Capítulo 13 - One Kiss

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Os dias se passaram e eu não voltei a conversar com o Diego. Às vezes, eu o via passando, marchando pelo campus, junto com outros militares. Ele só acenava para mim, e de vez em quando.

Quanto às aulas: O período de provas tinha finalmente terminado e parece que todos voltaram a respirar normalmente. Já estávamos praticamente de férias, apenas esperando os resultados finais.

A Rosa queria comemorar o final do semestre e resolveu chamar uns amigos para ir ao One Kiss, um lugar bacana em que os jovens podiam conversar, ouvir música, dançar e se divertir, segundo ela.

— Isto está me parecendo mais uma boate. — Fiz uma careta.

— Tá mais pra um barzinho. — Ela viu que revirei os olhos — Qual é, Lila? Você nunca sai?

— Não gosto de lugares com muita gente... Sou caseira.

— Por favor... por mim! Eu preciso de você lá. Briguei com o Pedro e ele precisa me ver lá linda de morrer.

Sorri com o comentário dela — Tá bom, eu vou. — Suspirei.

— Nossa, vai pra onde? Uma festa, ou uma forca? — Ela me provocou.

— Ainda tá achando ruim? — Ameacei.

— Não, não. Está ótimo. Vamos escolher nossas roupas! — Ela deu uns pulinhos, indo ao seu guarda-roupa.

Sentei na cama e enviei uma mensagem para o Carlos, avisando da tal festa. Nós voltamos a ficar bem próximos depois que conversei naquela noite com o Theo. Foi como se o nosso encontro nunca tivesse existido, nós eramos super amigos novamente.

Quando o Nathan soube que o Carlos ia, disse que iria também. Ciumento nada ele.

Eu e a Rosa combinamos de nos encontrarmos com os rapazes, às 22 horas, no próprio One Kiss, já que era perto da Focus.

Depois de muita insistência da Rosa, me arrumei como ela queria. Coloquei um tubinho vermelho curto, com um salto preto trançado na perna. Para não ficar tão nua, coloquei um blazer vermelho por cima. Cabelos soltos, com as pontas enroladas, e uma maquiagem marcando os olhos.

Eu não saio muito à noite, ainda mais para esses lugares, então até que me diverti me arrumando assim. Gostei da minha aparência. A Rosa me ajudou muito, principalmente na maquiagem, que não sei usar bem, nem sequer tinha todos os produtos.

Falando nela, a Rosa estava realmente deslumbrante com um vestido roxo colado em seu corpo, com as costas nuas, e um salto BEM alto, branco. Ela prendeu o cabelo em um coque, deixando alguns fios dele solto.

Chegamos ao local, e vi que já estava lotado de gente. Logo na entrada, avistamos o Pedro. Ele não tirava os olhos da Rosa. Parou o copo que estava segurando na metade do caminho até sua boca. Rosa sorriu com aquilo. Ela passou bem próximo dele, mas o ignorou.

Sorri com isso. O Pedro estava totalmente desestabilizado. Minha amiga sabe provocar. Fomos até um canto da sala, perto do bar, e agradeci mentalmente que o lugar tinha uns bancos para sentar. Não sei como ia aguentar ficar a noite ali, em pé, com o salto que estava calçando.

Após alguns minutos com o Pedro encarando a gente, vulto Rosa, com uma carinha de cachorro sem dono, insisti para ela ir falar com ele, e ela foi.

Não deu 5 minutos e eles já estavam se beijando. Realmente, eles são muito lindos juntos. Estava pensando nisso quando ouvi um suspiro. Olhei para trás e dei de cara com o Nathan. Ele estava olhando, com tristeza, para o casal doçura.

— Vem, Nathan, hoje não é a noite para ficar triste. — Sai puxando meu melhor amigo para a pista de dança.

— Você está linda. — Ele me olhou de cima a baixo. — Quem te autorizou a usar essa roupa? Porque eu não fui.

— Vai começar, papai? — Brinquei com ele.

— Só estou tentando cuidar de você. Metade desses caras estavam babando ou te devorando com os olhos. E, sinceramente, não estou a fim de sair brigando com ninguém caso algum engraçadinho se meta com você.

— E caso se metam com a sua irmãzinha? — Falei, apontando para a garota que tinha acabado de chegar. Ela estava perfeita com o seu tubinho preto brilhoso tomara de caia.

— Juliana! — Nathan foi na direção dela, provavelmente também tentando a alertar sobre os perigos do seu visual. Ele não muda mesmo.

Saí da pista de dança, me perguntando onde o Carlos foi parar. Sentei em um balcão e pedi um refrigerante. Nessa hora, uma menina sentou ao meu lado. Ela tinha um cabelo rosa, bem estiloso.

— Você não odeia festas assim? Já tive que me livrar de três meninos. — Ela bufou, mas, na verdade, senti que estava mais se divertindo do que reclamando.

— Com toda a certeza. — Sorri para ela da mesma forma. — Lila.

— Luna. Prazer conhecê-la.

Em seguida, uma garota bem alta, com dread no cabelo, veio em nossa direção.

— Luna, não me deixa sozinha aqui de novo, ok?

— Que drama, Débora. Eu só vim beber alguma coisa. A propósito, essa é a Lila. — Ela falou, apontando para mim com os olhos.

— Prazer. — De repente ela arregala os olhos — Ei, você não é a menina do Carlos?

— E-eu s-sou o q-quê?

Luna dá uma cotovelada na amiga, e se desculpa comigo.

— Não é nada não. Ela te confundiu, só isso. — E olhando para a Débora — Vem, temos que ir.

— Pra onde? — Débora parecia confusa.

— Aquele lugar lá. Aquele. — Diz Luna com fúria nos olhos.

— A-aquele? Que lug... Aaaaaaaaaaaah sim, é. Aquele lugar. C-claro...

As duas se despediram de mim e foram embora bem rápido. Que estranho. Bom, vai entender o ser humano. Dou de ombros.

Uma banda começou a tocar. Não vi mais o Nathan, nem a Juliana, nem a Rosa, nem o Pedro. Nem as duas meninas maluquinhas.

O que que eu estava fazendo ali?

Estava pensando seriamente em chamar um uber e ir embora, quando a banda começou a tocar uma música que eu amo demais. Resolvi aproveitar um pouco mais a noite e fui dançar sozinha. A pista estava lotada, então fiquei em um canto mais afastado. Enquanto eu dançava, alguns meninos chegavam em mim. Eu, porém, dava fora em todos. Só queria me divertir até tirar o salto. Fazia séculos que não dançava assim.

De repente, chegou um menino bêbado, tentando me beijar. Eu o afastei, mas ele tinha mais força do que eu. Avisei que não queria, e ele continuou insistindo. Como estava escuro, não sabia quem era, mas ele sabia meu nome. Logo notei que se tratava do Guto. Já estava entrando em pânico tentando escapar das mãos dele. Parecia que, do nada, eu estava dentro de um pesadelo. Ele estava prestes a me agarrar quando alguém o empurrou.

Na confusão do jogo de luz, não consegui ver quem tinha me ajudado, já que a pessoa estava de costas. Quando ela se virou, eu o abracei.

— Obrigada por isso, Theo.

Aconteceu na faculdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora