Capítulo 12 - Velhos amigos

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Os dias se passaram e o Theo me tratava como se aquela noite não tivesse existido. Os olhos dele continuaram cinzas tristes. Será que foi tudo um sonho?

Finalmente o Nathan vai ter um tempinho para ficar comigo. Segundo ele, essa história da monitoria, somado com as próprias cadeiras da faculdade, estava o consumindo. Eu acredito. Quem disse que faculdade é só festa e curtição nunca esteve em uma de verdade. Às vezes quase enlouqueço tentando entender algum assunto. Além das leituras obrigatórias, que não acabam nunca.

Cheguei ao bloco de Direito às 16 horas, como havíamos combinado. Sentei em um banquinho e fiquei esperando ele aparecer. Coloquei uns fones no ouvido e fiquei ouvindo as músicas da banda Oasis.

Passado uns 20 minutos, tirei os fones e fui procurar o Nathan pelo bloco, pois ele já estava consideravelmente atrasado. Foi quando o avistei do lado direito do seu bloco, bem próximo de onde eu estava.

Reparei que ele estava conversando com a Juliana e um garoto que eu não conhecia. Eles estavam rindo bastante.

— O-oi. — Falei meio sem graça por interromper o papo deles.

Logo, a Juliana fechou a cara pra mim.

— Aeeee! Até que enfim você chegou. Pensei que tinha esquecido de mim. — Ele fez um beicinho lindo.

— Eu estava te esperando em frente ao bloco a algum tempo. Ainda bem que vim te procurar aqui. — Respondi a ele.

— Qual é! Só porque agora é universitária virou boçal e não fala mais com os amigos?! — Falou o cara desconhecido, olhando na minha direção.

Olhei para trás, pensando que havia alguém nas minhas costas. Como assim? Ele estava falando comigo mesmo?

— Que é? Não está me reconhecendo?

Olhei confusa pra ele. Aquilo era uma pegadinha? Eu nunca tinha o visto em toda a minha vida.

— Olha, vou te dar uma dica. — Ele abriu a bolsa e me ofereceu um biscoito de chocolate — Quer?

— M-mas... isso é... Diego? — Olhei para ele de olhos arregalados. Só então a ficha caiu — DIIIIIII!!!! — Pulei em cima dele e o abracei bem forte. Ele me tirou do chão e me rodopiou no ar, ainda abraçados.

Escutei a Juliana resmungar algo sobre eu sempre estragar tudo.

Nem liguei. Nós nos soltamos e começamos a rir feito bobos.

— Como assim vocês se conhecem? — Perguntou o Nathan, espantado.

— Ah, eu e a Lila fizemos um curso de inglês juntos. Passamos bem 3 anos na mesma sala. Mais o menos isso, né? — Ele se virou para mim.

— Unhum. Mais ou menos isso. — Falei ficando meio vermelha. Eu e o Nathan trocamos um olhar rápido. Droga, ele se tocou. Resolvi mudar o rumo da conversa.

— Então, o que está fazendo aqui? E como conhece eles? — Falei para o Diego, enquando apontava para o Nathan e a Juliana.

— Mudei de batalhão esse ano. Meu quartel é ao lado da faculdade, e como tem um campus tão perto, treinamos aqui, de vez em quando.

— Que coincidência! — Não pude deixar de sorrir. Só agora estava notando sua roupa de militar.

— Pois é. Numa dessas idas e vindas, acabei conhecendo a Ju. — Ele piscou pra ela. E, ela sorriu bobamente.

Espera aí! Eu perdi alguma coisa?! Oi?!

— Vem, Lila. Se não, nossa saída já era. Está ficando tarde e a sessão do cinema é às 17:00. — O Nathan me puxou.

— Espera... vocês são... namorados? — Perguntou o Diego, meio sem jeito.

Eu olhei para o Nathan, ele olhou para mim, nós olhamos para a Juliana, depois olhei para o Nathan de novo, e começamos os três a rir. Rir de gargalhar. Aquilo era uma piada.

— O-ok, já vi que a resposta é não. Não sei porque isso foi tão engraçado. Quer dizer... vocês estão saindo e tudo mais... — Ele comentou, meio corado.

— É que somos irmãos. — eu e o Nathan falamos juntos. — Ele olhou confuso para a Juliana. E, ela completou: — Tecnicamente. Não de sangue. Crescemos juntos.

O Diego pegou meu número e prometemos continuar mantendo contato. Me despedi dele e ele me deu um mais um abraço super apertado, depois me beijou na testa, e ficou me olhando como um bobo enquanto eu ia embora com o Nathan. Aquilo me fez corar um pouco. Mas, acho que é normal, depois de tanto tempo, a gente se reencontrar... E, uauu, como ele está lindo, desde que entrou para o exército... Tanto que eu nem o reconheci...

A sacada do biscoito de chocolate foi muito boa, uma vez que sempre que nos víamos no curso dividíamos um pacote. Era a nossa tradição.

Assim que nós nos afastamos, o Nath perguntou.

— Então, é ele? — O loiro levantou uma sobrancelha.

Droga! Droga! Ele realmente tinha notado. E, não ia deixar passar esse assunto.

Suspirei — É, é ele.

— Você disse que ele era feinho. Que as pessoas zoavam ele... — O Nathan me olhou com um olhar zombeteiro.

— Ele era... Se bem que nunca liguei muito para a aparência dele. Mas, com certeza, ele mudou bastante...

— Nota-se. Quase babou no menino. — O Nathan me empurrou de lado.

— Para! C-claro que não. — Empurrei ele de volta.

— Ahh tá! ''C-claro que não'' — Ele me imitou, com uma vozinha feminina.

— Eu não falo assim. — Mostrei a língua para ele.

— ''Eu não falo assim''— Ele me imitou mais uma vez, com sua voz chatinha.

Depois de tempo caminhando, o Nathan se virou para mim, olhou nos meus olhos, e fez a pergunta que eu temia não saber responder.

— Então, senhorita Lila Hesk, como se sente, depois de quase 5 anos, reencontrar o seu primeiro amor? 

Aconteceu na faculdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora