Capítulo 34 - Sala de Espera

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Eu estava nervosa, sentada na cadeira hospitalar da sala de espera. Não parava de bater os joelhos, era involuntário. Carlos estava hipnotizado pela parede, perdido em pensamentos. O Pedro só andava de um lado para o outro. Eu estava impressionada dele ainda não ter aberto um buraco no chão. O senhor e a senhora Roriz barravam todos que estivessem usando branco, procurando por alguma informação. Os demais tentavam nos consolar e ficavam trazendo água e comidas. Eles conversavam mais entre si. Acho que tinham medo de falar alguma coisa errada.

Nathan se sentou ao meu lado, e me abraçou. Eu já não tinha mais lágrimas para chorar. Apoiei a cabeça em seu peito e fiquei assim, sem energia, apática.

— Essas coisas demoram mesmo. Tudo vai dar certo, pequena. — Ele tenta me consolar.

— Já faz 4 horas, Nath. 4 horas! Ninguém dá nenhuma notícia... — Repito isso pela milésima vez.

A Juliana se aproxima, cautelosa.

— Alê foi atrás de conseguir alguma informação para nos passar de como está indo a cirurgia... — Ela se agacha para ver meu rosto — Tudo bem?

Faço que sim com a cabeça e sussurro um ''obrigada''.

Ela sorri e se levanta. Nathan a acompanha e, agora, é a vez do ruivo sentar ao meu lado.

— Incrível que por uma besteira tudo possa mudar. — Digo, em um tom baixo de resignação.

— Lila... Eu preciso te contar... Bem... Não sabia que isso era tão importante pra você, então...

Fiz cara de confusa. Carlos respirou fundo e continuou.

— Sabe, aquela foto que você viu, o Theo comigo em uma festa, no Natal? Bom... Ele odeia essas festas, sempre fica sentado, enquanto eu aproveito. — Ele deu uma pausa e logo prosseguiu — Ele sempre pensa em mim. E eu nunca penso nele.

— Isso não é verd...

— É sim, Lila. Ele sempre vai a essas festas por mim. Pra me vigiar, tomar de conta. Garantir que eu não passe dos limites. Eu não sou mais uma criança, respondo pelos meus atos. Mas... o Theo sempre se importa. Ele odeia essas festas e vai por mim. — Ele passou as mãos em seus cabelos despenteados — E eu nunca pensei nele primeiro. Foi assim com as festas, foi assim com você...

Ele me encara por alguns segundos e eu começo a entender o que ele está dizendo. O Theo sempre gostou de mim, mas abriu mão disso para que o Carlos fosse feliz. Quando Carlos soube que seu melhor amigo sentia o mesmo que ele, pela mesma garota, ele nem cogitou a possibilidade de ceder. Ao invés disso, ele se empenhou mais na ''competição''.

Fui acordada pelo meu devaneio com alguém segurando minha mão. Ainda era o ruivo. Ele me entregou uma carta.

— Do Theo. — Fiz cara de desentendida — Ele me pediu para te entregar quando estivesse na cirurgia. Bem... A letra é minha, mas as palavras são dele. Ele foi ditando.

Sorri, agradecida. Levantei e fui para uns banquinhos que tinham do lado de fora do hospital, em um jardim.

Respirei fundo o ar limpo. Não havia ninguém ao meu redor. Olhei para o envelope em minhas mãos, abri e comecei a ler.


Eu amo o seu sorriso e como ele sempre aparece quando me ver. Amo seu olhar que consegue traduzir o seu sentimento. Amo quando você diz que está com saudade e de como você sente ciúmes. Eu amo quando você acaricia o meu rosto e mexe no meu cabelo. Amo seu nariz. Amo quando baixa a cabeça para tentar entender algo que te deixa triste. Eu amo quando você balança a cabeça, franze o cenho e sorri, antes de dizer que me ama. Amo seu jeito de gostar do meu jeito. Amo suas piadas. Amo quando enxuga minhas lágrimas e me abraça. Amo o seu jeito desastrado. Amo está na sua presença, mesmo que nenhum de nós dois diga nada. Eu amo ficar sonhando com o nosso futuro. E, acima de tudo, eu amo você.

Aconteceu na faculdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora