GUERREIROS

CAPÍTULO 08

Jungkook subiu os degraus que levavam ao quarto preparado para ele. Como um aparente convidado de honra, ele recebeu um quarto na ala superior, enquanto seus irmãos ficaram no salão comum, onde muitos dos guerreiros dormiam em tendas alinhadas pelas paredes. Já que seu quarto ficava perto do quarto do conde de Seul, ele imaginou se teria sido o conde quem insistira para que ele fosse tratado com tanto respeito.

Park provavelmente preferia que todos acampassem fora das muralhas da fortaleza com o resto de seus guerreiros. Melhor ainda, que nunca tivessem entrado em suas terras.

Jungkook abriu a porta, apenas querendo dormir logo. No dia seguinte se casaria e depois partiria para suas terras, para encarar a inevitabilidade de seu futuro. Ou a falta de um. Ele nunca se concentrava no lado negativo das coisas, mas, pela primeira vez, sentiu tristeza, pois qualquer sonho que tivera sobre herdeiros e a passagem de seu legado haviam desaparecido. Assim como qualquer ideia de vingança contra o clã que assassinara seu pai.

Quando entrou, foi surpreendido com velas já queimando e a lareira acesa, mas ficou ainda mais surpreso ao ver Jimin sentado na ponta de sua cama, com uma expressão defensiva enquanto o encarava. O ômega vestia a mesma roupa de antes. Embora a senhora Park tivesse se dado ao trabalho de se vestir adequadamente para receber os convidados – apesar de indesejados –, Jimin o recebera pela primeira vez vestindo um traje semelhante à roupa de trabalho dos outros ômegas do clã. E, talvez por ser tão simples, a roupa causou uma comparação ainda mais gritante entre a beleza de Jimin e a simplicidade da vestimenta.

Por outro lado, Jungkook não sabia se havia roupa neste mundo que diminuísse aquela beleza. Jimin parecia preocupado que Jeon se irritasse com sua intromissão. E ele deveria. O ômega invadira sua privacidade e, além disso, não era adequado que ficasse sozinho com ele em seu quarto na véspera do casamento. Sua família ficaria horrorizada se soubesse disso, e a própria honra de Jungkook poderia ser questionada. Sem saber o que fazer, Jeon entrou completamente no quarto e fechou a porta. Após um momento, virou-se, olhou para o ômega e pôde perceber um toque de cor surgindo em seu rosto, refletido na luz suave das velas. Sua aparência era angelical, uma beleza impossível.

Jeon nunca vira nada igual. Não apenas era o ômega mais lindo que já conhecera, era facilmente o mais... O alfa franziu as sobrancelhas. A mais o quê? Havia algo irresistível no jovem e Jungkook nem conseguia definir o que era. Não possuía a graça treinada dos ômegas mais velhos e maduros, mas também não parecia um mocinho jovem demais até para se olhar. O ômega era apenas... perfeito. Deus meu, estaria ele cobiçando o próprio noivo?

Sentiu desprezo por si mesmo. Deveria tratá-lo com gentileza e bondade. Era óbvio que pairava algo estranho em torno do rapaz e, mesmo sem saber exatamente o que era, lá estava ele olhando-o como seu futuro noivo e pensando em todos os benefícios que isso lhe traria. Não importava que fosse um Park. Estava claro que não podia ser culpado ou definido pelas ações de sua família quando, provavelmente, não sabia de nada do que acontecia ao seu redor.

Por mais que não quisesse rotular nenhum Park como vítima, Jungkook era inteligente o bastante para saber que o ômega não merecia essa união mais do que ele não merecia ser forçado a aceitá-la. Jimin seria arrancado de casa, o único lugar seguro que possuía. Seria arrancado de todos que o protegiam e amavam, e estava evidente que era muito amado por sua família. Seria jogado em um ambiente hostil. Poderia algum Park encontrar seu lugar no clã Jeon? Seria um processo difícil, independente de como fosse levado, e era Jimin quem tinha mais a perder, enquanto tudo o que Jeon ganharia era um ômega indesejado e uma relutante trégua com os Park's.

Como se estivesse impaciente com o alfa apenas parado, olhando-o, Jimin levantou-se, com as sobrancelhas levemente franzidas, e atravessou o quarto, ficando diante de Jungkook. O ômega alcançou seu rosto, e a reação automática de Jeon foi afastar-se. Os olhos do ômega se encheram de dor e Jimin encolheu a mão. Com receio de tê-lo machucado de alguma maneira, Jeon cuidadosamente tomou a sua mão e ergueu-a de volta até seu queixo, onde Jimin quase o tocara antes.