CAPÍTULO 10

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Jimin estava em pé diante do padre, esperando a cerimônia começar. Ele achava que seria apropriado se enlaçasse a mão sobre o braço de Jungkook ou se o alfa lúpus tomasse a sua mão, mas deixou-as firmes à sua frente, enterradas dentro das mangas longas de seu lindo traje, para que ninguém percebesse o quanto tremiam.

O ômega juntara informação suficiente dos lábios que conversavam antes da cerimônia para saber que seu pai responderia em seu lugar. Jimin não sabia como se sentia sobre isso. Ele daria qualquer coisa para jurar seus próprios votos, mas tinha medo de tentar. Tinha medo de tentar formar aquelas palavras, pois não sabia se soariam como um sussurro ou um grito.

Talvez, quando chegasse às terras dos Jeon's, ele pudesse… começar de novo. Talvez pudesse até tentar com Jungkook, mas não até ter certeza de que era a coisa certa a fazer. Ele estava fascinado pelo alfa com quem logo se casaria, mas o alfa ainda era um Jeon, e nenhum Park possuía qualquer razão para acreditar que os Jeon's eram qualquer outra coisa que não selvagens com sede de sangue. Ainda que tudo o que vira até então sobre Jeon Jungkook contradissesse essa ideia.

Mas Jimin também precisava lembrar-se de que, por causa da presença do conde e de um decreto do rei, os Jeon's tinham de se comportar da melhor maneira possível. Jimin descobriria mais sobre o caráter de seu alfa assim que chegassem a sua nova casa e o alfa não precisasse mais restringir suas ações e palavras.

Jimin estava tão perdido em seus pensamentos que não percebeu o início da cerimônia e Jungkook o encarando. O alfa alcançou a sua mão e, por um momento, Jimin pensou que fosse beijá-lo. Que pensamento inquietante. O ômega lúpus ainda não havia imaginado algo assim, e isso quase o fez sentir vertigem.

Mas tudo o que o alfa fez foi segurar a sua mão, virar-se para os outros e começar um pronunciamento, algo que Jimin não podia ver porque não estava mais de frente para o mais velho. Seja lá o que fosse, Jimin podia apenas assumir que Jeon anunciava que agora eram casados. Ou, talvez, que agora Jimin era um Jeon. Ou, ainda, que agora podiam ir embora. De qualquer maneira, aquele anúncio foi recebido com reserva de ambos os lados.

Sombria. Era a única palavra para descrever a expressão de todos ao redor. Não havia alegria. Nenhum espírito festivo. Não haveria banquete comemorativo com música e comida até tarde da noite. Não, o dia do casamento de Park Jimin e Jeon Jungkook foi como uma nuvem escura cobrindo um perfeito dia de primavera. E agora o ômega teria de se despedir da única vida que conhecia.

Teria de se despedir de uma família que o protegia vigorosamente, mesmo que não o entendesse por completo. Uma família que o amava sem reservas nem condições. Eles não se importavam se ele fosse louco ou amaldiçoado pelo próprio diabo. Ele era um Park. O único filhote ômega da família. E era amado.

Jungkook puxou a mão do noivo, conduzindo-o na direção da porta. Ao perceber que realmente partiriam no momento em que estivessem casados, Jimin foi tomado pelo pânico. Por um momento ele resistiu, e achou que o alfa reagiria com raiva ou talvez impaciência. Mas Jungkook simplesmente ficou lá, com os braços esticados, porque o ômega não se mexera do lugar onde estava quando ele começou a andar. Jungkook olhou-o, sem nenhuma irritação ou julgamento. O alfa apenas esperou. E depois disse:

– Precisamos ir, Jimin. Meus guerreiros estão esperando.

Foi o bastante para fazê-lo andar, com passos hesitantes enquanto o seguia para fora do saguão e para os degraus que davam no pátio. Lá encontrou uma carruagem presa a um cavalo. Era a carruagem que seu pai havia providenciado após o acidente, quando Jimin começou a se recusar a montar.

Atrás da carruagem havia três cavalos, dois deles carregados com o seu dote. Suprimentos, especiarias, joias. Coisas preciosas e de grande valor. E depois havia outra carruagem, carregada com baús contendo tudo o que pertencia a ele. Parecia tudo tão definitivo. Cada parte dele seria apagada de sua casa, como se nunca tivesse existido. Como se nunca tivesse vivido ali.

Lágrimas turvaram sua visão.

Mesmo animado com a possibilidade de se tornar um esposo e de ter as coisas que pensara que nunca chegaria a ter, Jimin encheu-se de tristeza, porque sabia que raramente veria sua família, se é que veria.

Jungkook tocou seu rosto, e então o ômega percebeu que o alfa estava limpando uma lágrima que havia deslizado por sua face. Jimin virou-se para olhá-lo e enxergou as palavras formadas por sua boca.

– Vá e se despeça de sua família, Jimin. Precisamos ir embora.

O ômega andou pesadamente até onde seus pais e seus irmãos se alinhavam, no caminho até os cavalos. Jimin abraçou Hoseok, e o irmão devolveu o gesto com um rápido e forte abraço. Hoseok disse alguma coisa, mas Jimin não pôde ver o que era enquanto se virava para Yoongi.

Seu outro irmão o envolveu gentilmente nos braços e o abraçou, segurando-o por um longo tempo. Quando o soltou, seus lábios estavam apertados e Yoongi encarava friamente o alfa de Jimin. Seus pais o abraçaram ao mesmo tempo, os três formando um círculo apertado. Seu pai beijou-lhe a testa e sua mãe pressionou o rosto contra o de Jimin, fazendo-o sentir a umidade de suas lágrimas.

A tristeza era tamanha que Jimin sentiu um nó na garganta, mal conseguia engolir. Aquilo que parecia uma grande aventura estava se tornando real demais. Não era fantasia. Estava realmente deixando o seio da sua família e indo em direção a um futuro incerto com um clã que o odiava e que odiava tudo aquilo em que ele acreditava.

Precisou de todas as forças para não correr até seu pai e colocá-lo entre ele e Jungkook. Mas era hora de ser forte. Jimin passara os últimos anos se escondendo. Se cedesse, se permitisse qualquer sinal de angústia, poderia causar um desastre. Todo o seu clã sofreria. Vidas seriam perdidas. Tudo porque ele teria medo de encarar o mundo lá fora.

O ômega forçou-se a dar as costas à sua família, com o coração doendo a cada respiração. Deu um passo na direção do marido, e depois outro. As costas doendo de tanto esforço para manter-se ereto. Forçou uma calma no rosto, ainda que por dentro se sentisse como um barco em meio à tormenta.

Mas não traria desonra para o seu pai e o seu clã. Deixaria sua mãe orgulhosa. Não preocuparia seus irmãos. Deixaria aquele lugar por escolha própria e aceitaria seu alfa porque era sua escolha, não porque o rei decretara.

Quando ficou a um passo de Jungkook, o ômega parou e ergueu o queixo, deixando emanar orgulho em sua postura. Jimin encarou seus olhos e depois endireitou os ombros, deixando clara a sua mensagem.

Estava pronto para partir.

GUERREIROSOnde histórias criam vida. Descubra agora