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Eu observava atentamente o relógio na tela do celular sobre a pia do banheiro feminino

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Eu observava atentamente o relógio na tela do celular sobre a pia do banheiro feminino. Só mais cinco minutos para o horário do almoço, e ainda não tinha conseguido tirar a mancha azul da blusa branca de alças que vestia.

Meu consolo era saber que o idiota que tinha arruinado minha roupa no primeiro dia de aula estava em pior estado. Eu já tinha passado por algumas manhãs de ressaca. Sabia bem o quanto alguém precisava beber para exalar álcool por todos os poros.

Atirando a toalha de papel na lixeira, decidi que não tinha muito conserto para a mancha. Eu tinha tentado de tudo: água, sabonete, fricção. Examinei meu rosto no espelho, à procura de falhas na minha fachada. Eu estou feliz por estar aqui, lembrei a mim mesma, exibindo um sorriso falso no meu reflexo.

Eu vestia calças jeans de lavagem neutra, a blusa destruída e botas pretas. Segurava uma jaqueta de couro vermelha e chamativa, que vinha direto do guarda-roupa de Sam. Ela tinha dito que era importante ter uma peça assinatura para fazer uma grande entrada, ou o que seja.

Meus cabelos ruivos estavam chamativos sob a luz direta do banheiro, presos em um rabo-de-cavalo com a franja solta. Pouca maquiagem.

Uma aparência normal. Nada que denunciasse que eu era uma forasteira naquela cidade mal-assombrada.

Joguei a minha bolsa de estampa colorida sobre o ombro e empurrei a porta do banheiro. Caminhei pelos corredores da Fort Valley High School, aguardando o sinal do almoço soar. Em dois segundos, as portas das salas de aula se abriram e meu primeiro impulso era dar o fora dali.

Mas eu era normal agora.

Garotas normais ficam na escola para o almoço. É a oportunidade que garotas normais têm para se encontrar com suas amigas normais, falar mal dos professores e reclamar da grade curricular que tinham recebido para o último ano. O Sr. Crossgrove é um pé no saco, pratiquei mentalmente, caso precisasse dar uma resposta convincente sobre o que tinha achado nas aulas da manhã.

Encontrei a líder de torcida responsável por me dar às boas-vindas na porta da cafeteria. Ela tinha a pele negra retinta, longas pernas torneadas, e trazia os cachos pretos amarrados em um laço bem-feito de fita vermelha.

— Oi, novata. — a garota bonita falou, entregando a sua personalidade raio-de-sol na primeira frase. Notei que seus olhos escuros, emoldurados por sobrancelhas grossas, foram direto para a mancha azul ainda molhada em minha blusa.

— Oi. — respondi, colocando a franja atrás da orelha. Seja gentil, pensei, você quer que ela goste de você.

— Belas botas. — ela elogiou, e olhei instintivamente para meus próprios pés. Os coturnos falsos, lustrosos, com um pequeno salto e cadarços também eram presente de Sam. Só que, desses, eu gostava. Eram mais a minha cara.

— Obrigada, eu acho.

A líder de torcida continuou me encarando, como se esperasse uma resposta mais satisfatória. Eu não tinha uma.

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