31 - E s p e t á c u l o M ó r b i d o

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Britney Spears - Toxic

Tomei um gole do meu próprio veneno

Lentamente está tomando conta de mim

Chery Baldwin

A morte é uma coisa peculiar.

É o que eu tenho pensado desde que saímos do resort-hotel em meio às especulações do ocorrido ao filho do governador de Delaware, John Carter. Noah foi encontrado por volta de 1h e 24 min da madrugada de hoje. Porque o companheiro com quem iria dividir o quarto com ele bateu várias vezes na porta e não obteve resposta.

Ao fazer o check-out na saída, Riley e eu fomos questionados se não ouvimos nenhum pedido de socorro. Negamos. Ouviu-se dizer que estava claro ter sido uma overdose. Eu fiquei muito surpresa e abalada, ou fingi o melhor que pude. Falei à recepcionista sobre como a morte era peculiar.

Quem imaginaria que uma rapaz tão jovem pudesse partir tendo toda uma vida pela frente?

Riley informou que estávamos muito ocupados para notar algo fora do quarto. A mulher de olhos redondos riu e eu quis me enterrar pela forma como ela interpretou tudo. Com a sua mágica de bilhões de dólares, Riley mandou que alguém trouxesse um carro da sua companhia e agora estamos a caminho de Baltimore.

Eu mal consigo olhar para ele, mesmo sendo isso que eu quero desde que o sol nasceu. Mas ele saberia, Riley me lê como se eu fosse o seu enigma favorito. Isso deixou de me assustar a tempos; agora tenho apenas receio do que ele vai ver em mim.

A noite passada foi como entrar em uma realidade alternativa, onde eu quase morri sufocada pelo pânico. Foi como voltar no tempo em que tudo que existia em mim era destroço e desespero.

Não quero que ele veja que a morte cobrou um preço simbólico pelo meu ato hediondo. Ela tomou de mim o que restava da minha alma, aquele pouco que me fazia acreditar que talvez eu pudesse ser melhor. Agora o monstro que rasteja sob minha pele se sente capaz de me destruir para chegar ao final disso. E eu sequer me importo.

— Vai soar absurdo, mas eu não sabia que odiava seu silêncio até agora.

A voz profunda de Riley preenche o carro e me puxa para longe da parte de mim que se sente perdida. Eu o olho vendo os braços expostos para o sol, dourados. O óculos escuro cobre os olhos azuis, o cabelo castanhos balançam disforme por causa do vento.

Quando foi que ele deixou de ser assustador e passou a ser só atraente?

— Absurdo não consegue ser suficiente. — comento. — Achei que você gostasse de me ver em silêncio.

— Eu gosto, mas nunca espero que você de fato esteja em silêncio.

Puxo o ar com força lembrando de tudo o que foi falado ontem. Das coisas que eu queria dizer e não disse, porque no fim não vai mudar nada. Ele vai continuar sendo o desastre que eu procurei e eu vou seguir sendo a catástrofe que o destrui.

— Você me deixou em dúvida — eu o assisto concentrado na estrada — Devo agradecer ou ficar com raiva? Esclareça se possível, Sr. Donovan.

Vejo sua boca se esticar para o canto. Seu sorriso de escárnio o deixa muito sexy embora seja odioso. Lembro do seu cheiro, whisky e capim-limão da noite passada. Do seu coração batendo forte e a respiração quente. Foi como uma brisa de ar depois de anos presa em uma caixa sem janelas.

— Noah Carter abusou de uma garota de 16 anos, há 1 ano atrás. Ele a drogou e violou o corpo dela. O caso sequer foi investigado, todas as pessoas que puderiam testemunhar, alegaram que ela usou droga por conta própria na noite em que ocorreu o fato; que estava consciente de todos os seus atos. Não foram feitos exames para comprovar o abuso. O caso sequer veio a público. O pai da menina é um empresário imobiliário de Delaware e encomendou a morte de Noah.

DESEJO ASSASSINOOnde histórias criam vida. Descubra agora