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Na manhã seguinte, eu ainda sentia o gosto de Lauren nos lábios

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Na manhã seguinte, eu ainda sentia o gosto de Lauren nos lábios.

Passei os dedos sobre a boca, sentindo mais do que a satisfação por finalmente estar derrubando uma das paredes que compunham a guarda alta de Lauren Ronan. Eu já tinha beijado garotas antes sem que isso fizesse com que eu sentisse cada extremidade do meu corpo sensível, como se estivesse guardando pequenos relâmpagos debaixo da minha pele.

A casa em que tinha vivido minha infância estava mergulhada no mais profundo silêncio. Era só por isso que eu sabia que não tinha escutado as porras dos sinos.

No dia seguinte, encontrei Lauren sentada em um dos bancos do pátio no intervalo do almoço, escrevendo vigorosamente em um caderno pequeno, que eu sabia que ela não usava para a escola. Um diário? Lauren não parecia ser o tipo de garota que escrevia em diários.

Talvez, se os sentimentos dela fossem os mesmos que os meus, Lauren precisava colocar para fora de alguma maneira. Em tinta sobre o papel. Eu fazia o mesmo, só que com os meus desenhos.

Lauren pulou no próprio eixo quando me sentei ao lado dela, fechando o caderno e pressionando-o sobre as pernas, os nós dos dedos brancos.

— Escrevendo meu nome em todas as folhas do seu caderno?

— Você não é tão foda quanto acha que é. — ela devolveu, com escárnio, mas do tipo engraçado, encarando a capa do caderno fechado em seu colo. Definitivamente um diário.

— Essa doeu.

Ela me agraciou com um sorriso tímido que, mesmo assim, que deixava o sol da manhã cheio de inveja.

— Quer que eu implore por mais um beijo seu, Ronan? — dei um sorriso de lado. Notei como suas pupilas se dilatavam quando eu falava assim com ela.

— Você deveria. — Lauren desviou o olhar, fixando-o em uma garota quieta do outro lado do pátio, com fones de ouvido enormes, deitada sobre uma toalha no gramado; ela ponderou antes de admitir: — Acho que mereço um beijo que não aconteça em uma casa abandonada, no meio de lugar nenhum.

— Mas tinha velas. Você não pode me acusar de não ser um romântico.

— Vocês não são normais, sabe. — percebi o uso do plural. Vocês. Ela estava se referindo a todos nós.

Reparei também que a falta de contexto a assustava. É claro que ela não entenderia os motivos pelos quais o nosso grupo se comportava como se comportava; porque nos recusávamos a viver dias tediosos e normais.

Ela não entenderia, porque não estava lá.

Ainda assim, eu não desistiria. Não apenas pelos sentimentos estúpidos e clichês que tinha experimentado quando senti o gosto de sua boca.

Mas porque ela não tinha medo do risco. Ela já tinha me provado isso. O perigo era uma consequência do ato de viver, e esse era o ponto.

— Vou te levar em um encontro tão normal e entediante que você vai dormir antes de chegarmos nele. — prometi — De tão chato que vai ser.

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