DESEJO ASSASSINO

11 - P a r a C a d a A ç ã o U m a R e a ç ã o

Bahari - Savege

Quando você me segura,

meu corpo é uma arma

Se você acha que pode me salvar,

me derrubar e me domar

Aqui está sua chance de fazer algum dano,

selvagem

Chery Baldwin

"Samuel irá treiná-la hoje."

É o que diz a mensagem de Riley.

Não me dou ao trabalho de perguntar porque. Ele não responderia e se o fizesse, diria que não me deve explicações. Penso que nesse mês que findou, fiz uma grande conquista, fiquei viva. Não foi sorte, foi pura piedade de Riley. Me engano acreditando que ele tem motivos para não me matar.

O dossiê, as acusações, nossas interações públicas.

Não são suficientes.

Por isso quando movo meus dedos sobre a tela do telefone eles tremem. Há uma linha tênue entre nós e talvez seja eu a rompê-la. Samuel estaciona diante do hangar. Eu salto do carro e passo sem falar com os seguranças do local. Entro na sala secreta, respiro fundo apertando o telefone com as mãos suadas.

Clico em enviar e jogo o aparelho na bolsa.

Ignoro as vozes dos assassinos de Riley. Liam Preston o cabeludo com cara de poucos amigos e Jacob Frost o mulato de sorriso contido que prenuncia problemas. Essa é a terceira vez que os vejo desde que comecei a frequentar o hangar. É a segunda vez nos últimos cinco dias. Devem estar se preparando para saírem em uma missão.

Passo por eles sentados no balcão e vou direto para o vestiário sem olhá-los. Entendi que eles não tem permissão para falar comigo. No entanto, Riley fez parecer que eles não têm interesse em falar com uma garota como eu. Nesse caso ele quis dizer, estúpida e maltrapilha. Não que eu me importe. A forma como ele fala de mim — embora baixa e porca — não me afeta. Tudo faz parte de como eu o incomodo e Riley quer que eu me sinta igual.

Não demora muito para que eu esteja de volta ao tatame com roupas adequadas para o treino. Samuel conversa com ambos. Eu jogo minha bolsa no chão e começo meus exercícios. Depois de longas horas ininterruptas de treino, eu superei a dor e o cansaço físico. Estou melhor lutando, não boa o suficiente, ainda sim, boa.

Abandonei as bandagens e já uso os punhos para acertar as manoplas e o cinturão protetor que usamos nos treinos. Minhas mãos já estão ficando calejadas com alguns exercícios e pouco doem com os impactos da lutas. Também já usamos golpes no chão característicos do Jiu jitsu, mas com esses eu ainda não avancei o suficiente.

Quando termino minha série de exercícios, os assassinos de Riley já haviam sumido. Samuel está no tatame pronto para me ensinar. Ele não está usando suas proteções e suponho que hoje vamos treinar um pouco mais de golpes de pressão e dominação. Eu assumo a posição de defesa e ele se coloca na minha frente.

— Vamos tentar o escape do estrangulamento de novo, sim? — Samuel fala se posicionando diante de mim.

Afirmo com a cabeça e me preparo para a ação.

Viro de costa e ele me prende com o braço forçando o suficiente para que eu não me solte fácil. Então eu jogo meu corpo para o lado direito com o maior impulso que consigo. O movimento me dá mobilidade, jogo a perna direita contra os joelhos de Samuel com força ao tempo em que o empurro com o braço direito livre.