035. 𝕬𝖗𝖙

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Acordei na manhã seguinte ao encontro com frio, muito frio, muito frio mesmo.

Não precisei nem pensar, o meu corpo quente por dentro e o frio que eu sentia por fora berraram comigo falando que eu estava gripada, ou prestes, e eu claramente entendi isso melhor do que ninguém. Minha cabeça doía tanto que manter os olhos abertos era difícil. Fiquei na cama, ao som do meu alarme que eu não tinha forças para desligar, ressoando no quarto altamente, até que eu pegasse no sono novamente e não o escutasse mais.

Ao acordar de novo, horas mais tarde, me sentia um pouco melhor. A minha febre tinha diminuído bastante, eu sentia que a minha temperatura tinha baixado bastante também. Eu ainda estava com febre, mas, não se comparava a forma como estava ao acordar de manhã cedo.

Sentei devagar na cama, a dor de cabeça tinha ido embora e essa sem sombra de dúvidas era a melhor das coisas. Eu não conseguia fazer nada com dor de cabeça, e o remédio raramente me ajudava.

Peguei o meu celular, havia várias chamadas e mensagens do Lamar e da Giulia, e do Corbyn que foi questionado pelos os meus amigos interessados em saber o meu paradeiro. Depois de responder os três e os tranquilizar de que estava apenas com uma febre e nenhum deles precisava vir aqui me ver, eu comuniquei o meu chefe e ele um amor de pessoa disse que eu podia folgar hoje e não amanhã sem problema algum. Havia também mensagens de mamãe, ela queria saber como eu estava e como papai estava, menti, sobre papai e sobre mim. E desviei o assunto focando nela e o novo desfile que ela iria abrir dentro de alguns dias.

Assim que terminei de responder todo mundo, eu tomei um banho, troquei as minhas roupas e desci até a cozinha para preparar algum chá que ajudasse coma febre, e comer alguma coisa antes que eu acabasse desmaiando por falta de nutrientes.

Durante o tempo que o chá estava fervendo, eu comi uma fruta, porque estava sem apetite algum e acabei com medo de vomitar caso forçasse meu corpo a ingerir o que ele  claramente não estava disposto a digerir.

Enquanto o meu chá esfriava, arrumei a casa um pouco, querendo despertar o meu corpo mole, eu não gostava de ficar com febre, como todas as pessoas, muito menos ficar na cama esperando melhorar. Eu melhorava fazendo as coisas.

Arrumei toda a casa, no primeiro andar, e enquanto eu subia para o meu quarto eu tomava o chá morno de gole em gole porque o gosto era muito amargo, e me perguntava porque eu simplesmente não tomei algum comprido para febre na caixa de remédios e fui apelar ao chá como se eu estivesse morrendo ou na idade média.

Parei no banheiro para escovar os meus dentes três vezes até não sentir mais o gosto amargo na minha boca e na minha garganta. E assim que deitei na cama, não tive mais forças para levantar, apenas fechei os olhos abraçando o travesseiro e pegando em sono profundo.

Despertei com um som de risadas.

Elas vinham da sala. Eram todas masculinas e velhas. Eles riam, gritavam, brigavam e tornavam a rir.
Por um momento eu pensei que estava sonhando, que o chá estava provocando alucinações, ou até mesmo que eu era sonâmbula e tinha parado na cama de outra pessoa em um quarto de outra casa. Até que eu escutei aquela risada, a risada que eu conhecia desde pequena, a risada do meu pai.

Afastei as cobertas, acabei derrubando o travesseiro mas não me importei, levantei a cama andando zonza e ainda bastante sonolenta por causa do chá e da febre. Parei, e mesmo achando que não tinha necessidade, peguei o celular caso precisasse ligar para alguém, talvez a polícia.

Quando consegui abrir a porta, as risadas ficaram mais altas e eu tive a certeza do que estava acontecendo e de tudo era real. Eu preferia estar sonhando mas acontece que eu não estava. Eu estava acordada e aquilo não era um pesadelo, era a realidade.

Bad Drug ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora