Capítulo 16 - Professor Theo?

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Passei o resto do meu final de semana escondida do mundo, no meu quarto, assistindo séries com a Rosa. Assim, quando ela estava lá, né?! Já estava na 3ª temporada de Once Upon a Time, quando a segunda-feira chegou, infelizmente.

Não queria encarar todas as pessoas que estavam na festa da sexta-feira. Também não sabia ainda com que cara iria olhar para o Carlos.

Sabia que tinha que me desculpar com ele. Ele se expôs e eu o abandonei ali, sozinho, com todos o olhando. Isso realmente não foi legal.

Assim que entrei na sala de aula, Jadson e Érica pularam em cima de mim.

— Como assim teve uma festa e você não nos contou? E como assim o Carlos te beijou? E como assim você saiu de lá correndo? Você é louca, ou o quê? — Érica tagarelava.

— Foi por isso que sábado você foi atrás do Nathan? Você não parecia bem. Você e ele tem alguma coisa? E como ficou sabendo dessa festa e nós não? — Jadson completou o interrogatório.

— Calma, calma, gente. Uma pergunta por vez. — Falei rindo, mas com um aperto no coração pela história já ter se espalhado pela faculdade. — Rosa me chamou pra ir comemorar o final das provas, achei que fosse só uma saída, não esperava está todo mundo lá. E... Jadson, eu e o Nathan somos praticamente irmãos, então sem nos shippar... — Falei rindo, batendo no braço dele de leve.

— E a história do Carlos? — Insistiu Érica.

— E-er... só estamos falando de mim. Como foi o final de semana de vocês?

— Não mude de assunto. — Érica cruzou os braços — Ah... o Theo também estava lá? — Ela perguntou, corando um pouco.

Por algum motivo, não gostei dessa reação dela e resolvi encerrar logo o assunto, avisando que o professor já já chegaria. Será que eu estava com ciúmes dele?

Afastei meu pensamento e me concentrei na aula. O intervalo passou rápido, apesar de notar algumas pessoas cochichando enquanto me olhavam. Tentei ignorá-las. Então, fui para a minha segunda e última aula do dia.

Para minha surpresa, quem iria dar essa aula, Teoria da Literatura, era o Theo. Ou melhor, professor Theodoro.

Ele avisou para a turma que o professor estava em um congresso e, por isso, seria ele quem estaria conosco hoje. Fiquei tão surpresa ao vê-lo entrar na sala que tinha até esquecido que ele era o monitor daquela disciplina.

Não consegui me concentrar direito nessa aula, estava meio desconfortável, tanto porque todos pareciam chocados com os olhos heterocromáticos do Theo, como porque a Érica não parava de ficar babando por ele, e soltando risinhos.

Ao final da aula, quando todos estavam saindo, resolvi ir falar com ele. Érica foi em direção a porta, olhando para nós dois, até não ter jeito, e ela ter que sair, nos dando privacidade.

— O-oi... — Comecei a conversa meio sem jeito.

— Ah! Oi, Lila...

Fiquei meio sem jeito, não sabia o que queria falar com ele. Ele também parecia um pouco desconfortável, e ficou ajeitando o seu material acadêmico.

— Você não está de lentes. — Falei animada, tentando puxar algum assunto.

— Pois é. — Ele sorriu, e um novo silêncio constrangedor pairou sobre nós.

Ele parecia um pouco irritado, comigo?

Acho que ele leu meus pensamentos, pois na mesma hora comentou.

— Desculpe, Lila. Eu realmente estou sem cabeça hoje. O professor me avisou em cima da hora que eu daria essa aula. Isso sem contar que ontem eu perdi meu bloco de notas e saí feito louco o procurando pelo One Kiss. Acabei me perdendo na volta para a Focus...

— AH! — Gritei um pouco alto, o que o fez dá um pulo com o susto — Eu encontrei seu bloco lá na festa e o guardei.

— Você o encontrou? — Ele falou com animação, o que me fez ficar mais calma.

— Sim! Você não devia levar algo assim para as festas.

— Você tem toda a razão. — Ele sorri abertamente — É que o Carlos me arrastou pra lá, eu pensei que só iria ser um lugar para jantar. Não sabia da festa.

— Tadinho... — Brinquei, fazendo uma carinha triste, o que o fez sorrir mais ainda.

— Ei... — V-você não leu meu bloco não, né?! — Ele perguntou de súbito.

— Não, não li...

— Ufa, que bom. — Ele respirou aliviado.

— Mas eu poderia... ou melhor, posso. — Falei, zoando ele.

— Me devolva, por favor! — Ele entra na brincadeira.

— Pensarei no seu caso. — Digo.

O Theo começa a rir mais ainda.

Era tão bom animá-lo, poder fazer ele sorrir das minhas besteiras.

De repente, ele censurou o próprio riso. Como se fosse algo errado. Como se não devesse fazer aquilo.

Ele suspirou. Respirou fundo e falou.

— Você devia ir falar com o Carlos.

— V-você f-ficou sabendo o q-que houve? — Por algum motivo, eu tinha a esperança que ele fosse alheio a tudo o que aconteceu.

Ele, porém, confirmou com a cabeça.

— É... pois é... eu posso... expl...

— Você não precisa explicar nada pra mim. Tudo bem. — Ele me deu um sorriso triste — O Carlos me contou tudo. Ele é meu melhor amigo, esqueceu?

Fiquei sem saber o que dizer.

Ele me olhou intensamente, com seu olhar penetrando, perfurando a minha alma.

— Por que você fugiu dele? — Ele finalmente perguntou, com curiosidade, vindo na minha direção.

— P-porque... — Olhei para ele, devolvendo a intensidade do olhar — Bem... eu...

Ele se aproximou, ficando bem perto de mim. Eu podia sentir a sua respiração.

— Por que você fugiu dele, Lila? — Ele repetiu a pergunta, já segurando de leve a minha cintura. Ou será que era só impressão minha?

— E-eu... — Não conseguia pensar com ele tão próximo assim.

Pela primeira vez, ele passou suavemente os dedos pelo meu rosto, o que fez meu corpo inteiro se arrepiar.

Ele se aproximou mais dos meus lábios.

Nesse exato momento, a Érica entrou na sala, me chamando.

Nos afastamos rápido.

Ele estava bem corado, então não quero nem pensar em como estava o meu rosto. Do jeito que eu fico vermelha rápido...

Dei um tchau, sem graça, e saí rápido da sala. Então, o Theo chamou meu nome.

Olhei para trás e ele falou baixo, porém entendi a mensagem, quase que como leitura labial. Ele disse: Vá falar com o Carlos.

Concordei com a cabeça e saí andando pelos corredores. Falei rápido com a Érica sobre como seriam as férias. Se ela notou algo entre mim e o Theo não falou nada. Me despedi dela, chegando no bloco de Administração.

Andei pelos corredores, sem saber direito para onde ir ou como achar aquele ruivo.

Então, sinto alguém me empurrar contra uma porta, me fazendo entrar em uma sala vazia.

— Juliana... 

Aconteceu na faculdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora