GUERREIROS

CAPÍTULO 33

Jungkook estava tão furioso que precisou ir até o pátio para se recompor, pois temia que pudesse machucar alguém com sua ira. Nunca sentira tanta raiva dos membros de seu próprio clã. Nunca estivera tão perto de perder o controle. Ele queria estrangular todos, um por um. A devastação e a vergonha nos olhos de Jimin foram a sua ruína. Ver o estrago em suas mãos causado pelas ômegas do clã, sem mencionar os outros abusos sofridos por ele, fazia Jungkook querer dar-lhes o troco na mesma moeda.

– Jungkook, aconteceu alguma coisa?

Ele se virou e encontrou o padre Haneul em pé, a alguns metros, com uma expressão preocupada em seu jovem rosto.

– Sim – Jungkook respondeu irritado, sem acrescentar nenhuma informação.

– Existe algo que eu possa fazer? – o padre perguntou suavemente. – Eu estava a caminho do saguão para o desjejum e para encontrar Jieun depois no escritório. Aquela garota está determinada a começar as lições imediatamente. Acho que vai me manter prisioneiro até dominar a arte de ler e escrever.

A tentativa do padre Haneul de aliviar o clima pesado não ajudou a acalmar Jungkook, mas ele mediu suas palavras, pois o padre Haneul era um bom rapaz. Um homem de Deus que não merecia a ira de Jungkook.

– Vá para Jieun – Jungkook disse. – É melhor ela não estar presente para aquilo que está por vir.

O padre Haneul lançou um olhar preocupado, mas virou-se e entrou na fortaleza. Jungkook então saiu em busca de seu guerreiro de mais alto posto. Jeon Jackson sempre fora um alfa bom e leal, mesmo antes da morte do pai de Jungkook. Ele servira fielmente sob as ordens de Jeon Jongun e transferira essa lealdade para Jungkook quando ele se tornara o líder.

Jungkook foi até a cabana de Jackson, uma das muitas que se alinhavam na colina adjacente à fortaleza. Bateu na porta com força, impaciente enquanto esperava Jackson aparecer. Um momento depois, o velho guerreiro abriu a porta e sua expressão se tornou sombria. Sem dar oportunidade para o homem falar, Jungkook emitiu uma ordem concisa.

– Chame todas as pessoas do clã e as reúna no pátio. Quero cada alfa, ômega e filhote, e quero todos em cinco minutos. Qualquer um que estiver ausente estará desafiando a minha palavra e será castigado de acordo.

Jackson surpreendeu-se, mas não questionou a ordem de seu líder.

– Farei isso imediatamente, líder.

Jungkook assentiu, depois se virou e marchou de volta para o pátio à espera da reunião. Jeon Namjoon e Taehyung apareceram assim que Jungkook chegou. Logo o chamado pôde ser ouvido e ecoou com uma urgência que não era usada desde a última vez em que a fortaleza fora atacada.

– O que você está planejando? – Namjoon perguntou com preocupação, enquanto se aproximava de Jungkook.

– Sei que está bravo, meu irmão, mas pense nas suas palavras antes de agir – Taehyung alertou.

– Pensar? – Jungkook rosnou. – O que eu penso é que nunca fui tão envergonhado por meu clã quanto agora. Nunca tive motivo para me envergonhar, mas o que fizeram com um ômega inocente traz desgraça para o nosso clã.

Namjoon suspirou.

– Sei disso, mas não reaja enquanto está com tanta raiva. Permita um tempo para se acalmar antes de falar com a nossa gente.

– Vocês viram as mãos dele? – Jungkook disse. – Vocês viram a humilhação e a tristeza nos olhos dele? Deus é testemunha, eu fico enojado por saber que algo assim aconteceu dentro das muralhas desta fortaleza, e fico enojado por saber que eu permiti isso. Sou tão culpado quanto eles, pois deixei que o tratassem daquela forma.