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Jacobe Lee - Demons

No profundo da minha estrutura

Eu sinto uma ruptura

De onde ela deveria estar

Tirou o fôlego de mim

Agora eu quero respirar

Riley Donovan

Uma batida de coração é o tempo que leva para meu cérebro entender que ela se jogou no lago. Seu nome entala no meio da minha garganta e meu corpo reage letárgico pela incredulidade.

Corro em sua direção.

De repente tem um aperto no meu estômago tão intenso, como estar em queda livre. Antes de chegar ao final do deck um solavanco me arrasta para baixo e eu mergulho na água gelada sentindo os pedaços de madeira podre me acompanharem. O lago é fundo, mais do que aparenta, me recupero e rápido procuro a superfície.

Alcanço o ar e busco por folego, ainda estou abaixo da estrutura, a pouca luz que tenho vem da casa em chamas. Me lanço em direção a lugar onde ela caiu. Meu coração bate com tanta força que tenho medo que ele pare antes que eu consiga alcançá-la. Cada segundo se torna precioso enquanto eu bato os braços com pressa.

Já além do deck, eu mergulho no lago e minha pouca visão me deixa mais desesperado. Meu pulmão cheio de ar parece que vai explodir, ou talvez seja meu coração descontrolado.

Chery.

Mergulho ainda mais sentindo uma leve correnteza passar por mim, luto contra a escuridão tentando encontrá-la.

Chery.

As linhas turvas do seu corpo aparecem a poucos metros de mim. A corrente que parece leve para mim, consegue carregar seu corpo sem dificuldade. Agarro o primeiro vislumbre dela que enxergo e puxo seu corpo para mim com agonia, lutando contra o ar que parece ser consumido pelo meu desespero.

Nos levo para a superfície o mais rápido que consigo. Quando a alcanço, puxo o ar com força vendo que estamos a pouco mais de três metros do deck. Volto a nadar com o corpo de Chery em meu braço esquerdo. Não quero imaginar que está desacordada, que seu coração não bate.

Chery.

Leva um minuto inteiro para eu alcançar a margem do lago. Nos puxo pela lama e quando consigo me firma nas pernas com seu corpo mole, sinto meus joelhos tremerem como a tempos não sentia. Na verdade, todo o meu corpo está tremendo. A passos largos alcanço a parte seca da margem e coloco Chery no chão. O aperto no estômago se intensifica, retiro os cabelos molhados do rosto machucado, não procuro seu pulso.

Inicio a insuflação, depois de duas vezes, começo a massagem cardiaca com as mãos em seu tórax conto 15 compressões. Chery não reage, eu sigo a insuflação sem verificar sua pulsação, me recuso a saber que seu coração não bate. Me recuso a saber que ela não está aqui.

— Chery...

Chamo seu nome em meio a massagem cardiaca, ela precisa voltar. Ela não tem mais essa escolha, eu lhe roubei essa opção. Ela não reage, não se move, os olhos não abrem. A fagulha de dor que estava no meu estômago parece se espalhar por todo o meu corpo.

Repito o processo e quando começo a massagem cardiaca, meus olhos ficam turvos. Meu coração esta descarrilhado. Meu peito arde e o ar me falta.

— Volta... — peço, massageando seu peito. — Volta!

DESEJO ASSASSINOOnde histórias criam vida. Descubra agora