Capítulo 22 - Resquício de lembranças

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Levei o Carlos para o meu quarto e a Rosa tomou um susto quando o viu. Contei brevemente o que tinha acontecido, enquanto pegava um pano molhado, para limpar os ferimentos dele.

Carlos nem prestava atenção na nossa conversa, ele estava entretido, observando o nosso quarto e um painel que tinha posto, com algumas fotos da minha infância.

Eu o fiz sentar em uma cadeira que usava para estudar e pedi a Rosa para encher uma tigela de água. Ela assentiu, e eu comecei o trabalho.

Passei o pano sobre a sua boca, já que era o local que mais sangrava.

— Ai! Isso arde, sabia? — Ele resmungou.

— Desculpe. Sou de humanas, não da saúde. — Falei, sem graça.

— Nota-se. Não tem nem um kit de primeiro socorros...

— Está reclamando demais, sabia? Já estou fazendo o favor de limpar seus ferimentos. — Fingi estar zangada com ele.

— Não faz mais que sua obrigação, já que brigamos por sua causa. — Ele parecia se divertir com a situação.

Olhei para ele assustada e ele só riu.

— Nem ligo. Você vai me contar toda a história mesmo. — Dei de ombros.

A Rosa chegou com a tigela cheia e logo terminei de limpar todo o seu rosto.

Ele ficou me encarando, enquanto dava uns retoques finais na sua sobrancelha, que tinha sofrido um pequeno corte.

Ele só fez uma careta, parecendo segurar a dor.

A Rosa só ficou rindo da cara dele. Logo, ele se enfezou e resolveu falar algo.

— Garanto que o outro cara está bem pior. — Ele sorriu, vitorioso.

— E quem era o outro cara? — Ela perguntou, rindo abertamente.

— Nathan. — Ele falou quase cuspindo, como se aquele nome fosse um palavrão.

— O-o quê? O N-Nathan não é de brigar. Ele e-está b-bem? — A Rosa se assustou e, então, ficou com a expressão séria e preocupada.

Não falamos nada, o silêncio foi incômodo por um tempo. Até a Rosa se levantar, como se tivesse tomado uma decisão difícil, e dizer que ia verificar se o Nathan estava bem.

Quando ela saiu, eu e o Carlos nos olhamos, até eu ficar constrangida e me levantar para colocar todo o meu material de emergência, um pano e uma tigela de água, na pia.

Porém, nas pressas, acabei batendo meu mindinho no pé da cama e soltei um grito de dor, derrubando a água da tigela. Muito bem, Lila. Sua desastrada.

Carlos teve uma crise de risos, mas logo perguntou se eu estava bem.

— Eu vou sobreviver. Não é como se eu tivesse entrado numa briga. — Zoei.

Ele riu — Muito engraçada você.

Rapidamente limpei a poça de água que tinha se formado com um pano de chão. Lavei as mãos e olhei para o Carlos que estava me observando.

— Hum... Isso vai ficar roxo... — Apertei de leve em cima do seu olho direito. — Dói?

— Não! — Ele disse, trincando os dentes.

—Tou vendo que não. — Estava me divertindo com isso. Mesmo com dor, ele não queria dar o braço a torcer. Bem típico desse ruivo mesmo.

— Toma. — Entreguei um remédio e um copo d'água a ele para aliviar a dor.

Aconteceu na faculdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora