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O dia seguinte me surpreendeu com uma primeira vez

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O dia seguinte me surpreendeu com uma primeira vez.

Eu não tinha muitas dessas de sobra. Crescendo em um orfanato sem a melhor administração, e trabalhando ilegalmente na cidade grande desde os catorze anos, aos dezessete, não tinha muita coisa que eu ainda não tinha experimentado.

E isso incluía a experiência do luto. A única vantagem de não se ter uma família é nunca precisar conhecer a dor e o desespero da partida de alguém que se ama desse mundo.

Nem essa gloriosa imunidade me fora concedida, eu pensei enquanto observava o túmulo de Marissa no cemitério à distância, depositando flores em uma lápide de um desconhecido porque não poderia arriscar que alguém me visse homenageando minha irmã, agora que tinha pintado o cabelo e já tinha assumido a identidade de Lauren.

Eu tinha feito de tudo, e me cansado de tudo em igual medida.

Mas naquela quarta-feira, eu acordei com o mesmo pensamento com o qual eu tinha ido dormir na noite anterior.

Eu vou voltar para você. Eu devo a nós conhecer o potencial disso. No fim dessa jornada, eu vou estar curada. E é aí que vou voltar. Não como a sombra de uma pessoa quebrada. Quando eu voltar para você – e eu me recuso a usar a condicionante "se" nesse caso – eu vou estar inteira. Completa.

Daniel.

Eu disse seu nome me voz alta enquanto encarava a edificação em que Lauren tinha se matriculado (me matriculado) poucos dias antes. Uma transferência rápida, decorrente de um suborno caro pago à escola pública de Great Falls que Lauren frequentava de má vontade (e me punia com reclamações diárias por ter que fazer isso).

A escola era impressionante. Forrada de tijolos vermelhos, horizontalmente ampla e com janelas simétricas espalhadas por toda a fachada. Uma escada de seis degraus extensos dava entrada para o corredor principal, que já estava apinhado de gente, mesmo que eu não estivesse atrasada. Na minha antiga escola, ninguém fazia questão de chegar cedo.

Conferi meu celular, sentindo uma pontada de dor ao ver uma foto antiga minha na tela, da época que Lauren e eu ainda estávamos juntas. Eu ainda estava com o meu cabelo natural e as roupas que eu costumava usar: flanela xadrez, um par de jeans e tênis de skate surrados. Ao fundo, estava o parque em que eu costumava matar o tempo, antes do horário em que precisava estar de volta ao orfanato depois das aulas.

Troquei a imagem para o fundo padrão do celular.

O sentimento sombrio de ansiedade se instalou em meu peito. Estava começando. Meses de planejamento e alguns crimes de identidade cometidos, e eu não estava nem perto de estar preparada para aquilo.

Mas antes de conhecer o garoto responsável pela morte da minha irmã, eu tinha um objetivo que, caso não cumprido, poderia comprometer todos os meus planos.

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