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Em vinte e quatro horas, eu passei de uma garota que nunca tinha beijado um garoto, para uma que tinha beijado dois

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Em vinte e quatro horas, eu passei de uma garota que nunca tinha beijado um garoto, para uma que tinha beijado dois.

Asher me levou até a casa de sua infância. Uma casa que, outrora, tinha sido bonita e abrigara uma família feliz. Agora era apenas uma casca de tijolos, concreto e tinta lascada. O museu que guardava um passado em que Hero ainda tinha pai.

Senti alguma simpatia pela edificação. Eu também era isso. Graças a um desastre, eu tinha sido reduzida a uma garota sem irmã, que sequer podia ser qualificada como "filha única", porque eu nunca tive pais.

Ele ainda tinha irmãs. Gêmeas, pelo que tinha me contado. Tive que conter a inveja que me acometeu, porque suas irmãs ainda estavam vivas. Ele as veria crescer, evoluir e se tornarem quem estavam destinadas a ser.

A minha irmã estava debaixo de uma lápide.

A culpa por ter beijado Griffin horas antes fez com que eu me esforçasse um pouco mais para que Hero sentisse que nosso o-que-quer-que-seja estava progredindo. Ele me confidenciou o pai tinha abandonado sua família. Como moeda de troca, e eu contei a ele a verdade sobre meu relacionamento com Sam. Com Lauren.

Eu também contei a ele que Griffin esteve me investigando. Me pareceu ser a coisa certa a se fazer. É o que uma pessoa sem um segredo faria: pareceria indignada por ter um riquinho cheio de contatos vasculhando seu passado.

Mas Griffin tinha se certificado de que minha emancipação não era o único segredo que eu teria que esconder de Asher. Era uma questão de tempo até que eu descobrisse se ele usaria nosso beijo para me afastar de Hero. Tinha forte suspeitas de que ele não faria isso, no entanto. Ele preferia morrer a perder a amizade com Asher e os outros.

Minha estratégia funcionou. Ao contar a Hero sobre Sam, eu desencadeei nosso primeiro beijo. Um beijo bem diferente do que eu tinha compartilhado com seu melhor amigo.

Eu não senti nada.

+ + + +

Eu estava no pátio da escola no intervalo do almoço. Não tinha estômago para me sentar com Os Cinco na cantina, e isso não tinha nada a ver com Marissa. Eu não queria dar de cara com ele.

Meu plano e a concentração que tinha me exigido para convencer Hero Asher de que eu era uma garota que estava disposta a se apaixonar por ele foram suficientes para manter Griffin fora da minha cabeça. No segundo em que me vi sozinha, me peguei tocando meus próprios lábios, a memória do beijo dele impressa em minha pele.

Decidi escrever. Eu tinha um caderno velho, com algumas páginas arrancadas das cartas que escrevi para Marissa. Já tinha escrito umas duas páginas para Griffin, em duas ocasiões separadas. As assinei com meu próprio nome, Sam, para ter a certeza de que eu nunca as enviaria. Depois de perceber que era uma ideia estúpida, parei de escrevê-las.

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