CAPÍTULO 46

1.2K 208 12
                                        

Foi mais do que Jungkook podia suportar. Lágrimas queimaram seus olhos e sua respiração se intensificou com o esforço para não perder completamente a compostura. Ignorando a expressão surpresa de Eun com o fato de Jimin ter falado, o alfa concentrou-se apenas em seu lindo ômega e em acalmá-lo, mostrando que estava seguro e junto daqueles que o amavam.

– Não tente falar, meu amor – o lúpus disse carinhosamente. – Sua garganta deve estar doendo. Sua voz está muito rouca.

Jimin sorriu e levou a mão até a garganta.

– Eu gritei, rezando para que alguém ouvisse. Estava tão escuro. – Ele perdeu a voz, começando a chorar e a soluçar. – Tive tanto medo. Ele pretendia me deixar lá para sempre.

A voz dele sumiu totalmente, mesmo com a boca se mexendo enquanto tentava falar. Jungkook pousou um dedo sobre seus lábios. Depois seguiu o dedo com seus próprios lábios e o beijou, longa e docemente, absorvendo a sensação de poder tocá-lo e cheirá-lo e senti-lo. Saber que estava seguro. Que havia sobrevivido e que ele não o havia perdido. Jungkook encostou sua testa na de Jimin, depois simplesmente o tomou nos braços e o segurou com força, balançando-o para frente e para trás enquanto passava as mãos em suas costas.

Após um momento, Jimin ficou completamente imóvel. Ele tocou seu braço e afastou-se para olhar seu rosto. O olhar do ômega passou por ele e vasculhou o quarto, e só então percebeu que estava na casa de seus pais. Jungkook olhou para trás, esperando ver Eun ainda ali, mas o quarto estava vazio. Eun havia saído discretamente, dando privacidade para o casal após Jimin acordar.

Jimin tocou seu rosto, com uma expressão confusa.

Jungkok suspirou.

– Não fale. Apenas me entenda. Seu pai foi até nossa fortaleza com todo o seu exército. Minjun deve ter enviado uma mensagem para ele logo após eu ter enviado meu pedido para um encontro. Não sei o que a mensagem dizia, ainda tenho de perguntar isso a seu pai, mas deve ter colocado sua segurança em dúvida, pois a primeira coisa que Park exigiu saber foi o seu paradeiro.

Jimin estranhou.

– Antes da chegada do seu pai, Seulgi confessou que havia conspirado com Lee Minjun e que havia levado você ao redor da fortaleza para que Lee pudesse sequestrá-lo. Ele teve ajuda de três dos meus soldados. Seu pai e seus guerreiros cavalgaram comigo e com o meu exército até a fortaleza dos Lee's e eu vasculhei o lugar de cima a baixo, até finalmente descobrir você preso em um calabouço.

Jungkook respirou profundamente e continuou

– Após tirarmos você de lá, eu o deixei com seu pai apenas pelo tempo suficiente para matar Lee por seu crime. Eu queria voltar para a fortaleza, para ter certeza de que você estava bem, mas seu pai pediu que viéssemos para cá, pois era mais perto.

Ele fez uma pausa e depois tomou a mão de Jimin.

– Contei tudo ao seu pai. Ele já sabe que você deixou seu clã pensar que a sua mente tinha sido afetada no acidente e sabe também a razão de você ter feito isso. Ele ficou profundamente abalado. Achei que, se ficássemos aqui por alguns dias, durante a sua recuperação, você teria tempo com sua família para, talvez, contar a eles aquilo que há muito tempo queria explicar.

Os lábios de Jimin se curvaram para baixo em uma expressão de tristeza. O ômega fechou os olhos brevemente, mas Jungkook tocou seu rosto até Jimin olhar de volta para ele.

– Não se preocupe, meu amor, estou com você. Sempre estarei com você. Ficarei ao seu lado quando falar com seus pais pela primeira vez e não permitirei qualquer reação negativa.

Jimin assentiu, relaxando os ombros enquanto dava um longo suspiro.

– É bom que eles saibam. Odiei enganá-los.

– Sim, eu sei – Jungkook disse gentilmente.

O guerreiro o beijou de novo, aliviado por poder fazê-lo quando havia pensado que nunca mais o veria, que nunca mais o tocaria. Quando imaginara que não teria a chance de dizer-lhe tudo o que havia em seu coração. Agora não era o momento, mas logo faria isso. Jungkook estava quase explodindo com tudo aquilo que queria dizer. Mas, antes, cuidaria dele. Iria certificar-se de que seu doce menino tivesse comida e descanso.

