057. 𝕭𝖆𝖉

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tempo depois

Abro a porta do apartamento da Any e entro. Escuto ela falando com alguém na sala.

— Não sei não, eu nunca fiz isso antes sei nem como posar. — Franzo cenho e fecho a porta, chuto meus sapatos os colocando no canto ao lado das sapatilhas dela alinhadas. Incapaz de ver os meus tortos alinho os meus ao lado dos dela mantendo a organização.

Any está deitada no sofá, uma perna cruzada no joelho e o pé balançando no ar. O seu cabelo que agora cobre os ombros e desce pela cintura está preso numa tentiva de fazer um coque firme, a cabeça dela apoia no travesseiro e ela mexe a mão enquanto fala.

A saia estilo colegial preta que lhe dei de presente esses dias enfeita seu quadril, cobre seu ventre embolada na lateral das coxas mostrando mais da sua pele nua e esbelta, ela usa um sutiã lilás, provavelmente tinha acabado de tomar banho quando a ligaram e ela não terminou de se vestir.

— Tá, tá...que dia? — Me jogo em cima dela que se assusta, mas quando me vê logo sorri e me puxa pela gola da camisa apertando as pernas ao redor do meu corpo. Beijo a ponta do seu nariz e inspiro contra seu pescoço a abraçando com força, escuto a voz da minha sogra soando no telefone.

— Agora — ela responde.

— Agora??? — Repete minha namorada em choque, ela senta me forçando a deitar ao seu lado.

— O quê??? Mas eu nem terminei de me vestir...— Any me olha, ergo as sobrancelhas lhe interrogando sobre para onde iria, ou, iríamos. Era raro que ela e a mãe se encontrassem por mais do que algumas horas, havia me acostumado com a correira súbita dela dizendo que estava indo ver a mãe pouco antes de marcar algo e precisar desmarcar.

— Tá, posso levar o Noah? — Ela toca na minha barriga e sorri travessa. Escuto um cara gritando.

— DEIXA ELA TRAZER ELE MOLY, QUERO CONHECER O NAMORADO DELA! — Any ri.

Tento indentificar a voz do cara que parece querer me conhecer, suponho que seja Will, o dono da empresa de modelos em que a minha sogra trabalha e ainda desfila. Passo meus dedos pelo rosto da minha namorada, um pouco úmido, afasto as mechas que escapam do coque dela e sorrio a admirando. Ela cora e desvia olhar.

— Tá. Estamos indo. — ela concorda, evitando meus olhos, seguro seu rosto e a faço me encarar. Tanto tempo juntos e eu amava provoca-la e causar esse mesmo efeito que fazia meu coração bater mais forte e meu mundo inteiro ter sentido. any mordia o lábio inferior quando pareceu se dar conta de que falavam com ela e ficou confusa, franzindo a testa.

— Um carro? Mas pra quê? — Falaram mais alguma coisa e ela concordou e encerrou a ligação.

— Para onde quer me raptar? — Perguntei a puxando para meus braços. Beijo sua testa.

— Minha mãe está na cidade e, bem, querem fazer uma sessão de fotos dela comigo para uma tal marca aí. Ela perguntou se eu aceitava, e eu topei. Eu queria que estivesse lá comigo. — Elevo as minhas sobrancelhas surpreso.

Apesar das inúmeras tentativas de Dona Moly em apresentar Any para o mundo das passarelas, ela nunca obteve sucesso porque minha namorada sempre recusava. Eu nunca a imaginei desfilando ou posando, e agora estaria presenciando de camarote o mundo retratando a beleza e o encanto dela a se estampar em milhares de capas de revistas.

— Quer dizer que vai estar estampada por aí? — perguntei. Ela riu segurando meu rosto.

— Talvez — encolheu ombros nervosa. Tinha muito tempo que eu não a via nervosa por alguma coisa que não fosse eu a deixando nervosa ou nossos amigos e as bobagens aleatórias deles quando estamos todos reunidos.

Bad Drug ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora