CAPÍTULO 32

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Jimin acordou de repente e, por um momento, ficou tão desorientado que não conseguia entender onde estava. Então sorriu, pois percebeu que estava aninhado num forte abraço de seu marido, seu alfa, que o segurava possessivamente com um dos braços. O ômega fechou os olhos e sentiu seu cheiro. Depois dos últimos dias, ele precisava desesperadamente daquilo que aconteceu na noite anterior. Ternura. Amor. As ações de alfa mostraram a ele mais do que as palavras poderiam mostrar.

Mostraram que ele o valorizava. Que significava algo mais que um mero esposo de um casamento forçado. Talvez, algum dia… ele suspirou melancolicamente. Talvez, algum dia, até conquistasse o seu amor. Oh, se pudesse ouvir aquelas palavras. Realmente ouvi-las. A ideia enviou uma dor diretamente para o coração de Jimin, quase sobrecarregando-o.

Jimin não passara muito tempo lamentando o fato de ter perdido a audição. No começo, ficou muito triste e até se perguntou se aquilo era punição de Deus por seus pecados. Mas com o passar do tempo aceitou que nunca mais ouviria nada. Nunca mais seria normal e nunca ouviria coisas que o deixavam tão feliz. Música. A voz de sua mãe. As provocações dos irmãos. E o retumbar da voz de seu pai, cheia de impaciência por seu filhote ômega rebelde.

Mas agora ele daria qualquer coisa para poder ouvir palavras de amor vindas de seu marido. Se não de amor, então de afeto. Queria ser capaz de ouvir as coisas que via em seus olhos e sentia quando ele o tocava. Talvez Jeon Jungkook nunca viesse a amá-lo de verdade, como seu pai amava sua mãe, mas talvez aquele tipo de amor não existisse livremente. Quando criança, Jimin ouvira de sua mãe que nem sempre as coisas tinham sido daquela maneira entre ela e seu pai.

O casamento dos pais de Jimin fora arranjado, como tantos casamentos eram, e a princípio nenhum dos dois havia gostado do acordo. Mas, com o tempo, passaram a amar um ao outro com toda a força que duas pessoas podem se amar, e Jimin cresceu no meio daquele amor e devoção. E queria o mesmo para si. Queria tanto que nem conseguia articular.

Foi por isso que lutou contra o casamento com Lee Minjun, pois sabia que, sem dúvida, o alfa nunca iria tratá-lo com dignidade, muito menos com amor e afeto. Era a história de sua mãe e o amor crescente por seu pai, e vice-versa, que davam a Jimin a esperança de também encontrar amor igual ao deles com seu guerreiro Jeon.

Sonhador, sim, isso ele era, mas estava determinado a ganhar a aceitação de seu clã. E dele. E não descansaria até conquistar esse objetivo. Se precisasse limpar a fortaleza de cima a baixo até suas mãos sangrarem, então faria isso sem remorso.

Foi essa determinação que o tirou cedo da cama quente ao lado do marido, quando tudo o que queria era acordá-lo de um jeito que lhe ficaria na memória por vários dias. Ele levantou-se, tremendo, e vestiu-se rapidamente. Em seguida, acendeu a lareira para Jungkook não acordar no desconforto do frio e desceu as escadas, preparado para um novo dia de tormento. Ficou imaginando quais seriam as tarefas do dia. Talvez Chin-Sun lhe pedisse que limpasse penicos.

Jimin estremeceu ao pensar nisso, mas considerou essa possibilidade. Chin-Sun pareceu surpresa quando o viu e não disfarçou a reação. Jimin podia jurar que enxergou culpa nos olhos da velha senhora, mas rapidamente dispensou essa ideia ridícula. Jeon Chin-Sun era uma governanta durona e Jimin duvidava que fosse capaz de sentir culpa por qualquer ômega sob sua supervisão.

– Bom dia – Jimin disse num tom otimista, determinado a mostrar alegria, apesar da vontade de sair correndo de volta para o quarto e mergulhar nos cobertores quentes.

Chin-Sun lançou-lhe um olhar carrancudo e fez um gesto para que se juntasse a Mary e a duas outras jovens ômegas cujos nomes Jimin ainda não sabia.

– Você pode ajudar a terminar as preparações para o desjejum – Chin-Sun disse. – É um trabalho simples. Bolinhos de aveia e pão com um pouco de mingau para quem quiser.

GUERREIROSOnde histórias criam vida. Descubra agora