King Kavalier - Bad drugs
Você é como drogas ruins, sim
Você vai para a minha cabeça,
Mas me fode em vez disso
Riley Donovan
Me pergunto em que momento destratar Chery se tornou algo que me deixa enjoado? Certamente foi depois do ringue de luta, quando ela deixou de ser um infortúnio e passou a ser uma coisa frágil que podia quebrar a qualquer momento.
Suspiro tentando esquecer essa linha de pensamento.
Ponho os arquivos que ela deixou em um único monte. Me levanto e caminho para um dos armários de bebidas. Faz poucos minutos que ela saiu e o silêncio do galpão me incomoda. Pesco um copo e uma garrafa de whisky e volto para a mesa, encho o copo pela metade e deixo a garrafa aberta.
Eu não costumo beber, mas sinto que se não fizer isso, minha cabeça vai explodir. Não sei definir se o meu nível de estresse é por causa do trabalho ou de Chery. Hoje definitivamente é um péssimo dia.
Dou um gole generoso e sinto a garganta arder. O líquido âmbar me lembra os olhos dela. Quando está irritada, eles ficam escuros como whisky.
Já passamos da metade do prazo que ela definiu. Embora ela tenha mostrado todos os sinais de que vai fugir e abandonar essa loucura, ela não se moveu. Na verdade, Chery deu largos passos em minha direção, está estagnada diante de mim.
— Bebendo chefe?
A voz barítono de Liam invade o espaço e seus coturnos pesados ecoam pelo galpão.
— Você tem alguma objeção? — questiono sem erguer os olhos.
Vejo pela minha visão periférica ele para diante da mesa. Mas continuo encarando a garrafa.
— Nenhuma chefe. — ele não se move para sentar. — Posso fazer companhia?
Ele pergunta tranquilo, como se a minha resposta fosse impedi-lo de beber.
— Claro.
É tudo o que digo antes de dar outra golada no copo.
— Vai com calma meu amor. — a voz melosa de Samuel irrompe pelo local. — Assim você fica bêbado antes de terminar esse copo.
Reviro os olhos e não lhe respondo. Ocasiões onde eu bebo são raras. Nunca consumi álcool ao ponto de perder o controle ou ter ressaca. Bebo apenas para relaxar. No nosso conjunto de quatro, eu sou o único que nunca consumiu as bebidas do galpão.
Até agora.
— Não fode. — resmungo consumindo outro gole generoso.
Paro de encarar a garrafa e olho para Samuel diante de mim. Liam se senta entregando um copo para ele enchendo o seu de whisky. Samuel o acompanha em seguida. Eu sigo o exemplo e volto a encher o copo pela metade.
— O que aconteceu? — Samuel questiona sério quando eu coloco a garrafa na mesa.
Eu o olho, mas não respondo. Ele sabe qual é o meu problema, todos eles sabem. Por mais absurdo que seja, ela se tornou um problema de todos nós.
Samuel chegou a alguns dias e ao investigar a oficina, descobriu quem era a pessoa que telefonava para Chery. Parece que o rapaz chegou a poucos meses no estado e pertenceu ao mesmo orfanato que ela. Órfão de mãe e pai, foi pro orfanato e também foi transferido junto com ela depois do incêndio.
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DESEJO ASSASSINO
RomanceSinopse. Essa não é uma história sobre uma pessoa que se salva, mas de alguém que escolhe se perder. Às vezes a liberdade se encontra no exorcismo de velhos fantasmas. Para Chery seria assim, um evento único que findaria seus anos aprisionada no ep...