23 / griffin

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Eu já tinha chegado em casa e estava com a toalha enrolada na cintura, prestes a entrar no banho quando meu celular tocou

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Eu já tinha chegado em casa e estava com a toalha enrolada na cintura, prestes a entrar no banho quando meu celular tocou. Tinha me certificado de que todos tinham chegado a salvo. Tínhamos bebido muito, eu inclusive. Lauren inclusive.

Os outros ainda não tinham notado que ela jogava fora tudo que despejávamos em seu copo. Mas, no porão, ela não teve por onde escapar. Observei-a com discrição enquanto engolia o vinho quente que Kennedy a servia. Juro que minha prima não deixava o copo dela esvaziar mais do que dois centímetros antes de fazer o refil.

Hero sorria para ela o tempo todo durante Quem Tem Mais Chance. Ela declarou a aceitação a um convite que não tinha recebido para o Baile, e meu estômago afundou para caralho, porque isso estava errado.

Quase tão errado quanto seu nome na tela do meu celular.

Eu atendi, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, ouvi sua voz cortada por um choro desesperado que ligou todos os alertas da minha mente.

— J-Jones... eu preciso de sua ajuda.

Eu corri com o Mustang, cantando pneus pela cidade até o campo afastado em que Lauren tinha estacionado o trailer. Ela tinha movido o veículo. Aquele não era o lugar onde tínhamos nos beijado. Teria ela mudado a localização do trailer após eu tê-la seguido, e descoberto onde e como morava?

Uma onda de culpa me inundou.

Era por minha causa que o que quer que tivesse acontecido, aconteceu. Ela estava chorando, assustada, e a culpa era minha.

Desci do carro e corri em segundos até o trailer. A porta estava despregada do eixo e uma luz fraca dava um ar aterrorizante e fantasmagórico à cena.

Aquilo não era bom.

Quando passei pela portinhola destruída, me deparei com Lauren sobre a cama improvisada, mas mãos amarradas às costas com um pedaço de corda. Seu rosto estava marcado por lágrimas, o cabelo embaraçado. Me esforcei para desatar a amarração, lançando olhares para o meu entorno. O trailer estava todo revirado. Havia roupas jogadas, louças quebradas, portas arrancadas dos armários que contornavam a parte superior do que Lauren Ronan chamava de lar.

— Mas que porra aconteceu? — eu não conseguia nem proferir as palavras, de tão catatônico que eu estava. Lauren não respondeu, se limitando a produzir um ruído rouco. Ela ainda estava bêbada, notei.

Eu tinha ficado automaticamente sóbrio no instante em que tinha ouvido sua voz do outro lado da linha.

Lauren arregalou os olhos para mim, claramente arrependida de ter recorrido à minha ajuda. Ela se levantou e disparou porta afora pelo gramado, fugindo. Sem chance.

— Que lugar é esse? — berrei, correndo na direção dela até que ela parou e se virou para mim. Sua aparência só podia ser descrita como quebrada.

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