GABRIEL:
Tudo o que eu consegui ouvir enquanto andava pelo colégio durante o intervalo foram os comentários de que o Gustavo está com o nariz machucado — fico extremamente feliz por isso. Pensando agora, o Henrique deveria ter quebrado toda aquela cara de cavalo que ele tem, junto com aquele nariz imenso.
Eu pude sentir o seu tom de ameaça e por alguns instantes me senti amedrontado, mas falando com o Henrique, ele fez com que eu me acalmasse um pouco e parasse de pensar nisso — não vale a pena quebrar a minha cabeça por besteira.
Mesmo que eu realmente quisesse que o Henrique fizesse tudo isso, eu sinto um pouco de medo. Tenho muito medo de que ele tente alguma coisa. O meu maior medo é que se junto aos outros dois desgraçados e façam algo contra o Henrique.
O primeiro choque em que tomamos foi quando chegamos na sala de aula e vimos o Gustavo — ele realizou o feito de chegar antes de todo mundo na sala de aula, o que é algo totalmente fora do comum — sentado em um lugar diferente, com a parte do nariz ainda marcada por causa do soco que o Henrique lhe deu. E o mais surpreendente foi ver que o Henrique e o Marcelo se sentaram bem longe dele também — finalmente o Henrique agora vai tomar jeito e se livrar desse demônio desgraçado.
Evitei a todo custo trocar olhares com ele. Não sei se o mais afetado nessa história será ele, o Henrique ou eu. Na melhor das hipóteses, eu espero que o mais atingido seja ele. Já a Bianca, ao contrário de mim, não parou de olhar em sua direção e comentar sobre o ocorrido, além de rir bastante.
Acho que ninguém fala em outra coisa a não ser esse acontecimento.
Mas de qualquer forma, estou feliz em como as coisas estão acontecendo. Henrique e eu agora somos namorados e isso me deixa bem feliz — mesmo que em tais circunstâncias de possível caos. Me falta apenas contar aos meus amigos da outra cidade e eu não sei como eles irão reagir, mas espero que muito bem.
— É uma pena que temos de voltar para a sala de aula — Bianca suspirou ao levantar-se do banco e se espreguiçar — Mas hoje a está realmente linda. Jurei que hoje seria mais um dia tedioso, mas fui surpreendida por boas coisas.
— Sim — Victor concordou — Mas não temos muito o que fazer a não ser fazermos isso.
— Ânimo, gente — Levantei-me, espreguiçando e me esticando o máximo que pude, para tentar espantar a preguiça, mas acabei atraindo ainda ela para mim.
— Vamos logo — Bianca se apressou — Mas acho que esse dia foi o melhor de todos — Ela disse — Eu tenho a absoluta certeza de que nenhum outro dia nesse colégio será tão bom quanto esse — Riu.
— Com toda certeza! Ver o Gustavo com o nariz quebrado está sendo fantástico para mim. A minha vontade era não o ver mais aqui no colégio, mas ver ele daquele jeito me deixa feliz.
— O que será que houve? — Ela questionou — Será que ele brigou com alguém ou um anjo o espancou por mim? Eu juro a vocês... eu sou contra violência, mas eu queria que tivessem feito pior... não ao ponto de mandá-lo para a UTI, mas apenas algo grave... não sei — Deu de ombros — Vocês entenderam.
— Às vezes você me dá medo — Victor falou — Mas eu não lhe julgo nenhum pouco — Mas acho que poderemos saber mais sobre isso.
— Como?
— Pergunte ao Gabriel, ele com certeza sabe disso — Victor apontou para mim.
— Eu não sei de nada — Passei a frente deles, indo apressadamente, mas logo me alcançaram.
— Sabe sim. Você sabe muito bem — Victor disse — Pondo a mão em meu ombro.
— O Henrique bateu nele — Respondi. Acho que não tem por que esconder isso.
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O Idiota do Meu Vizinho - Livro 1
Roman d'amour- ROMANCE GAY - Mudar de cidade é sempre uma tortura, novas pessoas, novos amigos(?). Gabriel Silva, um rapaz de dezessete anos, que acaba de mudar de cidade, com a sua mãe. O jovem está preocupado em como será a nova vizinhança e seu último ano esc...