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— Eu preciso te contar uma coisa

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— Eu preciso te contar uma coisa.

Hero falou antes mesmo de abrir os olhos. Eu não sabia como ele tinha percebido que eu já estava acordada. Meus músculos doíam, e eu sentia um cansaço tremendo na base das costas. Eu gostava de pensar que era por causa dos saltos altos, mas eu sabia que estava cansada da verdade.

— Bom dia para você também. — me aninhei em seu peito, buscando um abraço. Mas Hero mantinha os olhos no teto do trailer e se recusava a olhar para mim.

— Você me disse tantas coisas ontem. Vive aqui, sozinha, e tudo que tem recebido de nós são convites perigosos e perguntas indecentes sobre o seu passado. Mas nenhum de nós se dignou a te contar o que aconteceu conosco.

O que aconteceu com eles.

— Certo. — eu me empertiguei, sentando-me, os colchões duros escorregando debaixo de mim. A cama improvisada era pequena demais para duas pessoas — Preciso estar apresentável?

Hero depositou um beijo na minha testa, nos poupando do clichê de me dizer como eu sempre estava bonita, mesmo acabando de acordar. Quando se afastou, ele tinha uma expressão dolorida no rosto.

— No ano passado, eu conheci uma garota. Marissa.

— A garota dos desenhos.

— Sim.

Eu estava certa. Aquele era o momento.

O momento que mudaria tudo.

— Essa parte eu já sei. Você se apaixonou por ela, e ela se foi. — falei, sem entender por que ele tinha decidido começar a história tão do começo, em vez de ir direto ao ponto.

— Quando eu a conheci, ela me puxou para dentro. Sei que deve ser difícil de acreditar, porque você me conheceu depois e eu já me senti tão atraído por você que nem me dei a chance de jogar os jogos de sempre. Mas com ela, era diferente. Marissa amava o jogo. Ela amava jogar comigo. Me lembro até hoje de como ela sempre sabia a coisa certa a dizer, e como sempre dizia sim para tudo. Eu demorei, mas acabei atraindo-a para o nosso grupo.

— Coitada. — comentei, para preencher o silêncio — Griffin deve ter feito da vida dela um inferno.

— Pelo contrário. Ele a amava para caralho.

Não soube o que dizer. Tinha encontrado tanta resistência da parte dele em me aceitar, que era inconcebível que ele fizesse uma amizade fácil com uma garota que se envolveu com Hero.

— Quando eu corria, ela estava sempre na beira da estrada torcendo por mim. — ele prosseguiu, indiferente ao meu silêncio — Um dia, eu pedi que ela usasse seu uniforme de torcida. Ela fez dancinhas e entoou cânticos com as outras garotas. Eu me senti invencível. Senti que tinha achado a minha outra metade. E eu a perdi.

A nota de dor em sua confissão era dolorosa de ouvir. Eu conhecia perda. Sabia identificá-la na voz de alguém.

O que eu não sabia era confortá-lo. Tocá-lo parecia inapropriado. E eu tinha medo do que podia sair da minha boca se eu resolvesse falar alguma coisa. Apenas sustentei seu olhar, porque eu tinha esperado por aquele momento por tanto, tanto tempo, que se ele desistisse ou perdesse a coragem, eu podia me desintegrar.

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