4 - P r i m e i r a L i ç ã o

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Kimberly August – Wallflower

Eu ouvi dizer que você é

Um pouco excêntrico,

Um pouco estranho.

Eu sou apenas um pouquinho tímida.

Chery Baldwin

O meu teste de QI apontou a anos atrás, que eu estava muito acima da média para uma criança de 6 anos. Fui diagnosticada com altas habilidades, portando aspectos acadêmicos, intelectuais, sociais e criativos. Tive que explicar à psicóloga do orfanato, que eu não tinha um talento específico para uma única área do conhecimento.

Eles refizeram o meu teste.

Eu era autodidata. Todo o conhecimento que tinha e que consumia, vinha exclusivamente da minha intensa e abrasadora curiosidade.

Três anos depois da minha chegada ao segundo orfanato, eles montaram uma sala de informática, então passamos a ter aulas alguns dias na semana. Foi lá que meu interesse pela ciência da computação surgiu, em seguida pela engenharia da computação e depois pela tecnologia da informação. Em 2 anos eu já havia surfado por todos os campos de conhecimento das três áreas de atuação e me aventurei a colocar tudo em prática.

Estudar, planejar e criar foi o que eu fiz nos últimos anos.

Embora eu goste disso, não era o que eu queria quando resolvi tentar uma bolsa em Harvard e em outras universidades. Artes e ciências era o que melhor se encaixava no meu perfil. Eu teria a oportunidade de me dedicar ainda mais para a educação geral, artes e humanidade e a artes e ciências. Algo que eu já fazia há alguns anos.

Ouço o professor de Estudo do Passado, continuar seu monólogo sobre a idade moderna e, como a cultura da época, modificou e acrescentou muito a pintura e a arquitetura. Seguro com muito empenho um bocejo, mas ele me escapa ruidoso mesmo com a minha tentativa.

A sala com lugares dispostos de forma crescente e em degraus está cheia para o dia em questão. Quando o silêncio se sobrepõe acima do meu ruído involuntário; vejo lá embaixo — à frente da sala — o professor troncudo com uma camisa social abotoada até o pescoço me encarando aborrecido.

Antes que conseguisse pedir desculpas pela quinta vez desde que a aula começou, o homem bradou irritado.

— Srta. você pode nos poupar da sua pouca vontade de estar na aula de hoje se retirando da sala.

Ele cruza os braços com um livro em uma das mãos. Seus braços gordos parecem quase não conseguir concluir o movimento. Minha boca permanece entreaberta pronta para soltar um argumento. No entanto, parece muito mais sensato ir à cafeteria procurar um café forte e sem açúcar para espantar todo esse cansaço mental.

Junto meus livros, minha bolsa e desço os degraus sentindo todos me olhando. Sei que a maioria está julgando o fato de eu ter muita facilidade de aprender assuntos diversos, como se estivesse fazendo pouco caso deles. O que não é verdade. Meu cansaço se deve a um homem cujo os olhos azuis tem me assombrado sempre que vou dormir.

Não tem sido nada agradável.

Quando passo pelo professor ele diz:

— Quero um artigo detalhado sobre os conceitos artísticos instituídos na época, em minha mesa, na próxima quarta-feira.

Eu não lhe respondo e me encaminho para fora da sala.

Depois dos primeiros meses na universidade, isso se tornou um pedido corriqueiro dos professores. Principalmente quando notavam que eu dominava o assunto por completo. Era uma forma de me fazer ficar ocupada e rever tudo o que já sabia.

DESEJO ASSASSINOOnde histórias criam vida. Descubra agora