25 - D a n c e

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Demi Lovato - Wildfire

Amor, você é tudo que eu preciso venha agora,

Me liberte como um fogo incontrolável.

Chery Baldwin

Estou ofegante, mesmo assim não pauso os movimentos.

Uso a dança para esquecer como os dias passaram rápido, logo vou entregar as encomendas a ele. Mantenho o foco na música. Apesar de ser péssima nisso, funciona. Quando estou aqui é como um universo paralelo. Não há Riley, destruição ou pesadelos.

Estico as pernas, jogo os quadris e movo os braços como Sondra me ensinou. Depois de quase dois meses isso ainda é difícil, ainda mais com os saltos altos. Tenho que manter o equilíbrio para não cair e torcer o tornozelo. Aprender a andar de saltos não significa que eles ficam mais confortáveis.

A música pulsa e vibra e eu sinto as ondas sonoras como as responsáveis por mover meu corpo de forma lenta. Me mantenho focada nos movimentos e na música, me jogo contra um poste de aço e o uso como apoio. Com impulso eu giro até escorregar ao chão abrindo as pernas jogando o tronco para trás.

A posição nem de longe é confortável, mas já tive dias piores.

Me ergo sentido todos os músculos reclamarem. Sondra é bem exigente, tirando seu lado professora, ela é sempre um amor comigo. Ela me pergunta das aulas de boxe desde que expliquei sobre meus hematomas. Eu minto, como sempre faço.

Às vezes ela me mima como uma mãe coruja, isso me deixa perdida e chateada em alguns momentos.

Vou atrás da liga de cabelo que voou durante a dança. Pego a liga preta e junto os cabelos no alto da cabeça para amarrá-los. Quando viro para o espelho, meus braços param no meio do processo.

Riley está recostado a um dos postes, de braços cruzados, relaxado.

Meu estômago se contorce e sinto minha espinha gelar. Ele me olha pelo espelho. É intenso e feroz. Ele estava me assistindo? A pergunta faz coisas esquisitas com o meu peito, com meu estômago. O rosto impassível está coberto por uma barba rala de poucos dias. Minha garganta seca e eu ofego antes de virar para ele.

— Sr. Donovan. — eu procuro as palavras, mas elas fogem.

De repente toda a minha habilidade de comunicação se foi. Deve ser a primeira vez que fico sem fala diante dele.

— Chery. — ele diz simples.

O blazer cinza está esticado no braço e as pernas se cruzam de forma despojada e relaxada. Ele veio do escritório, ainda está de gravata. Me questiono quando foi que vê-lo se tornou algo que desperta coisas esquisitas em mim?

— O que está fazendo? — questiono incerta sobre o que quero saber e o que quero como resposta.

— Olhando para você.

A resposta é impertinente.

Suas palavras fazem meus ombros caírem. Riley consegue assumir vários papéis em intervalo de minutos. Ela sai do empresário, vai pro assassino e migra pro idiota irônico.

— Aposto que se você não falasse, eu nunca seria capaz de descobrir. — solto o comentário apertando os olhos.

— Aposto que não. — então seus lábios se esticam de forma leve e quase imperceptível. Um sorriso mínimo se forma e faz meu coração saltar.

Antes que eu consiga expor outra pergunta, a voz grossa de Riley me interrompe.

— Dance.

A palavra me acerta com força me deixando atordoada.

DESEJO ASSASSINOOnde histórias criam vida. Descubra agora