piorar a situação ainda mais.
— Você já esteve em uma situação parecida com essa?
— Talvez sim..., quando eu paro para lembrar, eu me recordo de um certo episódio que aconteceu quando eu estava no sexto ano.
— Poderia me contar? Mas, se você não quiser e não se sentir confortável, não precisa dizer.
— Tudo bem..., hoje em dia isso já não me afeta tanto quanto me afetou antes. O que aconteceu foi que minha colega da turma começou a caçoar do meu cabelo e da minha cor... — Ela disse isso e se formou um breve silêncio.
Eu queria poder saber o que dizer diante disso, mas eu simplesmente não encontro palavras para que eu possa dizer algo. Mas, eu aprendi um pouco sobre essas coisas e comecei a entender que em determinados momentos o melhor é se manter calado e apenas dar o apoio a pessoa — nem sempre falar vai ajudar, às vezes o que acontece é o contrário.
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O Idiota do Meu Vizinho - Livro 1
Romansa- ROMANCE GAY - Mudar de cidade é sempre uma tortura, novas pessoas, novos amigos(?). Gabriel Silva, um rapaz de dezessete anos, que acaba de mudar de cidade, com a sua mãe. O jovem está preocupado em como será a nova vizinhança e seu último ano esc...