Chegando no meu quarto, a Rosa já estava de malas prontas para ir para casa, o que me deu inveja já que ainda nem comecei a arrumar as minhas coisas.
Contei tudo o que tinha acontecido na noite e ela ficou morrendo de rir da minha cara, e tentando imaginar a reação do Theo.
Mandei uma mensagem para o Nathan me encontrar amanhã de manhã, em frente ao meu alojamento.
Quando comecei a arrumar minhas roupas, a Rosa se sentou na minha cama e começou a falar.
— Sabe, Lila... eu tava pensando... Já faz um tempo que eu e o Pedro terminamos e ainda assim ele me liga pelo menos 2 vezes ao dia...
— Aonde você está querendo chegar? — Parei de dobrar uma blusa e olhei para ela.
— Amiga, eu não consigo. Eu quero voltar com ele. Não vale a pena jogar 4 anos fora só porque ele fez uma besteira. Sem contar que todo mundo fala o que não deve quando está com raiva... — Parecia que ela estava pedindo minha permissão.
— Rosa — Suspirei — Você o ama?
— Mais do que tudo. — Ela nem sequer hesita em responder.
— Então, não deixe ele escapar. — Disse, já sentindo uma dor no coração pelo Nathan. Afinal, as meninas que ele realmente gosta, nunca o correspondem da mesma maneira.
— Obrigada, Lila. E eu digo o mesmo pra você.
Eu olhei para ela com um olhar confuso.
— Não faça essa cara. Você sabe quem você ama. Não tenha medo! — Ela pisca para mim.
Refleti sobre aquilo enquanto terminava de arrumar a minha mala.
Talvez meu coração já saiba algo que a minha mente está custando a perceber.
Terminei de arrumar as minhas coisas mais tarde do que esperava. Fiz uma lista do que precisava guardar no dia seguinte e fui dormir, pois necessito de, no mínimo, 5 horas de sono.
Acordei com o despertador, e minha vontade era de jogá-lo do outro lado do mundo. Desliguei o aparelho com raiva e voltei a dormir. Despertei com meu celular tocando, era o Nathan.
— É melhor já está pronta. Só vou te esperar mais 10 minutos, mocinha.
— Só vai esperar mais 15 minutos? Certo. Chego em 20. — Falei bocejando.
— Alguém já lhe disse que você é muito gaiata? — Ele diz, rindo.
— Desde que comecei a ser sua amiga. — Falo já fechando os olhos.
— Agora, sério. Tou aqui esperando. Vem logo.
— Ok... — Respondo, deitando na cama.
— Se você dormir de novo, vou te colocar de baixo do chuveiro, igual quando tínhamos 11 anos.
— Tá, tá! —Bufei e me levantei da cama, de mau humor.
Joguei o celular na cama e fiquei encarando a porta do banheiro, tomando coragem pra tomar banho.
— Iiiiiiiih, parece que alguém acordou com o pé esquerdo hoje. — Me virei e dei de cara com a Rosa toda arrumada, já pronta para partir.
— Você vai embora que horas? — Perguntei, procurando meu celular para saber que horas eram.
— Acho que daqui a umas 2 horas. Meus pais vêm depois da missa matinal. É que eu queria ver se me encontrava com o Pedro antes de ir...
— Entendi. Boa sorte, amiga. — Eu a abracei.
— Obrigada. E, boas férias. — Ela retribui o abraço e logo depois vai embora, enquanto eu entro no banho.
Me arrumei bem rápido, já estava saindo do quarto, quando notei um bilhetinho em baixo da porta. Dessa vez, ele estava assinado.
Estar contigo, tocar seu rosto sem medo, olhar em seus olhos e me esquecer do tempo. Queria ficar assim para sempre... Fica pra sempre assim? - Theo
Eu sorri bobamente, coloquei a pequena frase dentro da minha bolsa, com cuidado, e desci os degraus de dois em dois.
Chegando no piso térreo, eu me deparei com um Nathan de cara feia.
— Desculpe, não sabia que tinha demorado tant...
Logo entendi o motivo da raiva do loiro. Carlos estava parado a sua direita. Ele segurava um violão, o mesmo da noite passada.
Ao me ver, ele se aproximou e começou a tocar e cantar a música Thunder, da banda Boys like Girls.
Terminada a canção, Nathan resmungou.
— Já terminou com o showzinho? — O loiro cruza os braços.
Então, o ruivo se aproxima de mim, me entregando uma bouvardia, o que só fez me lembrar que essa ideia era do Theo, e me deu um beijo na bochecha.
— Agora acabei. — Ele sorri de lado. — Boas férias. — E vai embora assobiando, de bom humor.
Eu comecei a rir da situação e o Nathan estava com uma cara de indignação.
Ficamos conversando durante alguns minutos e logo depois a Juliana chegou. Nós íamos embora juntos, já que morávamos perto uns dos outros.
Nathan foi dirigindo e a Juliana fez questão de sentar no banco da frente. Não discuti e fui no banco de trás, lendo um livro, Cem anos de solidão.
Era estranho está finalmente voltando para casa, depois de 6 meses longe. É claro que sempre ia visitar meus pais, mas era diferente... agora a Focus era o meu lar, a minha realidade. Passar 2 meses afastada dos estudos pode ser bom para qualquer aluno, mas não para mim. Eu amava o que fazia e não queria ficar sem aula. Não queria ficar longe das amizades que fiz. Porém, pelo menos, vou ter um tempo com a minha família. Sem contar que... só porque não estou na faculdade, isso não me impede de ver os outros. De ver o Carlos... De ver o Theo...
É claro que ainda tenho que ir atrás de matar o Jadson pelo mico que ele me fez passar e explicar a minha situação com o Theo para a Érica. Espero que ela entenda.
Chegamos ao nosso querido bairro. Nathan estacionou o carro, e nós 3 descemos.
Me despedi dos dois e fui rumo à minha casa. Chegando lá, meus pais me esperavam com uma faixa de bem-vinda. Eram só eles dois, e seria cômico, mas aquilo me emocionou de certa forma. Não tinha notado o quanto estava com saudade dos dois. Os abracei e, depois de muitos beijos, broncas e ''você está muito magrinha'', fui ao meu quarto para recuperar o sono perdido.
Minha mãe me forçou a comer algo antes. Após a refeição, coloquei meu pijama mais desgastado, agarrei o ursinho que o Diego tinha me dado a 5 anos atrás, e comecei a fechar os meus olhos lentamente.
Tenho certeza que essas férias serão inesquecíveis.
Pensando nisso, adormeci.
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Aconteceu na faculdade
RomanceLila é uma garota que sonha com os clichês das histórias românticas que ela passou a vida toda lendo e assistindo. Ao se mudar para sua nova faculdade, para cursar Letras, ela se vê de frente com situações e pessoas que ela não sabe como lidar. Ela...