Capítulo 33 - Para Sempre

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Entrei no quarto, com a Rosa segurando minha mão. Os pais dele não estavam lá, pois tinham ido descansar em casa e aproveitar para pegar umas roupas para o Theo.

Estava um pouco nervosa, no pequeno caminho entre a entrada, a porta e o quarto.

Logo que pisei lá, avistei o Pedro sentado em um sofá. Depois, vi Carlos numa cadeira, perto da cama. Por último... vi o Theo. O meu Theo. Ele estava sentado naquela cama hospitalar, fria, com a cabeça baixa.

Parei de respirar por alguns segundos. Rosa passou na minha frente e foi abraçá-lo. Perguntou como ele estava e disse que ele era muito importante para ela. Eles conversaram um tempinho. Durante todo o tempo da conversa dos dois, eu fiquei calada, em um canto do quarto. Não tinha reação nenhuma.

Logo depois, ela foi se sentar no sofá, junto com seu namorado. E eu fiquei pensando que agora seria minha vez. Eu ia falar com ele. Tentava mover meus pés, mas o medo fazia com que eles permanecessem grudados ao chão, estáticos.

Para minha surpresa, depois de alguns segundos, que pareceram horas, o Theo falou.

— Lila... Você está aí? — Ele permanecia com a cabeça baixa.

— E-estou... — Minha voz falhou. Finalmente, forcei meu corpo a ir em frente, e segurei sua mão. — Eu estou aqui, Theo.

— Desculpa a demora... E-eu simplesmente não queria que você me visse assim. — Ele começou a falar.

— Assim? Você ainda é o mesmo Theo. O mesmo cara pelo qual eu me apaixonei. O mesmo que eu amo... Eu sempre vou te amar.

— Eu também te amo, Lila. Para sempre. — Ele deu um sorrisinho, e meu coração ficou em paz. Tudo vai ficar bem.

Ele finalmente levantou a cabeça e eu pude ver seus olhos. Eles não pareciam ter nada de errado, exceto a falta de brilho. Eles ainda eram bicolores e absolutamente nada demonstrava um sinal de sua cegueira.

Tive vontade de chorar. Seus olhos, antes tão vivos, agora estavam mortos. Todo o brilho tinha desaparecido. Os mesmos olhos que leram grandes poetas e me escreveram lindas poesias de amor, agora estavam inúteis. Sem funcionamento.

Tentei me distrair, olhando para outro lugar. Vi Carlos me observando. Ele me falou, em forma de leitura labial: seja forte.

Carlos tem razão. O Theo precisa de mim. Não quero que ele se preocupe comigo. Já basta toda a situação pela qual ele está passando.

Afastei todos os pensamentos negativos e lhe dei um abraço de urso. O Theo começou a rir com a minha atitude. E, em seguida, passou a mão pelo meu rosto... ele procurou a minha boca. E me beijou.

Todos os presentes começaram a fazer ''huuuuuuuuuuuum'', a tossir e a tirar várias brincadeirinhas. O que nos deixou bastante vermelhos.

— Será que um homem não pode ter privacidade com sua namorada? — Ele falou, brincando.

Ufa, ainda somos namorados. Tudo vai ficar bem, eu ficava repetindo mentalmente para mim mesma.

— Tive tanto medo de te perder. — Ele sussurrou no meu ouvido — Desculpa pela crise de ciúmes.

Eu sorri abertamente, mas ele não poderia ver meu sorriso. Então, apenas apertei sua mão bem forte, sinalizando que agora que estávamos juntos, nada poderia nos separar.


...


Estávamos distraídos, conversando. O Theo parecia bem melhor. Parece que, mesmo sem enxergar, quando o tratamos normalmente, ele se sente feliz. Não se sente diferente, ou mesmo causando algum tipo de peso.

Aconteceu na faculdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora