DESEJO ASSASSINO

39 - M o r t e Q u e D a n ç a

Christina Aguilera - Fall in line

Mostre um pouco de pele,

faça ele te deseja

Chery Baldwin

Estávamos parados numa ruela escura, a uns quinhentos metros do clube privado. Jacob está a caminho do clube e, ao seu sinal, eu irei. Só conseguiríamos nos aproximar de Russell Butler nos seus clubes, ele sempre os visita e quando planejei nosso itinerário, essa era a única lacuna que havia para preencher, mas é claro que Riley já sabia.

Para poder matá-lo, eu teria que entrar no clube, sendo esse exclusivo para homens, eu teria que ir disfarçada.

Diante de todo o contexto ficou claro que eu ia como uma das prostitutas do local. Quando consegui sair do quarto hoje, abri a caixa preta de Riley, então minha suspeita apenas se confirmou. Havia uma peruca loira e lentes, é claro que para esse evento, o espartilho vermelho que ele me obrigou a comprar era o traje apropriado.

Riley está irritado, muito irritado. Só abriu a boca para falar comigo quando me entregou uma ampola de plástico com o veneno que eu devia usar para matar Russell Butler.

Sua irritação está me deixando nervosa, porque durante todo o dia ele permaneceu presente no meu quarto saindo apenas algumas vezes. Me fez comer quando recusei, trouxe remédios para os enjoos e afagou minha nuca quando minha cabeça parecia prestes a soltar do corpo. Me deixou a par de como saímos da boate, já que eu não lembrava de nada depois de ir ao bar.

Diante de todo o seu cuidado eu estava muito melhor, sua escolha de me impedir de vir foi além de inesperado um choque. Sua atitude me fez questionar se ele estava mesmo preocupado. Agora só sei que minha afronta o irritou, mas esse contexto é comum.

Estico os olhos para ele de novo, está todo vestido de preto. Não sei exatamente o que estou procurando, talvez seja uma forma de me desculpar, embora eu não saiba o porquê. Talvez seja por fazê-lo jogar suas horas de preocupação e zelo no lixo, se é que elas existiram de verdade. Ou talvez por ter estragado as coisas quando elas pareciam minimamente razoáveis.

— Vou começar a me desintegrar se você não parar de me encarar com tanto afinco.

Sua voz é rude. Eu agradeço a falta de iluminação por esconder meu rosto vermelho.

Seus braços cruzados e a expressão fechada soam como se estivesse pronto para discutir sobre os motivos que o lavariam a me matar. A sua face irritada de traços sombrios que antes me fazia encolher de medo, agora me encanta de uma forma perversa. Eu poderia passar horas observando-o.

— Devo pedir desculpas?

A pergunta escapa e, embora devesse parecer sincera, acaba saindo provocativa. Evito bufar diante da minha falta de jeito. É claro que ele não responde e isso me faz suspirar de alívio. Eu sei lidar com o Riley carrancudo e mal humorado, mas não sei lidar com o Riley que demonstra interesse e preocupação. Esse outro Riley me faz questionar coisas que eu não deveria.

— Se você não me explicar o que fazer, Jacob com certeza vai.

Não é uma ameaça, é uma afirmação. Tenho a impressão de que Jacob não me deixaria cega as ações que devo tomar, até porque isso implica diretamente no seu trabalho. Ou talvez eu seja positiva demais.

— Ele não vai. — Riley retruca ainda de braços cruzados, recostado de modo confortável no banco estofado. — Você vai entrar como uma dançarina recém contratada. Vai substituir uma outra que dizem ter sumido, mas provavelmente foi morta.