043. 𝕭𝖆𝖉

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— Como foi nas provas? — Sam me perguntou assim que eu o encontrei do lado de fora do prédio da universidade. Ele estava sentado em um dos bancos no gramado do campus mexendo no celular.

— Fácil. — respondi, acendendo um cigarro.

— Fácil? Ah, esqueci que você é inteligente...— Sam sorriu zombando.

— É, meus avós onde quer que estejam devem estar felizes ao saber que as diversas vezes que me ajudaram no dever de casa e os professores particulares valeram a pena....— sorri de volta, pouco antes de colocar o cigarro, já acesso, na boca.

Entreguei o maço e o isqueiro para Sam que pedia em gestos que não faziam o menor sentido se ele podia pegar da minha mão facilmente.

— Viu Any desde que foram obrigados a se separar? — perguntou teatral, tirando um cigarro de dentro do maço.

Neguei a sua pergunta com um movimento com a cabeça, tirando o cigarro da boca e soprando a fumaça em direção a calçada alguns metros de distância de onde eu estava em pé.

— Ela me pediu para esperar ela porque ela queria fazer algo. — dei de ombros em descaso, mesmo que durante maior parte do tempo em cada uma das provas eu tivesse passado pensando sobre o que ela queria fazer ao fim das provas. E, como se não fosse extremamente óbvio que não esperar por ela fosse considerado uma escolha para mim. Claro que eu a esperaria.

Eu queria fazer muitas coisas com ela agora que somos oficialmente namorados, muitas mesmo, que iam de simplesmente ficar apreciando a beleza dela e as diferentes formas como ela mexia comigo, à, levá-la para uma festa em que tudo iria terminar bem, e que sairíamos de lá juntos, diferente das duas últimas vezes. Eu precisava sair de uma festa com ela para deixar a memória catastrófica e traumatizante da última festa de vez para trás.

— Hmmm é? — Sam maliciou mexendo as sobrancelhas para cima e para baixo em uma explicativa insinuação.

— Deixa de ser um sujo. — chutei a perna dele com força, ele gemeu tacando o cigarro longe quando abriu a boca.

— C-Como se você não fosse um. — disse entre tossidas.

— É. Mas é diferente. Estamos namorando. — ele revirou os olhos.

— Já falei que odeio sua versão apaixonada? — questinou, tentando acender outro dos meus cigarros.

— Já. Só hoje são quatro vezes. Atura ou surta. — Ele não me respondeu.

A sua atenção tinha se voltado para a tela de bloqueio do seu celular que tinha acabado de se iluminar com a chegada do que parecia ser uma mensagem. Sam imediatamente ao ler o nome do remetente da mensagem largou o maço e o isqueiro no banco, pegando o celular e focando apenas nele.

Estiquei meu pescoço, pouco curioso, movendo meu corpo alguns passos para o lado, até estar atrás do banco com uma visão completa da tela do celular do Sam, da conversa e com quem era a conversa. Aproximei devagar o meu rosto da orelha dele, lendo o nome da pessoa e as conversas ao mesmo tempo que ele digitava rapidamente de forma ansiosa.

— Já falei que odeio a sua versão apaixonada? — murmurei contra a orelha dele o assustando. Ele xingou se virando ao se afastar da minha boca como se eu fosse o demônio no seu ombro lhe induzindo a tomar as decisões erradas. Talvez eu fosse. Mas no momento, eu me considerava mais algo como o anjo, talvez um intermediário, um aspirante a anjo.

— Porra qual é o seu problema???? — Me perguntou de olhos arregalados.

— Qual é o meu problema? Qual é o seu problema? Está me ignorando faz cinco minutos. Eu deveria dizer a Joalin para que parasse de te mandar mensagens só de raiva. — Eu sorri, debochado.

Bad Drug ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora