DESEJO ASSASSINO

1 - P r i m e i r o E n c o n t r o

Ariana Grande - Dangerous Woman.

Não preciso hesitar

Tomando o controle deste tipo de situação

Estou pronta e segura

Completamente focada

Chery Baldwin

Talvez eu morra.

É fim de verão e pelas mudanças no ar, vai chover em breve. Se isso acontecer será uma morte com um quê melancólico.

Caminho rápido pelas ruas de Boston sentindo o coração bater errático. O centro da cidade está movimentado. Carros, buzinas, pessoas falando alto. Atravesso o sinal correndo. O ônibus me deixou a boas quadras de distância do meu destino final.

Na esquina da avenida seguinte, avisto o restaurante. O prédio é sofisticado, espelhado e luxuoso. Meu estômago dá algumas voltas pouco confortáveis. Nunca estive em uma montanha russa, mas tenho certeza que a sensação é a mesma.

Estou quase desistindo, por isso, avanço pouco elegante pela porta de entrada. As pessoas de fora me olham desconfiadas. As pessoas de dentro me olham como se eu fosse um bichinho perdido. Estão avaliando se eu deveria mesmo estar em um local tão cheio de requinte.

O ar sai áspero dos meus pulmões. Pré-julgamentos estão inseridos na nossa sociedade desde antes de Cristo.

De toda forma, não ligo para as pessoas ou para a sociedade em geral. Em todo o caso, é provável que eu não devesse estar aqui. O hostess do restaurante - um senhor grisalho como imagino que deva ser a aparência estereotipada de um mordomo - me mostra um sorriso educado, mas pouco receptivo.

- Pois não, senhorita?

O homem mantém a postura ereta e a voz educada ao se dirigir a mim. Me olha com atenção.

- Eu tenho uma reserva, no nome de Cherry Baldwin. - falo ao ajustar a bolsa de alça longa no ombro esquerdo.

Olho rápido o relógio no pulso direito. Ele indica 10min de atraso que me deixam ainda mais nervosa.

- Tudo certo Srta. Baldwin - o homem sorri mais largo, deixando as rugas ao redor da boca mais visíveis - Seu acompanhante já chegou e está na mesa à sua espera.

A informação acerta algo dentro de mim que me arrepia dos pés à cabeça. Uma bola densa cai pesada em meu estômago, como uma pedra em um lago.

Afirmo com a cabeça fingindo uma tranquilidade que não tenho. Uma que eu usei durante as últimas semanas em que estive planejando todos os detalhes desse encontro.

O senhor indica o caminho e sai a frente ganhando espaço entre as mesas ornamentadas recheadas de pessoas ricas e bem vestidas. O frio na barriga começa a ficar severo, como um enjoo. Vamos avançando pelas as mesas mais distantes do fluxo de pessoas até chegarmos às áreas mais restritas. Paramos em uma mesa próxima dos janelões de vidro, o que nos dá visão do fluxo cotidiano da avenida.

- Rum-hum.

O velho pigarreou se postando ao meu lado, seu movimento me deu a visão completa do homem sentado à mesa à minha espera.

Me vejo cara a cara com o Sr. Prizrak. O homem que procurei com afinco por quase um ano. O assassino a quem todo o submundo do crime teme e venera. O fantasma procurado por todo o sistema policial do mundo.

O velho fala me tirando do topor.

- Senhor, sua acompanhante.

Com um movimento delicado de mão apontou para mim. Quando ele fasta uma cadeira, tenho o sinal para sentar.