DESEJO ASSASSINO

34 - C o m o ?

Camila Cabello - Shameless

Minhas emoções estão à mostra,

elas estão me deixando louca.

Chery Baldwin

Quando aconteceu? Foi a pergunta que eu me fiz, mas talvez eu estivesse fazendo a pergunta errada. Acho que a pergunta certa seria: como aconteceu?

Foi o que eu me perguntei ontem quando voltamos do passeio. Essa pergunta me tirou o sono. Também perturbou minha cabeça durante o café da manhã.

Como eu me apaixonei por ele? Não estava no plano, mas eu tinha certeza que era isso. Os sintomas retratados nos livros de romances são borboleta no estômago e incapacidade de mudar as rotas do seu próprio pensamento. Acontece quando você não consegue, de forma alguma, esquecer a pessoa que lhe desperta esse sentimento.

Mas isso sempre esteve aqui desde que eu o vi pela primeira vez, o que é impossível. Eu não poderia me apaixonar por ele. Eu não sabia o que esperar, mas acho que doces e flores deviam estar no pacote. Então como eu poderia ter me apaixonado por ele, quando tudo o que tinha a vista era ódio e desprezo? Que tipo de pessoa era eu para sentir meu coração falhar toda maldita vez que ele olhava nos meus olhos?

Ele tem razão, eu sou uma criatura estúpida, principalmente porque agora eu espero que ele me retribua. Mas como poderia, eu não faço parte do seu mundo, de nenhum dos dois mundos, afinal. Muito pior que isso, eu era sua inimiga.

Acho que não há como mudar isso já que não posso deixar de sentir, no entanto talvez fosse possível ignorar.

— Chegamos.

Sua voz me tira do devaneio evasivo. Quando dou por mim, Riley já está ao redor do carro caminhando em direção a minha porta. Procuro me orientar e solto o cinto assim que ele abre a porta.

— Devo me preocupar com seu excessivo silêncio? — ele pergunta assim que me ponho de pé sobre o ladrilho diante do nosso novo hotel.

Olho tudo o redor com interesse, lhe evitando. Na avenida há carros parados diante do sinal e na minha direita, um rio. A viagem de Baltimore até a Filadélfia foi de apenas duas horas pela rodovia. Durante todo esse tempo, eu estive em silêncio. Estava receosa de falar demais e acabar dizendo coisas estúpidas como: acho que estou apaixonada por você.

— Não há o que temer Sr. Donovan — sorrio para a vista do rio, evitando descaradamente olhá-lo. — Nossas encomendas a partir de agora são mais complexas, porque não me conta o que vamos fazer hoje?

Passo por ele parando longe do carro, vendo-o fazer o caminho inverso para ir pegar nossas bagagens. Observo o jeans preto abraçar suas pernas fortes e a camisa polo em um tom de azul quase noturno lhe apertando o braço conforme move as bagagens, as cores destacam os olhos azuis. O cabelo escuro e bagunçado se destaca assim como a barba já espessa.

Evito suspirar com sua visão casual e normal caminhando em minha direção. Isso sempre esteve aqui, então o que mudou? O que quer que tenha me fisgado dessa forma, não pode pôr tudo a perder.

— Hoje vamos à boate em que Enrico Guzman mantém certa frequência. — ele responde minha pergunta caminhando para a entrada do hotel.

— Você vai me falar mais sobre como vou fazer as coisas ou devo começar a insistir no assunto?

Questiono seguindo as suas costas largas. Ele não responde e logo para diante da recepção do hotel.

Antes que eu diga qualquer coisa irônica, avisto Jacob se erguer de um dos sofás. Beleza devia ser requisito extra para matar pessoas. Jacob tinha um ar sério e muito fechado, tal qual Riley. Ambos destoam da personalidade divertida e libertina de Samuel e Liam. Como era possível trabalhar bem juntos se eram tão singulares um do outro? Essa era uma questão que eu não conseguia responder.