031.𝕭𝖆𝖉

317 17 0
                                    


- Finalmente arrumou o apartamento, estava um chiqueiro. - Sam disse assim que entrou. Eu tinha acabado de passar um pano no chão e acendido um incenso que achei perdido no armário, na caixa dizia que ajudava no amor, na vida amorosa, em geral, acendi todos os quatro que ainda tinham na caixa e espalhei por todo o apartamento, talvez fizesse mais efeito com todos acesos de uma só vez e eu a Any ficássemos juntos outra vez. Eu realmente estava rezando por isso e acreditando nessa força espiritual. Eu também queria saber como esse incenso veio parar nas minhas coisas, certamente parou por acidente quando deixei a casa dos meus avós.

- Aham, entra logo o incenso tá saindo. - puxei ele para dentro e fechei a porta com medo de que isso afetasse o efeito.

- Incenso? O quê é isso? É de fumar?
Eu quero.

- Não, idiota.

Ele olhou para o incenso preso em um buraco que era do prego que meu quadro estava, agora o prego e o quadro estavam guardados. Eu não tinha aquele negócio que coloca o incenso, ainda, e por essa razão precisei dar o meu jeito.

- Você está fazendo algum feitiço para a Any voltar para você? - Sam perguntou se virando para me olhar, ele parecia assustado com essa possibilidade.

- Não. Assim não tem graça. Eu quero que ela me queira por livre e espontânea vontade, não porque eu fiz um feitiço ou uma macumba ou sei lá, vendi a alma. - Franzi o cenho e balancei a cabeça com a ideia. Deixei Sam na sala e guardei todos os produtos que tinha usado no armário do banheiro, limpei o pano e o deixei secando no chão.

Retornando para a sala, percebi que Sam estava batendo as portas dos armários na cozinha e resmungando como a minha avó fazia quando ela não tinha encontrado o que queria, ou alguma mulher tinha flertado com o meu avô e ele falava que ela estava sendo paranoica. Ela costumava resmungar o dia inteiro até ele se dar conta de que estava errado e ir fazer as pazes com elas.

- Do que você está reclamando? - Perguntei, sentando atrás da bancada e observando Sam se mexendo de um lado para o outro na cozinha checando o que eu tinha nos armários, na geladeira e fazendo uma careta cada vez que não encontrava nada.

- Você não tem nada aqui, por isso tá mais magro. - Olhei para meu próprio corpo.

- É? Nem percebi. - Ele me encarou mau humorado.

- Eu sei. Você só repara na Any, e falando nela, o que vocês estavam conversando no corredor? - Recuei a cabeça confuso.

- Não me lembro de você estar lá.

- E não estava, avistei os dois do campus. Demoraram na escada estavam fazendo as pazes??? - Sam sorriu cheio de malícia.

- Não. Ela está com uns roxos no braço e eu queria saber o que era, então fui tentar conversar com ela sobre isso.

- Como sabe que ela está com roxos no braço? - Ele cruzou os braços.

- Porque eu vi, talvez? - retruquei debochado.

- Tá. E como se vocês estão se evitando? - foi a vez dele debochar.

- Eu esbarrei com ela mais cedo no corredor. E será que dá para você prestar atenção no que realmente importa? Eu disse que ela está com o braço machucado, e rouca. - Sam parou do outro lado da bancada.

- E ela disse o que era? O quê parecia?

- Eu acho que alguém machucou ela.
- falei, pensando em quem poderia ter sido. Eu não sabia nada da Any e isso dificultava muito as coisas.

- E o que ela disse?

- Disse que foi um acidente, que não era da minha conta e que estava bem. - Murmurei irritado.

Bad Drug ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora