CAPÍTULO 09

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A primeira visão que Jungkook teve de seu noivo foi confusa. Era como se o ômega com quem passara um curto período na noite anterior fosse alguém completamente diferente do ômega em pé no saguão onde aconteceria a cerimônia.

Jungkook parou na porta, observando a movimentação, mas sua concentração estava focada em Jimin. O ômega estava enfeitado com um traje mais belo do que qualquer coisa que ele já vira. De um branco rico, de um corte intricado e o tecido se dividindo em uma costura precisa na cintura. A parte de cima, embora modesta, chamava atenção para a exuberância de suas curvas delicadas – curvas que Jungkook ainda se sentia culpado por notar.

Seu curto cabelo loiro, um lindo raiar de sol em um dia de primavera nas terras altas, estavam delicadamente dispostos em uma franja. O ômega estava lindo, mas faltava algo. Seu brilho. Aquele brilho que Jungkook observara na noite anterior. Ele parecia… Era como se estivesse em qualquer lugar, menos ali. Jimin tinha uma expressão distante no rosto, e parecia não registrar em sua mente nada do que acontecia ao seu redor.

Aparentava cansaço, derrota e… medo.

Jeon odiava essa parte. Ficava com raiva e nem sabia por quê. A última coisa que queria era que o ômega lúpus sentisse medo. Isso provocava um instinto protetor que Jungkook, com certeza, não deveria ter por ninguém chamado Park. Mas lá estava. Jungkook se sentia pronto para destruir qualquer coisa que estivesse causando esse medo em Park Jimin.

O alfa continuou ali por mais um tempo, observando, enquanto a atividade ao redor aumentava em preparação para o casamento. Jimin estava quieto ao lado de sua mãe, segurando as mãos na frente do corpo. Enquanto continuava estudando-o, Jungkook percebeu que a expressão do ômega não era de medo.

Jimin estava apenas… ausente.

Isso causou uma confusão no rosto do alfa. Será que Jimin possuía alguns dias bons e outros ruins? Será que ganhava e perdia lucidez aleatoriamente? Sofreria o ômega de alguma doença da mente que causava mudanças drásticas de comportamento? Isso certamente explicaria sua estranheza na noite anterior.

Uma inquietude se abateu sobre Jungkook quando, mais uma vez, percebeu que essa união era, em essência, uma sentença de morte. Em vez de um marido, ele seria um cuidador. Iria protegê-lo e certificar-se de que fosse bem cuidado, mas Jimin nunca seria um esposo para ele. Ninguém o culparia se buscasse conforto com outros ômegas quando estivesse casado com alguém como Jimin. Ninguém nem pensaria duas vezes, já que Jimin certamente não era capaz de cumprir seus deveres de ômega... e esposo.

Mas isso não lhe caía bem. Seria uma desonra, e Jimin não era culpado por ser como era. Jungkook nunca conseguiria traí-lo dessa forma. Ou desonrar a ambos dessa maneira. Ele seria fiel a um ômega com quem nunca teria intimidade, e isso era um maldito futuro sombrio à sua espera.

Seu olhar passeou pelo saguão mais uma vez, e depois voltou-se para Jimin, que continuava parado no mesmo lugar de antes. Tão imóvel e sereno, quase como se estivesse inteiramente em algum outro lugar. Mas então os olhos do ômega se moveram e encontraram os dele, e toda a sua postura mudou.

Jimin sorriu.

Uma luz percorreu seus olhos. O rosto inteiro se tornou vivo, com cor e vibração. Numa fração de segundo, lá estava o ômega no saguão, olhando de volta para Jungkook, já completamente fora daquela aparência distante.

Querendo evitar um novo encontro, em que Jimin correria e apertaria seus lábios para que falasse, Jungkook começou a se aproximar. A mãe de Jimin ergueu a cabeça e seus olhos se alarmaram. Seu braço imediatamente envolveu o filho, mas Jimin afastou-a e deu um passo adiante, ainda sorrindo para Jungkook.

O alfa curvou-se em reverência à senhora Park e depois virou-se para Jimin no exato momento em que o ômega o tocava. Desta vez, no braço. Apenas um simples toque, mas naquele pequeno gesto havia muito mais. Jimin colocou os dedos sobre seu braço nu, um sinal de… confiança.

GUERREIROSOnde histórias criam vida. Descubra agora