Olhando, agora, Park Jimin não saberia dizer o que fizera ele mudar de ideia sobre o líder Jeon Jungkook. Foi um gesto impulsivo de sua parte, do qual ele poderia se arrepender. Por outro lado, porém, nada mais podia ser feito sobre o casamento. Ele já observara bocas o bastante para saber disso. Seu destino era inevitável; então, por que não aceitá-lo?
Jungkook o fascinava. Não era como se pudesse ouvir suas palavras, mas a voz dele soava como um zumbido grave e prazeroso em seus ouvidos. Um raio de luz em seu sombrio mundo de silêncio. Havia outros sons que julgara imaginar, mas agora se perguntava se era realmente imaginação ou se podia ouvir um número limitado de coisas. E se pudesse, por quê?
Suas sobrancelhas estavam apertadas em concentração, e o ômega não prestava a menor atenção àquilo que sua mãe dizia. Eram sons mais profundos. Ele tinha certeza disso. Não se lembrava de ter ouvido nenhuma voz feminina desde o acidente. Certamente, nenhum grito nem tons altos.
E a música, algo de que mais sentia falta, estava completamente perdida para ele. Exceto sons graves. Às vezes, jurava que ouvia pequenos sons quando Yoongi estava zangado e levantava a voz. Uma vez, quando seu pai ficara bravo por ele ter vagado longe demais, quase pôde afirmar que ouvira o grito dele, ou ao menos sentira a vibração do grito em seu ouvido.
Era tudo um grande e misterioso quebra-cabeça que o fascinava e o fazia querer buscar seu futuro alfa de novo, só para que falasse com ele. Qualquer coisa era melhor que o silêncio entediante que o mantinha prisioneiro. Qualquer som, por mais insignificante, seria bem-vindo.
Sua mãe apareceu à sua frente, agarrou seus ombros e o sacudiu com violência:
– Jimin! Está me escutando?
Jimin piscou e encarou a mãe. Estavam no quarto de sua mãe enquanto tomavam as medidas de Jimin para o traje do casamento. Eun movimentou a casa inteira com os preparativos do casamento e recrutou nada menos que seis ômegas para tomar as medidas de Jimin e para ter certeza de que o traje seria costurado a tempo.
– O que você fez lá embaixo? – Park Eun perguntou.
Havia uma preocupação gentil nos olhos da mãe, mas não só isso: havia também uma genuína curiosidade.
– Você precisa aprender a medir suas respostas – Eun disse. – Jeon Jungkook não é alfa para se brincar. Tenho medo do que possa fazer se você o desrespeitar daquele jeito em suas terras. Não sei que tipo de alfa ele é. Ele jura que não abusa de ômegas, mas nunca se sabe o caráter de um alfa à primeira vista, e você deve entender isso.
Jimin franziu as sobrancelhas ao ler aquilo nos lábios da mãe. Depois de estudado de perto por Jimin, Jungkook não parecia tão assustador. Suas feições pareciam esculpidas em pedra. Era como se fosse partir alguém ao meio se simplesmente olhasse para ele. Mas Jimin sentira algo totalmente diferente e nem sabia dizer o que era. O que sabia era que o alfa fora muito bondoso e paciente com ele.
Jungkook não o repreendera por causa de sua intromissão rude nem exigira que se afastasse. Não o machucara por causa de sua audácia, mas dissera palavras bondosas para ele. Palavras que dificilmente seriam ditas por um monstro. Com certeza não estava errado sobre isso. Mas, por outro lado, Jimin nunca fora bom em julgar as pessoas.
Na verdade, como evitava a maioria das pessoas por não querer encarar o menosprezo, o medo ou a zombaria, ele não tinha muita experiência com gente de fora do seu círculo familiar. No entanto, não estivera errado sobre Lee Minjun e continuava lembrando a si mesmo que Lee enganara seus irmãos e até mesmo seu próprio pai, mas não o enganara.
Jimin alcançou as mãos da mãe e puxou-as até o coração. Eun surpreendeu-se, franzindo as sobrancelhas sem entender. Jimin apertou as mãos da mãe e depois se inclinou para beijar seu rosto. Quando o jovem afastou-se, sua mãe parecia atordoada. Seus olhos queimavam com um súbito entendimento e choque.
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GUERREIROS
FanfictionLeia a SINOPSES desta história no primeiro capítulo do livro. E aos interessados, desejo uma boa leitura!