CAPÍTULO 22

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O coração de Jimin estava prestes a sair pela garganta. Ele estava nervoso, animado, extasiado. Tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo.
Ele sentia que poderia explodir. Queria perguntar quando? Onde? Como? Ou “que tal agora?”, mas nada disso era apropriado para um ômega. A última coisa que queria era escandalizar seu alfa. Querendo manter aquela conexão, querendo poder continuar tocando o corpo grande do marido, Jimin segurou suas mãos e entrelaçou seus dedos aos dele.

– Eu não me arrependo de ter me casado com você, alfa – Jimin disse com seriedade.

Era estranho voltar a falar, saber que estava falando, mas não conseguir ouvir as palavras saindo da boca. As vibrações causavam cócegas em sua garganta, que já estava doendo por causa da súbita explosão de palavras. Sua língua secou, e ele desfez o contato das mãos para esfregar a garganta.

– Você gostaria de um pouco de água? – Jungkook perguntou. – Sua garganta deve estar doendo. Não está mais acostumado a usar a voz.

Jimin assentiu, e o alfa levantou-se, indo até a pequena mesa perto da janela onde havia uma jarra de água. Jungkook encheu uma taça de água e voltou para a cama, retomando a posição na frente do ômega e entregando-lhe a taça. Jimin aceitou e tomou um gole, sentindo o frio da água aliviar a irritação na garganta. Mais cedo, quando gritara, tinha sentido dor. Agora teria de pagar o preço de sua explosão.

Jungkook tocou o braço de Jimin, para chamar sua atenção, e o ômega o encontrou encarando-o intensamente.

– Eu também não me arrependo do nosso casamento, Jimin.

Os olhos de Jimin se arregalaram. Não esperava uma confissão dessas. Jimin confessara apenas porque queria que o Jungkook soubesse; jamais para induzi-lo a dizer-lhe a mesma coisa de volta. De qualquer forma, não conseguiu deixar de sentir um imenso alívio ao ouvir aquilo. Talvez… talvez conseguissem ter um casamento mais parecido com o de seus pais.

– Sei que o nosso casamento não será fácil. Obviamente, nossas famílias se opõem. Minha visão sobre o seu povo não mudou, e eu não digo isso para magoá-lo. Digo isso porque não irei mentir para você.

Jimin engoliu em seco, mas continuou fitando-o para não perder nada do que o alfa dizia, mesmo que as palavras dele o machucassem.

– Mas não lamento a união a que fomos forçados.

Jungkook tocou o rosto de Jimin, acariciando-o gentilmente.

– Irei protegê-lo, ômega. Não permitirei que meu clã o machuque ou insulte de maneira nenhuma. Precisamos decidir agora o que vamos contar a eles, pois não há razão para você viver em segredo, escondido nas sombras. Lee Minjun não pode machucá-lo aqui.

A mão pequena segurando a taça tremeu, e o alfa cuidadosamente a retirou, deixando-a ao lado da cama. Depois, tomou as duas mãos de Jimin e apertou-as, como se oferecesse proteção.

– Eles provavelmente continuarão pensando que eu sou louco – Jimin disse. – É verdade que tenho um defeito.

Jungkook fechou o rosto.

– Não é culpa sua. Você sofreu um acidente e ficou doente por causa disso. Você pode falar e transmitir seus pensamentos, suas necessidades. Consegue entender o que os outros dizem. Pode fazer qualquer coisa que um ômega normal faria. A única diferença é que não consegue ouvir, e isso não faz de você louco ou menos inteligente, e qualquer pessoa que discordar terá de se ver comigo.

O coração de Jimin ficou mais leve e um calor atravessou seu peito, até começar a sorrir. O alívio era imenso. Após viver tanto tempo com medo da descoberta, com a culpa por causa da farsa, ele estava encontrando um fim para tudo aquilo. Jungkook oferecia o melhor tipo de liberdade. A liberdade do estigma de ser uma pessoa diminuída, embora tivesse causado isso a si mesmo. A liberdade para ter uma vida normal, uma vida sem medo.

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