Lana Del Rey - Lost at sea
Felizmente
Felizmente
Eu fui encontrada
Perdida no mar
Chery Baldwin - Kristen Grey
A casa é estranha.
Não estamos em Boston, é o que acho, os últimos dias foram confusos. Não lembro de como cheguei aqui. Tudo o que lembro é de acordar e vê Riley sentado em uma poltrona marron, com as pernas esticadas e as mãos entrelaçadas na barriga. Depois de falar, ele levantou e saiu. Eu não lembro do que ele falou.
Achei que estivesse sonhando. Eu lhe agarrei o pulso, sentindo-o forte, vivo.
Era ele mesmo.
Também pensei que talvez eu tivesse morrido e Deus tivesse sido generoso em me colocar no paraíso.
Mas eu não morri. De novo.
Paro diante da piscina da casa e o vento do final da tarde me faz encolher, sinto frio mesmo usando uma calça moletom e uma camisa de Riley.
Quando o vento atinge a água da piscina fazendo os reflexos de céu tremeluzir, eu me questiono se talvez, o meu inferno seja permanecer viva. Quem sabe eu não seja ruím demais para morrer.
Não posso ser complacente, não depois das escolhas que fiz e principalmente de não me arrepender delas. Mas ainda estou com medo, medo de acordar e descobrir que Riley não me quer, que está com nojo de mim e das coisas que fiz.
— Está frio aqui fora, doce Mors.
A voz profunda me alcança, me atinge bem no meio do peito. É como ser sacudida de dentro para fora. Ele é sempre tão silencioso. Então ele surge à minha direita, com uma calça moletom cinza e uma camiseta preta que deixa seus os braços expostos. Os mesmos braços que me acolheram naquela banheira.
Puxo o ar com força e o cheiro de capim, limão e canela ainda é o mesmo. Exatamente o cheiro da casa do lago, onde minha mãe fazia torta de limão e meu pai tomava cappuccino com canela extra, eu lembro de sempre estar suja de terra e mato ao sentar a mesa.
A cozinha ficava com cheiro de limão, capim e canela.
Esse era o cheiro da minha época feliz, agora esse cheiro pertence a ele.
Mesmo com medo, procuro os olhos de Riley, e assim como ontem, ainda é o mesmo azul profundo. Olhar para os olhos dele agora é como ver o céu escuro a noite, há um pequeno brilho intenso, como estrelas.
Decido que talvez se falar, ele decida concretizar meus novos pesadelos, onde só restou a vida, sem ele. Vazia e solitária, como sempre foi.
— Ele invadiu a minha casa, estuprou a minha mãe grávida e torturou a mim e aos meus pais por causa de um carregamento de drogas que o meu pai nunca soube da existência. — a minha voz ainda é rouca e os olhos de Riley ainda são intensos. — Ele me espancou e me deixou para morrer no fogo. Eu sobrevivi, por muito pouco. Eu não falei com ninguém, eu estava com tanto medo. Então eu fui para o orfanato, mas ele me encontrou. Achei que o meu silêncio fosse suficiente para me salvar, mas não foi.
O vento do fim de tarde me faz estremecer, mas Riley mal se mexe.
— Ele incendiou um orfanato, Riley. — minha garganta seca, mas eu sigo olhando para ele. — Matou 94 crianças, entre 7 e 10 anos. E eu estava na biblioteca, no meio da madrugada. Elas gritaram tanto, elas gritaram por socorro, elas imploraram. Eu vi todas elas queimarem, eu vi ela queimar até o prédio virar cinza. E ela era a menina mais otimista e sorridente que conheci, e durante todos os dias em que esteve comigo, Chery Scofield Baldwin acreditou que eu ficaria bem.
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DESEJO ASSASSINO
RomanceSinopse. Essa não é uma história sobre uma pessoa que se salva, mas de alguém que escolhe se perder. Às vezes a liberdade se encontra no exorcismo de velhos fantasmas. Para Chery seria assim, um evento único que findaria seus anos aprisionada no ep...