DESEJO ASSASSINO

55 - A s ó s

Ruelle - Madness

Sinta a fúria chegando

As resistências estão se esgotando

Nenhum lugar para correr de todo esse estrago

Nenhum lugar para se esconder de toda essa

loucura, loucura, loucura

Loucura, loucura, loucura

Chery Baldwin

A maioria dos carros que passam pela esquina em que estou, devem pensar que sou uma garota de programa. O que de fato não é um problema, desde que não parem para me abordar.

O vento da madrugada me atinge firo, mas as batidas fortes do meu coração bombeiam o sangue de forma tão frenética, que é como se eu estivesse em uma maratona. Desenterrei da mochila o vestido vermelho que Riley me deu, os saltos fazem um som oco no concreto da calçada.

Tudo o que tenho comigo é uma bolsa que comporta com custo a minha arma e um sedativo.

Não deve demorar para ele aparecer, então continuo escondida nas sombras e fico atenta a avenida na esperança de ver a SUV preta surgir, trazendo consigo o meu maior monstro.

Morgan Trent é dono de uma grande transportadora da cidade, sua empresa costuma fazer tranporte de cargas variadas em caminhões. Segue rotas pelo estado e atravessam o país. Foi assim que ele conseguiu ocultar o fato de que é um dos maiores transportadores de drogas do país. No submundo é conhecido como Érebo, Deus das sombras.

A polícia tem mantido a investigação aberta por anos desde que os feitos de Érebo cresceram.

Ele tem um funcionamento estratégico de logística na sua empresa, que consegue fazer esse processo e enganar a fiscalização. Meu pai era um dos gerentes de logística, mas pelo que eu descobri, ele não sabia sobre essa fraude nos transportes.

Meu pai fez uma troca de rota no último segundo de um caminhão que tinha um carregamento de droga. Alguém próximo de Trent vazou a informação da troca de rota, o caminhão foi encurralado, a droga foi levada e a mercadoria oficial foi deixada para trás. Prejuízo de 4 milhões em drogas.

Meus pais foram mortos porque ele achou que meu pai havia roubado suas mercadorias ilegais.

Nunca descobri quem vazou a informação.

Mas eu descobri todo o esquema de Trent, um pouco antes de sair do orfanato para Havard. Eu tinha certeza de que ele seria preso ao mandar meus relatórios para a polícia. Em troca da minha busca por justiça eu descobri que ela não vale nada no mundo de quem tem dinheiro e poder.

Foi assim que descobri que se eu queria puni-los eu teria que fazer da forma mais sombria e suja, teria que matá-los eu mesma.

Respiro fundo ao tempo em que observo o SUV surgir com os faróis baixo pela avenida. Conto até cinco sentindo meu sangue borbulhar, estou entrando em um processo de erupção.

Com uma corrida cadenciada atravesso a avenida ignorando o fato de que o motorista de Trent certamente vai me bater. O som de freios me assusta e eu sinto o impacto contra mim, me jogando no chão de forma brusca. Nada muito grave, mas sinto meus joelhos e cotovelos em carne viva. Engulo em seco e espero meus olhos enxerem de água enquanto eu ouço as portas do carro abrirem.

— Mas que merda! Como você atravessa sem olhar?! — uma voz rouca resmunga se aproximando.

— Desculpa... — peço com a voz fraca tentando me levantar.