Billie Eilish - Ocean eyes
Quando você me olha com esses olhos de oceano
Eu estou assustada
Eu nunca cai de tão alto
Chery Baldwin
Faz dois dias que fugi da casa de Riley.
Depois de dormir por quase todo o domingo no quarto que supus ser de hóspede eu acordei, devorei a comida que foi deixada na mesa de cabeceira, troquei a roupa suja e sai de lá sem tocar em nada. Corri pelo seu gramado descalça e com um cumprimento sôfrego passei pelos seguranças.
Quando cheguei ao apartamento e pude respirar com alívio, não conseguia discordar de Riley, mesmo fazendo isso com frequência.
Eu estava realmente horrível.
Não fui à faculdade ontem. Pedi ao Evan para me liberar do trabalho hoje. Faltei ao treino, nem fui à escola de dança. Passei horas de molho na banheira pequena cheia de gelo e quando não aguentei o frio, me embrulhei e coloquei gelo no rosto. O inchaço diminuiu, mas os hematomas ainda estão escuros e o corte no supercílio ainda está aberto.
Esparramada no sofá de dois lugares - o único do apartamento - observo as marcas de tinta manchadas no teto. Seguro a bolsa de gelo no olho esquerdo e continuo ouvindo a pequena televisão com o noticiário local. A voz da repórter é abafada pelo toque do meu celular. Eu ignoro e permaneço imovel, ainda é desconfortável andar, mesmo tendo passado um dia inteiro deitada.
O som continua por um tempo e então para. Suspiro aliviada esperando não ser Kilian, mesmo sabendo que ele é a única pessoa que me liga. O telefone volta a tocar e rangendo os dentes, me levanto para desligar.
Vou até a mesa da cozinha e quando vejo a tela piscar, o identificador diz: Sr. Donovan. Meu estômago se revira. A última vez que o vi, ele estava de pé na penumbra, olhando para mim. Atendo rápido, já que não tive notícias nem dele e nem de Samuel.
- Oi. - Minha voz sai mais ansiosa que o esperado.
- Onde você está? - a voz de Riley ruge em desagrado. Deve estar aborrecido por não ter sido atendido de imediato.
- Bom dia, Sr. Donovan - saúdo ignorando sua grosseria.
Sua respiração é calma e o silêncio permanece do outro lado da linha.
- Ligando para confirmar se ainda respiro, suponho? - minha boca fica incontrolável quando se trata de Riley. - Para seu total desalento, ainda estou viva.
Solto o ar como um sopro e engulo em seco. Não gosto de me sentir nervosa, costumo falar muito para silenciar minha mente. Ficar nervosa por Riley é ainda pior, eu não só falo muito, como falo tudo que vem à cabeça.
Ele não me responde e reviro os olhos.
- Estou no meu apartamento. - respondo por fim.
- Você tem 10min para ficar pronta.
- Pronta para que?
- Estou a caminho.
A linha fica muda e não consigo lhe questionar sobre o que está acontecendo. Olho o aparelho e meus ombros pesam. Sinto vontade de retornar e dizer que não, mas a paciência de Riley tem um limite e se eu ultrapassar ponho tudo a perder.
Jogo o celular na mesa e me arrasto para o quarto. De dentro da cômoda retiro uma calça jeans preta, um moletom cinza dois números maior que o meu. Depois de vestida, calço o all-star azul.
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DESEJO ASSASSINO
RomanceSinopse. Essa não é uma história sobre uma pessoa que se salva, mas de alguém que escolhe se perder. Às vezes a liberdade se encontra no exorcismo de velhos fantasmas. Para Chery seria assim, um evento único que findaria seus anos aprisionada no ep...