Capítulo 37 - Jennie

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Não sei o que me fez falar sobre Justin assim

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Não sei o que me fez falar sobre Justin assim. Não mencionei nos bilhetes para Lisa nada sobre a terapia e as lembranças — os Post-its me deixam feliz e acolhida, não vou estragar tudo com as merdas do Justin —, mas, de repente, agora que estou frente a frente com ela, me pareceu natural conversar sobre as coisas que estão enchendo minha cabeça. Ela tem um desses rostos que não julgam, o que faz a gente querer, tipo... compartilhar.

Ficamos em silêncio enquanto o trem corre pelos campos gramados do interior da Inglaterra. Tenho a sensação de que Lisa gosta do silêncio; não é tão incômodo quanto eu esperava, é mais como se este fosse o estado natural dela É estranho porque, quando fala, ela é muito interessante, apesar de ser de uma maneira quieta e intensa.

Ela está olhando pela janela, apertando os olhos para protegê-los da luz do sol, então tenho a chance de observá-la. Os cabelos escuros amarrados para trás, mechas inquietas caindo ao redor de suas orelhas e a franja bagunçada. Está meio mal vestida, com uma camiseta cinza velha e um cordão que ela parece não tirar nunca. Eu me pergunto qual é o significado. Lisa não me parece do tipo que usa acessórios por motivos além dos sentimentais.

Ela me pega olhando e me encara. Sinto um arrepio. De repente, o silêncio parece diferente.

— Como está o sr. Prior? — disparo.

Lisa fica surpresa.

— O sr. Prior?

— É. O tricotador que salvou minha vida. A última vez que falei com ele foi na casa de repouso. — Abro um sorriso irônico para ela. — Enquanto você estava ocupada me evitando.

— Ah. — Ela esfrega a nuca, olhando para baixo, depois abre um sorrisinho torto para mim. É tão rápido que quase não vejo. — Não foi meu melhor momento.

— Hum... — Franzo a testa, fingindo seriedade. — Você tem medo de mim, é isso?

— Um pouco.

— Um pouco! Por quê?

Ela engole em seco, fazendo a garganta se mover de forma bruta, e tira alguns fios de sua franja do rosto. Acho que Lisa está nervosa. É muito fofa.

— Você é muito...

Ela aponta para mim.

— Faladeira? Insolente? Exagerada?

Ela se encolhe.

— Não. Isso, não.

Eu espero.

— Você algum dia já ficou tão ansiosa para ler um livro que não conseguia nem começar?

— Ah, claro. O tempo todo. Se eu tivesse algum autocontrole, nunca teria conseguido ler o último Harry Potter. A ansiedade foi dolorosa. Sabe, tipo, e se não for tão bom quanto os últimos? E se não for o que eu espero?

— É, isso. — Ela aponta para mim. — Eu acho que poderia ter sido... assim.

— Comigo?

— É. Com você.

Olho para as mãos que coloquei no colo, esforçando-me para não sorrir.

— Falando no sr. Prior... — Lisa voltou-se para a janela de novo. — Sinto muito, mas não posso falar sobre meus pacientes.

— Ah, claro. Bom, espero que a gente ache o Johnny White dele. O sr. Prior é um fofo. Ele merece um final feliz.

Enquanto seguimos viagem e mantemos uma conversa confortável, dou olhadas discretas para Lisa do outro lado da mesa. Em certo momento, nossos olhares se encontram no reflexo da janela e ambas desviamos rápido, como se tivéssemos visto algo que não deveríamos.

Começo a achar que todo o incômodo passou quando chegamos a Brighton, mas então ela se levanta para pegar a mochila no bagageiro acima do assento e, de repente, fica de pé, a camiseta sobe, e o elástico preto da cueca Calvin Klein desponta da calça jeans. Volto a não saber para onde olhar. Tento achar a mesa muito interessante.

Um sol fraco brilha lá fora; o outono ainda não chegou. Quando saímos da estação, vejo ruas cheias de casinhas brancas se estendendo à nossa frente, pontuadas por pubs e cafés que todos em Londres pagariam caro para ter na esquina.

Lisa combinou de encontrar o sr. White no píer. Quando chegamos à praia, deixo escapar um gritinho animado. O píer se estende pelo mar azul-esverdeado como se fosse um quadro em um daqueles balneários costeiros antigos, onde pessoas da era vitoriana nadavam com uns maiôs ridículos que batiam nos joelhos. É perfeito. Tiro da bolsa meu enorme chapéu de abas largas, estilo anos 1950, e ponho na cabeça.

Lisa olha para mim, rindo.

— Que chapéu!

— Que dia! — retruco, abrindo bem os braços. — Nenhum outro chapéu faria justiça a ele.

Lisa sorri.

— Vamos para o píer?

Meu chapéu balança quando assinto.

— Para o píer!

Isso foi fofo!

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Isso foi fofo!

Dois capítulos lançados, eu quero aplausos!

Teto Para Duas! - Jenlisa (G!P)  Onde histórias criam vida. Descubra agora