– Você gostaria de ver seu pai e sua mãe agora? Vou mandar trazerem comida e água quente para um banho. Você pode vê-los agora ou depois de comer e banhar-se.

– Depois – Jimin sussurrou com dificuldade.

Jungkook assentiu e depois se levantou para dizer a Eun tudo àquilo de que Jimin precisava. Jimin submergiu na banheira de madeira até a água fumegante bater em seu queixo. Ele fechou os olhos e permitiu que o calor invadisse seus ossos, substituindo o frio cortante e aliviando a dor nos músculos. Jungkook pegou com carinhos os poucos cabelos de Jimin, e começou a escovar os emaranhados das mechas curtas.

O ômega saboreou seu toque, o conforto de ter Jungkook tão perto. Jimin não temia nada quando estava com ele, o seu guerreiro. Quando terminou, o alfa, apanhou uma jarra de barro e ajoelhou-se para juntar um pouco de água, mas, antes, virou o rosto do ômega de modo que pudesse enxergar a sua boca. Então, pediu que se sentasse, para ele lavar seus cabelos. Foi uma experiência emocionante para Jimin ter aquele guerreiro tão endurecido tomando conta dele de um jeito tão carinhoso. Ele nunca se sentira tão querido. Tão… amado.

Aquele pensamento enviara uma sensação avassaladora para dentro de sua alma. Ele daria qualquer coisa para poder ouvir um “eu te amo” dos lábios de seu alfa. Daria tudo para ter um único dia em que pudesse ouvir. Apenas para se alegrar com o som de algo tão simples quanto algumas palavras saídas do coração de seu amado guerreiro. Ele fechou os olhos e ficou ali sentado e relaxado enquanto o alfa terminava de ensaboar e enxaguar seus cabelos, e depois quando banhou o seu corpo todo, até os dedos dos pés.

Em dado momento, quando o pé do ômega deslizou novamente para dentro da água, Jeon se abaixou sobre a banheira e capturou sua boca em um beijo profundo e desbravador. Foi um pouco menos gentil que seus beijos de antes, quando ele ainda estava na cama. Havia um desespero, quase como se Jungkook ainda estivesse tentando se convencer de que ele estava ali e em segurança. Sua mão segurou o queixo do ômega quando o beijo se aprofundou e sua língua deslizou sensualmente sobre a língua de Jimin.

Eu te amo.

As palavras que Jimin tentou dizer simplesmente não saíam. Elas morreram dolorosamente em sua garganta, pois a força para formá-las havia sumido.

Jungkook afastou o rosto, sem tirar os olhos do ômega quando apanhou uma toalha. O alfa tomou sua mão, ajudou-o a levantar-se e a sair da banheira e imediatamente o envolveu na toalha, da cabeça aos pés, conduzindo-o na direção da lareira, onde um prato com pão e queijo e uma tigela de ensopado o esperavam.

– Quero que você coma tudo – Jungkook instruiu.

Jimin assentiu, contente em obedecer a sua ordem. Com o fogo aquecendo sua pele, ele tomou uma colherada do ensopado e sentiu o calor descendo pela garganta. Isso aliviou a dor e umedeceu a garganta agitada. Jimin comeu até a exaustão tomar conta e ele não conseguir mais manter a cabeça erguida. Uma reação automática o sobrepujou e, para seu horror, seu corpo começou tremer incontrolavelmente. Aquilo era estúpido.

Ele estava seguro. Estava muito longe de Lee Minjun e, de qualquer maneira, o alfa nojento estava morto. Mas, mesmo assim, ele não conseguia parar de tremer. Não conseguia impedir o pensamento de que poderia ainda estar preso na parede daquele calabouço escuro. Jungkook o tomou nos braços, carregou-o de volta para a cama e, tirando a toalha que envolvia seu corpo, vestiu-o novamente com o pijama de algodão forrado.

Jungkook o acomodou debaixo das cobertas e, levando apenas o tempo de tirar as botas, deitou-se ao lado do ômega, puxando-o para seu corpo, para que seu calor o envolvesse. Ele esfregou as mãos sobre as costas de Jimin até que, finalmente, o pânico sumiu e o ômega relaxou contra o seu corpo. O líder beijou sua têmpora, seus cabelos ainda úmidos e a curva da orelha.

Sua respiração soprava quente sobre o rosto de Jimin e o ômega aninhou-se mais profundamente em seu abraço, fechando os olhos. Ele encontraria sua família quando acordasse. Talvez até lá sua voz já tivesse voltado e ele poderia dizer às palavras que explicariam tudo aquilo que havia feito.

GUERREIROSOnde histórias criam vida. Descubra agora