BOYS LOVE BOYS

Nunca namorei alguém como você

Will

"Com esse olhar intimidador!"

A primeira vez que coloquei meus olhos em Nate, o que chamou minha atenção, foi seu olhar. Ele me intimidava, não porque eu tivesse medo dele, mas porque tamanha era a intensidade de seu olhar, parecia penetrar a minha alma. Eu me sentia desconfortável, porque tinha medo de me perder ali, medo de um monte de coisas, e principalmente de aceitar que desde o início me senti atraído, fiquei perdido naquele olhar intimidador.

— Não entendi nada!

— É muito simples. A primeira vez que te vi, você usou aquele olhar que o Thirasak usa em "Vou te beijar até você ficar louco", e me deixava desconfortável de algum modo...

— Por quê?

— Naquela época eu não queria admitir, hoje, sei que me senti atraído por você desde aquele momento que cheguei atrasado na primeira reunião de elenco, e você me encarou, lembra?

— Lembro... Acho que evoluímos muito, não é?

— Pois é, passamos de "Por que você tá me olhando?" a "Sua boca me leva a loucura"

[...]

Essa é a segunda vez que meu namorado vem à minha casa. Eu não gosto da ideia dele entrar pelos fundos da casa, como se estivesse fazendo algo errado, isso é tão desconfortável. O almoço com os meus "amigos" só reforçou o quanto vai ser difícil expor aos outros, os sentimentos que tenho por ele. São pensamentos, ideias, comportamentos e falas que precisam evoluir.

Enquanto me perco em pensamentos, Nate dedilha algumas notas no piano da sala de estar, sorrio ao perceber as expressões de seu rosto quando erra alguma nota. Aproximo e sento ao seu lado, no banco do piano, entrego uma taça de vinho a ele. Ele para de tocar, segura a taça, me encara e sorri.

— Que cara é essa?

— O quê?

— Você ainda está pensando no restaurante?

— Um pouco.

Ele coloca a taça em cima do piano, envolve seu braço ao redor dos meus ombros, beija meu rosto.

— Eu não gosto de ver o meu Coelhinho triste!

— Eu não gostei do que eles fizeram, parece que nos convidaram apenas para debochar, fazer piadas homofóbicas, e ainda tem uma coisa...

— O que é? — pergunta e acaricia meu rosto.

— Eu não gosto de te trazer aqui desse jeito!

— Como assim?

— Entrando escondido, como se fosse um ladrão. Eu me sinto péssimo por isso, Gatinho!

— Não precisa se sentir péssimo, eu entendo a situação.

— Eu sei que você entende, mas mesmo assim é muito chato. Queria apenas andar com você por aí de mãos dadas, não ter receio do que os outros vão pensar, vão dizer. Trazer você aqui, entrando pela porta da frente como meu namorado!

As lágrimas escorrem, e me sinto muito vulnerável. Nate olha para mim com tanto carinho, seus olhos estão marejados, ele beija meu rosto, e limpa minhas lágrimas.

— Se você quiser, assumimos nosso namoro, e que se foda todo o resto!

— Você vai me achar um frouxo, mas eu tenho medo do que pode acontecer com as nossas carreiras, e...

— Eu não te acho um frouxo. O seu medo é natural, não sabemos o que pode acontecer, quem vai nos apoiar, mas se você quiser... Eu assumo!

[...]