Os dias foram passando e minha amizade com a Rosa só foi crescendo. É uma pena ter que dividir meu tempo entre ela e o Nathan, mas já vi que não tenho outra opção. Também tenho conversado com o Theo durante os nossos intervalos de aula. Ele me apresentou uns amigos, e eu apresentei para ele uns colegas que conheci, da minha turma, a Érica e o Jadson. Sempre ficamos no grupinho conversando, no pátio, até dá o horário da próxima aula.
Mas, de todos, quem eu fiquei mais próxima foi do Carlos. Ele finalmente parou de dar em cima de mim e agora até me pede conselhos amorosos sobre com qual menina ele deve sair.
Nossa amizade se deu porque numa noite estava acontecendo uma calourada e eu fiquei observando a festa, da janela do meu quarto, que fica bem em frente à praça cheia de arbustos que eu costumava ficar admirando a paisagem.
O barulho não me incomodava e eu gostava de ficar vendo o comportamento das pessoas. Me ajudava a compreender o mundo.
FlashBack
Foi quando vi o Carlos arrodeado de meninas, todas conversando, rindo e tocando nele. Fala sério, tem coisa mais chata do que te fazerem de touch screen? Notava que ele ia para um lado, e elas o seguiam. Ele ia para o outro lado, e o mesmo acontecia. Um tempo se passou e a situação continuava a mesma.
Em determinado momento, ele olhou para cima, na direção da janela do meu quarto, e me viu rindo da cena, então sorriu e juntou as duas mãos, como se estivesse rezando, me pedindo ajuda, por favor. Eu ri mais ainda, mas me compadeci do ''sofrimento'' dele. Desci as escadas e fui até lá.
Apesar do horário, o caminho foi bem tranquilo porque a rua estava muito movimentada devido à calourada. Passava por pessoas rindo, grupinhos de amigos dançando e casais se beijando.
Na hora em que cheguei, o Carlos me puxou rapidamente e ficou com o braço em cima do meu ombro, me abraçando de lado.
— Já conhecem minha namorada, meninas?
Ele me apresentou para duas meninas que estavam conversando com ele agora. Elas me olharam, como se quisessem me matar. O que me deu a maior vontade de continuar a farsa.
— É um prazer conhecê-las. — e, virando para o Carlos, disse — Amor, você está tão lindo hoje. Qualquer menina poderia dar em cima de você. Ainda bem que você é comprometido. — Apertei as bochechas dele — Não é mesmo, garotas?
— E-Err... é claro. — elas responderam, com um sorriso falso.
Então, prossegui — Amor, estou exausta. Você me acompanha até o quarto?
— É claro, sua companhia sempre me alegra, meu docinho. — Ele acenou para as meninas e nós saímos de lá.
— Você me deve agora. — Olhei para ele, vitoriosa, enquanto nos afastávamos da festa — E por que não queria nenhuma, afinal?
— Fala sério, você olhou para elas?
Eu sorri, mas não entendi o que ele quis dizer com aquilo. Achei as garotas lindas.
Fomos conversando sobre coisas aleatórias até chegar no meu alojamento, que ficava a dois quarteirões da praça.
— Não precisava ter vindo realmente me deixar até aqui. — falei — Não está perigoso, nem nada.
— Claro que precisava. Não é seguro moças bonitas andarem pelo campus desacompanhadas a essa hora. — Eu fingi não ouvir o elogio.
— Bom, eu te vejo por aí. — E, acrescentei, brincando — Namorado.
Ele riu.
— Até mais, meu docinho. — Ele me deu um beijo na bochecha, digamos próximo até demais da minha boca, e foi embora.
-
Estava pensando nisso, enquanto ia em direção à biblioteca, quando alguém tampa meus olhos, com as duas mãos.
— Ei, seja lá quem for, cuidado com os meus óculos. — bufei.
Normalmente uso lentes de contato, mas tem dias que a preguiça é maior e só coloco meus óculos vermelhos mesmo. Também não é como se eu fosse cega, só tinha 2 graus de miopia em cada olho.
Olhando para trás, me deparei com o Theo e o Carlos.
— Só podia ser a dupla dinâmica. — zombei deles.
— Quem te viu, quem te vê, mocinha. Onde estão seus modos? — brincou o Carlos.
— Deve ser as más companhias que estão influenciando ela. — rebateu o Theo.
— Muito engraçadinho vocês dois. — Fiz uma careta.
— Vai fazer o que agora, meu docinho? — Desde o dia da calourada, o Carlos só me chama assim agora.
— Estava indo na biblioteca pegar um livro e ver o Nathan. — falei, sabendo que eles não iam gostar da minha resposta.
Como previsto, os dois reviraram os olhos. Então, eu completei.
— Olha, já falei para os dois como o Nathan é importante para mim. Querendo ou não, um dia vamos ter que sair todos juntos. Vocês são meus ''miguxos''. — Fiz um coração com as mãos, para que a sentença fosse ainda mais cômica.
Eles riram.
Logo, Carlos pegou o celular dele e me mostrou a foto de três meninas, perguntando qual era a mais ''gata''. Notei que o Theo ficou meio incomodado, mas achei que não fosse nada.
Como já tinha mais intimidade com eles, resolvi brincar — Gata... gata, aqui, só eu, né!? Mas... essa aqui é a menos feia. — falei, apontando para a foto de uma menina morena com cabelos trançados. Ela era linda.
— Então, será ela a felizarda de hoje à noite. — Ele sorriu.
Esse Carlos não muda.
— Bom, rapazes, tenho que ir. O Nathan, meu BFF — Falei de propósito e, como esperado, eles reviraram os olhos mais uma vez — está me esperando.
Abracei os dois, me despedindo, e fui em direção à biblioteca.
Quando dobrei o quarteirão, tropecei na calçada e minhas coisas caíram no chão, perto de uns arbustos, então me demorei um tempo lá, juntando tudo. Desastrada é pouco.
O Carlos e o Theo estavam andando pela calçada e eu pude ouvir um pouco da conversa dos dois.
— Cara, por que você sempre inventa essas coisas para ela? Não seria mais fácil dizer a verdade, que desde que a conheceu não ficou com nenhuma menina? — perguntava o Theo, parecendo meio triste.
— Sei lá, na hora eu fico nervoso e não consigo. — respondeu o Carlos.
— Nunca te vi assim antes... — constatou o Theo. — É sério o que sente por ela?
— Sinceramente, nem eu sei o que sinto. — Ele baixou a cabeça — Mas, com certeza, ela é minha melhor amiga. — E o Carlos saiu andando na frente.
— Minha também. — Sussurrou o Theo para si mesmo, e seguiu o amigo.
Eu fiquei ali, parada, sem reação, absorvendo tudo o que tinha escutado, e se tinha entendido direito o que acabei de ouvir.
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Aconteceu na faculdade
RomanceLila é uma garota que sonha com os clichês das histórias românticas que ela passou a vida toda lendo e assistindo. Ao se mudar para sua nova faculdade, para cursar Letras, ela se vê de frente com situações e pessoas que ela não sabe como lidar. Ela...