A jornada entre as fronteiras dos dois clãs durava apenas meio dia com bom tempo, e o clima estava espetacular. Era o calor da primavera, apenas com um friozinho quando o vento soprava aqui e ali. O sol brilhava lá em cima e a terra estava banhada com sua luz dourada.
Era um dia em que o jovem Jimin teria aproveitado para cavalgar apenas pelo prazer de montar em um cavalo. Ele teria virado o rosto para o sol e fechado os olhos, enquanto disparava pelo terreno. Mas assim teria sido antes do acidente. Ele não culpava o cavalo, mas também não conseguia superar o imenso terror que o atingia só de pensar em montar novamente.Até mesmo o cheiro do cavalo era suficiente para trazer de volta o horror daquele dia e a memória da dor, do medo e do despertar para um mundo silencioso. Não era de se surpreender o fato de seu clã imaginar que ele era louco, talvez fosse verdade. Naqueles primeiros meses, Jimin estava transtornado. Não sabia como lidar com o que havia acontecido.
Ele não entendia, e temia o que os outros fariam se descobrissem que estava incapacitado. Anos mais tarde, parecia uma tolice, mas como poderia abordar seus pais agora, depois de tanto tempo, e tentar explicar o que realmente estava errado? Como fazê-los entender?
Ele inclinou a cabeça para o lado quando um suave eco atravessou seus ouvidos. Jimin olhou rapidamente ao redor, tentando discernir a fonte do som.
Ele queria mais.
O que encontrou foi cada guerreiro na fila erguendo a punho e gritando algo. Seus ouvidos formigavam com a vibração, e ele imaginou que estava ouvindo berros. Quase podia ouvir como se tentasse alcançar algo que estava muito longe. Como tocar a ponta dos dedos tentando alcançar uma mão.
Então o eco desapareceu tão rápido quanto havia chamado sua atenção. Frustrado, ele mordeu os lábios, querendo que acontecesse de novo. Jimin vivia para esses momentos, quando podia quase alcançar e agarrar o som. Ele não queria esquecer como era e, a cada dia que passava, temia que isso desaparecesse completamente.
A carruagem aumentou a velocidade. O guerreiro que montava o cavalo impeliu o animal a acelerar. Quando chegaram ao topo de um monte, Jimin pôde enxergar o vale lá embaixo e quase perdeu o fôlego diante daquela visão.
A torre da fortaleza dos Park's ficava sobre um elevado que cobria o terreno por todos os lados. Foi construída ao lado de um grande morro, pedra e terra conectadas perfeitamente fazendo a torre se projetar para o céu. Mas a fortaleza dos Jeon's estava aninhada entre duas montanhas. Um rio corria em curvas na parte de trás de suas terras e desaparecia no horizonte, sem dúvida desembocando em algum lago. A terra exibia todo o verde da primavera exuberante. Flores salpicavam os morros. Um rebanho de ovelhas pastava ao longe. Cavalos também pastavam do outro lado. Três filas de cabanas se alinhavam na base de uma subida íngreme, fora das muralhas da fortaleza.
A caravana continuou a subida, com oito de cada lado. Enquanto olhava a enorme fortaleza, Jimin enxergou mais cabanas, algumas seguindo o rio que corria paralelo à muralha. Além desse ponto, e subindo o morro oposto, havia mais cabanas distribuídas aleatoriamente e sem a ordem das primeiras que vira. A fortaleza era muito bem construída. Ele não conseguia enxergar nenhuma falha, nenhum sinal de ruína. Um muro de pedra envolvia a fortaleza com um portão na frente, em que duas torres faziam a guarda. O portão era feito de imensos troncos, e Jimin pensou que a abertura e o fechamento exigiriam o esforço de muitos guerreiros.
Para além do portão, a fortaleza se erguia do chão quase como um perfeito cubo, porém muito alto. Jimin calculou que levaria ao menos quatro lances de escada para alcançar o topo. Era uma fortaleza planejada para a defesa. Seria preciso um exército enorme para infiltrar-se e derrotar a força dos Jeon's. O único exército com força assim, com exceção do exército real, era o de seu próprio clã, os Park's.
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GUERREIROS
FanfictionLeia a SINOPSES desta história no primeiro capítulo do livro. E aos interessados, desejo uma boa leitura!