56 - V e l h a A m i g a

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Teya Dora - Dzanum

Ninguém curará

De jeito nenhum

Minha ferida

Ninguém curará

Chery Baldwin

O cheiro da garagem era uma mistura de poeira, lama e gasolina. A cabana em River Canard, em La Salle no Canadá, estava abandonada havia dez anos. Pelo que sei meus avós tentaram vender e nunca conseguiram, e depois que eles morreram o estado de Ontário tomou para si e decidiu leiloar, mas o imóvel nunca foi arrematado.

Aparentemente apenas meu pai gostava do espaço afastado em meio a mata e a beira de um lago. Ainda lembro de quando ele contou a história sobre ter reformado a casa sozinho, ela era seu orgulho. Sempre estavamos por aqui, até eu me fogar depois de cair do pequeno deck a beira do lago. Depois disso eu nunca mais quis saber do lugar.

A casa era toda de madeira, tinha dois quartos e uma grande sala conjugada com a cozinha, uma varandinha com cercado. Era linda, como uma casa de boneca. Está tudo escuro, o lago se move ao menor estímulo da brisa fria, o deck é apenas uma linha em meio às sombras. Paro de encarar o lago e olho para o SUV parado não muito distante da porta da garagem, há mato por todo lado, e a uns trezentos metros uma pequena estrada de terra liga o terreno à estrada principal.

Depois de matar Oliver e incendiar o seu quarto de hotel na madrugada passada, eu vim para cá. Consegui uma carona até a estrada principal e caminhei até aqui. Não dormi, comi algumas barras de cereais e fiquei caminhando por toda a casa lembrando de como ela era aconchegante e cheia de vida.

Depois deixei minha mochila com todas as minhas coisa e sai apenas com o vestido, o salto e a bolsa.

O vento frio me atinge e invade toda a garagem e eu resolvo entrar para me proteger.

Há um pilar de madeira no meio do grande espaço, e observo com prazer a minha obra.

Morgan Trent está amarrado a uma viga de madeira no teto, apenas de cueca, exposto como um animal em um zoológico. Minhas coisas estão jogadas em um canto, diante de Trent está uma cadeira velha e aos seus pés, sua muda de roupa. Deu muito trabalho puxar seu corpo com as cordas, e deixar a uma altura suficientemente satisfatória para conversássemos um pouco.

Não deve demorar muito mais, por isso caminho até a cadeira retiro dela o pequeno aparelho elétrico. Passado alguns minutos Trent começa a desperta, os braços esticados amarrados na viga, as pernas presas no pilar. O rosto manchado de sangue seco por conta do meu golpe.

Ele grunhe quando se da conta da posição em que se encontra, totalmente atordoado. Quando ele me vê, ainda parece meio embalado pelo sedativo.

— Bem-vindo. — saúdo cordial.

— Você... o que você fez? — ele tenta se mover, mas eu fui muito eficiente no meu trabalho árduo de pendura-lo, ele não vai se soltar ainda que tenha mobilidade.

— Sequestrei você. — respondo assistindo ele tentar se soltar mais uma vez.

— O que você quer? — resmunga me encarando raivoso. — Dinheiro? Sua putinha de merda!

— Tentador. — sorrio. — Infelizmente eu não quero o seu dinheiro.

— Meus homens virão atras de você! — ele grasna como um animal, furioso. — Não pense que você vai sair daqui com vida. Eu vou acabar com você!

DESEJO ASSASSINOOnde histórias criam vida. Descubra agora