Capítulo 14 - E agora?

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Eu e o Theo ficamos abraçados por alguns instantes. Meu coração estava ainda se acalmando do que aconteceu. Minha respiração já estava quase normal. Ficar aconchegada nele me trouxe paz. Parece que o tempo tinha parado. Estava tocando uma música lenta, e sem notarmos, começamos a nos mover devagarinho, conforme o ritmo ditava. Passos para um lado e para o outro. Estávamos dançando sem nem ao menos termos a consciência disso. O Theo estava com suas mãos na minha cintura e eu o abraçava pelo pescoço. Podia ouvir as batidas do seu coração, uma vez que minha cabeça batia em seu peito. Ele tinha a respiração rápida, pois seu peito descia e subia de forma descompassada.

De repente, ele se afasta um pouco de mim e me olha nos olhos.

— Lila... E-eu...

— Ei! — Notei que seus olhos estavam coloridos e cheios de vida — Você não está mais usando lentes.

— É... Acho que está na hora de me aceitar como sou... Obrigado. V-você me ajudou nisso.

No escuro, ali, dançando com o Theo, parecia que eu estava em uma realidade paralela, um sonho. Seus olhos se tornavam mais penetrantes, pois o jogo de luz brincava sobre o seu rosto. Ora evidenciando as cores, ora obscurecendo.

A música acabou e ficamos parados, olhando um para o outro. Nenhum dos dois queria ser o primeiro a se afastar.

— Lila... — O Theo começou — Sobre aquele dia no meu quarto... e-eu... — Ele estava pondo as mãos na minha nuca, massageando os meus cabelos — só q-queria dizer q-que... eu não consigo parar de pensar...

Na hora, um som estridente no palco nos assustou. Carlos estava subindo nele, com uma guitarra. Não sabia que ele tocaria na festa, hoje.

O Theo se afastou e, sem dizer uma palavra, foi sumindo na escuridão do local e das pessoas em volta.

— T-Theo? — Olhei ao redor e não o vi mais. No chão, havia um pequeno caderno. Notei que era um bloco de notas. Abri a primeira página e li o nome "Theo" em uma linda caligrafia. Guardei o bloquinho dentro na minha bolsa e voltei minha atenção para o palco novamente.

Reconheci as duas meninas que tinham falado comigo mais cedo. A Luna e a Débora. Elas iriam tocar com o Carlos. Luna no baixo e Débora na bateria.

— Queria dedicar essa música a alguém especial. — Disse Carlos, e começou a tocar.

Por causa dos instrumentos, pensei que a música seria mais pesada, porém ela era melódica e surpreendente romântica. Fiquei absorta na sua beleza e na sua profundidade. Carlos gritava o refrão com toda a intensidade de sua alma.

Notei que a Juliana estava bem na frente do palco, se exibindo para ele.

— Não acredito que ela realmente acha que a música é para ela. Tadinha. — Disse Nathan se aproximando de mim, como se tivesse lido os meus pensamentos.

— V-você acha que a m-música é pra q-quem? — Perguntei, já sabendo a resposta.

— Bom, ele não tira os olhos de você. Nota — Ele apontou para o ruivo — Ele nem pisca na hora de falar que queria passar a mão nos seus cabelos, sentir seus lábios, te abraçar bem perto. Que queria estar no lugar dele... A questão é: Quem é ele?

Corei. Sabia que Carlos estava cantando, se declarando para mim. Rasgando seu coração naquele palco. E... acho que ele deve ter me visto com o Theo. Talvez ele tenha notado algo entre nós...

Senti toda a dor em sua voz e o peso do seu coração.

Quando finalmente a música chegou ao fim, todos aplaudiam freneticamente, enlouquecidos com a sua apresentação.

Ele desceu do palco me encarando. Estava suado. Veio em minha direção, ainda sem tirar os olhos de mim, sem titubear nenhuma vez. Ele vinha a passos firmes e decididos.

Apenas fiquei parada ali, observando ele se aproximar de mim. Ele estava cada vez mais perto, e todos estavam olhando para nós.

Quando ele chegou perto o suficiente para me ouvir, comecei a falar.

— Bela música. Meus parab...

Ele me beijou de uma vez. Um beijo inesperado. Roubado?!

Pude sentir toda a sua ânsia por mim. Sua boca me puxando mais para si. Necessitando. Explorando. Ele tinha fome de desejo. Sentia ele contê-lo, apertando suavemente minha cintura. Eu estava surpresa com tudo aquilo. Não tive muita reação, mas não poderia dizer que não gostei. Ele tinha paixão!

Então, ele subiu uma de suas mãos para os meus cabelos e os puxou levemente para trás, fazendo nossos lábios se desgrudarem e eu olhá-lo. Seus olhos eram questionadores, como se só agora estivessem preocupados com minha reação. Pedindo permissão. Parecia que estava esperando levar um tapa.

O barulho do local estava ensurdecedor, pois todos gritavam loucamente. Eu estava super confusa e embriagada com o seu cheiro. Ele, então, me beijou novamente.

Finalmente, recobrei meu juízo. Tive forças e o empurrei.

Ele olhou para mim, assustado com minha reação tardia. Ao meu redor, todos nos encaravam. Nathan parecia está preocupado. Juliana, enfurecida. Não reconheci o Theo em nenhum dos rostos ali presentes.

Não estava me sentindo bem. Estava meio tonta. Confusa. O que devo fazer?

Olhei mais um vez para todos, e, uma vez mais, para o Carlos.

Ele parecia tão perdido...

— Desculpa! — Me virei e saí correndo.

Peguei o primeiro táxi que vi na entrada.

Não sabia mais o que fazer com meu coração.


*AVISO IMPORTANTE*

Oi, pessoas :) Passando para avisar que a música que o Carlos se declarou, Always - Bon Jovi, está disponível para ser ouvida lá no instagram, assim como tudo o que já foi citado nos capítulos que são extra texto. Confiram lá!

Instagram: aconteceunafaculdade


Aconteceu na faculdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora