041. 𝕬𝖗𝖙

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Quando acordei, estava sozinha.

Olhei ao redor mas Noah não estava na sala. Ainda estava escuro na sala mas eu sabia que era de manhã pela frecha de luz na borda da cortina quase passada por inteiro. Esfreguei meu rosto antes de o enfiar, como conseguia, bem mal por sinal, no travesseiro, me lembrando de ontem e a quantidade de coisas que haviam acontecido.

Meu corpo não estava tão dolorido, a pomada realmente funcionava, e meu braço ainda estava imóvel, não sei o milagre que me fez dormir na mesma posição mas estava realmente grata por isso porque eu não aguentaria ter que esperar mais do que já terei que esperar para finalmente poder me livrar do gesso.

Devagar, me sentei no sofá tomando cuidado para não movimentar o braço com o gesso temporário. E uma vez sentada olhei ao redor da sala em busca do meu celular que eu havia trago consigo noite passada.

Encontrei o aparelho no balcão da cozinha. E como estava sozinha decidi ligar para Lamar e Giulia na intenção de explicar o que havia acontecido depois que Noah atendeu meu telefone cheio de ligações de ambos, e explicou o mais por alto possível a minha situação. Eu tinha certeza de que eles estavam confusos, as diversas mensagens de Lamar aparecendo na minha tela de bloqueio confirmavam isso.

Em pé na cozinha, tomei coragem e liguei para Lamar e Giulia através do nosso grupo via chamada de voz, eu ainda não estava pronta para ver ninguém depois de ontem. Eu ainda precisava de um tempo para digerir o que eu mesma me causei e deixar esse momento partir.

— ANY É VOCÊ? — Lamar gritou assim que atendeu a ligação. Minha orelha não gostou do seu grito, nem a de Giulia que rapidamente se pronunciou em um explícito mau humor.

— Quem mais seria? O Noah de novo? Acho que um raio não caí duas vezes no mesmo lugar. — Eu ri. Certamente dialogar com Noah pelo telefone havia sido como estar no paraíso para o Lamar.

— Sou eu, Any, Lamar. — O respondi. Ele suspirou captando a minha resposta.

— Ótimo! Você me deve muitas explicações! Que negócio é esse de passou mal e foi parar na casa do Noah? Se eu passar mal o máximo que acontece é eu parar no chão ao tentar levantar e...ficar por lá mesmo.— Ele disse, em alto e claro tom de voz, suficiente para demonstrar a sua irritação com a situação que ele ainda não tinha detalhes suficiente para se aquietar e comentar. 

— Lamar deixa ela falar! — Giulia rosnou, com a voz cheia de sono. Olhei para o relógio na parede ao lado da televisão, os ponteiros marcavam 7:30 am. Abri a boca para me desculpar por ligar tão cedo mas decidi que as desculpas iriam esperar, e desejei falar sobre meu pai e esse assunto pela última vez.

— Eu morava com o meu pai. — comecei, fazendo com que Lamar e Giulia parassem de discutir sobre falar menos e escutar mais.

— Eu já havia contado para vocês que meus pais se separaram quando eu ainda era pequena, que minha mãe é modelo e meu pai tem vícios e problemas com bebidas. O que eu não contei, é que eu tornei a morar com ele faz alguns anos. — Esperei, mas eles se mantiveram quietos apenas escutando. Entendi o silêncio como uma motivação para continuar.

— Ele ainda é viciado em jogos e bebidas. Não importava o que eu fazia ou tentava ele nunca se interessou em se tratar. De alguns meses para cá ele começou a se tornar mais violento, e viciado, como se fosse possível. E, ontem ele me agrediu, eu fui parar no hospital e como resultado da minha pirraça sobre continuar morando com ele e tentando ajuda-lo, eu terminei com o pulso engessado por causa disso e na casa do Noah que me tirou da casa que eu morava com meu pai. — Ansiosa, comecei a andar pela casa.

— Eu quis ligar para vocês, quando precisei de ajuda para deixar a casa mas a verdade é que eu estava envergonhada e com raiva de eu mesma. Dessa forma eu liguei para Noah, que eu nem preciso dizer que havia sido o primeiro número que coloquei para discar e a continuar discando até ser atendida. Ele me levou até o hospital e eu passei a noite aqui no apartamento dele. Foi por essa razão que não apareci no trabalho e nem respondi as mensagens até Noah fazer isso por mim. — terminei de contar.

Bad Drug ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora