12 - S o m b r i a R e c o r d a ç ã o

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Bad Wolves - Zombie

Na sua cabeça, na sua cabeça eles estão lutando

Com seus tanques e suas bombas

E suas bombas e seus drones

Na sua cabeça, na sua cabeça eles estão chorando

Riley Donovan

O ano era 2010.

Depois de anos de conflitos nas terras do Iraque, iríamos deixar o país, para que pudesse seguir sozinho no levante de suas próprias forças. Depois de 4 anos, eu já estava acostumado a nossa rotina agitada.

Nicolo, meu irmão gêmeo, me seguiu para o exército, porque nosso pai me deserdou quando eu segui meus sonhos. Ele se recusou a ficar para trás. Eu não o queria comigo, mas Nicolo decidiu que eu não seria o único a ter grandes histórias para contar.

Ele nunca me deixou sozinho.

Ele sempre teve um espírito aventureiro e incontrolável.

Dizia que estava lá pela diversão.

Mas não era isso, Nicolo me seguiu porque não seria o step do nosso pai. Ele não queria viver sob a pressão de ser para nosso pai, o que eu não podia. Decidiu "desonrar" nosso sobrenome comigo.

No fim, nosso pai afastou os dois filhos, perdeu a esposa e deu a Paxon, tudo o que podia. Foi assim comigo e meu tio, que me incentivou e a quem passei a ter mais respeito.

Eu, Nicolo, Samuel e mais 7 homens iríamos fazer uma vistoria em uma das localidades apenas para checar se as coisas iam como deviam ir. Se não havia nenhuma probabilidade de conflito entre milícias e os remanescentes do grupo terrorista que pudesse prejudicar os civis. No fim do dia, o Sol brilhava fraco quando nossos carros foram cercados e alvejados. Os que estavam nos bancos da frente foram os primeiros atingidos pela artilharia que perfurou a blindagem do carro. O veículo em que eu estava bateu contra uma construção e o que vinha logo atrás colidiu conosco.

Foram as piores horas da minha vida.

Nós revidamos como era possível e tentamos nos esconder, mas um a um, meus colegas de farda foram caindo. Procuramos abrigo em uma casa abandonada. O reforço me respondeu, mas não consegui dizer nossa localização, pois, no segundo seguinte, já estávamos correndo de uma bomba. A segunda explosão conseguiu desabar o andar superior da casa e acabou matando outros dos meus companheiros.

Eu apaguei em algum momento e quando acordei, além de um projétil na perna, tinha um ombro deslocado.

Só havia silêncio, poeira e sangue.

Dos quatro homens que conseguiram se abrigar na casa comigo, dois estavam com vida. Samuel e Nicolo. Quando os encontrei estavam desacordados. Samuel estava com a perna presa em um escombro e parecia ter batido a cabeça. Nicolo estava com um braço machucado e respirando com dificuldade.

Já era noite e eu havia perdido total comunicação.

Estava desesperado vendo meu melhor amigo e o meu irmão machucados sem poder fazer nada.

No breu da madrugada, ao olhar os outros corpos jogados pela ruela seca, eu soube que restava apenas eu e eles. Eu passei a noite acordado sentado ao lado de Samuel e agarrado a Nicolo. Sentindo o ombro deslocado doer e com um torniquete improvisado na perna.

Me perguntava quem chegaria primeiro. Os inimigos para verificar nossos corpos, ou o possível resgate?

Nicolo recobrou a consciência uma única vez e nos breve minutos em que ficou acordado ele sorriu e disse:

DESEJO ASSASSINOOnde histórias criam vida. Descubra agora