Por que é tão difícil aceitarem que te amo?

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Will





No dia que meus pais descobriram que Sunee não gostava de homens, mas de mulheres, foi um caos. As lembranças daquele dia ainda estão vivas na minha memória. Palavras, gritos e choro. Lembro-me de tudo, principalmente de meus pais dizerem que Sunee precisava de terapia, que estava confusa, e um tempo depois quando chegaram à conclusão de que não adiantaria nada, eles a fizeram escolher entre ser sua filha, ou continuar a namorar a "tal garota de Londres". Minha irmã fez sua escolha, algo que no início recriminei, achava muito errado, alguém como ela, que poderia ter o homem que quisesse, querer uma garota? Para o Will daquela época, era muito errado!

Naquela época eu não entendia minha irmã, porque eu também não me entendia, não me aceitava, recriminava o que ela fez, e me sentia culpado por cogitar a possibilidade de olhar para um homem com desejo. Hoje, me orgulho de não mentir para mim mesmo, de ter a coragem de investir em um relacionamento amoroso com o Nate, e assim como Sunne escolheu a "garota de Londres", eu escolhi o "Meu Gatinho".

— Porque eu gosto de homens!

Ao afirmar isso, mas uma vez a história se repete, meus pais me encaram incrédulos, e em seguida minha mãe se manifesta.

— Eu não ouvi isso! Você deve estar confundindo ficção com realidade... Só pode ser isso, não é?

— Não mãe, não pode ser isso! Eu gosto de homens, e eu estou apaixonado por um homem!

Antes que minha mãe fale alguma coisa, meu pai abre sua boca.

— Não é possível isso! Você é meu único filho homem, você será meu sucessor nos negócios... Eu eduquei você para ser um homem!

— Mas eu sou um homem!

— Um homem de verdade gosta de mulher, casa com mulher e tem filhos com mulher, isso que você está fazendo é nojento, transgredindo a natureza humana...

— Para pai, olha o absurdo que você está falando! Só porque gosto de homem, eu deixo de ser um?

Seu olhar beira o ódio quando escuta o que digo. Vejo as lágrimas escorrerem pelo rosto da minha mãe, que pressiona a mão na boca para segurar o choro, mas também percebo seu olhar carregado pela raiva, pois me olha do mesmo modo que meu pai.

Ele se aproxima de mim, e eu não sei o que esperar, e antes que ele faça algo contra mim, minha mãe o segura e fala.

— Calma Suchart, ele está confundido a sua própria vida com a do personagem, e além disso, tem aquele maldito garoto com quem ele trabalha... Isso só pode ser influência dele, não é Will?

— Como você pode ter certeza, Phailin? Já faz um tempo que eu acho nosso filho estranho, você não percebe? Todos os jovens da idade dele vivem rodeados de garotas, falam de garotas, mas nosso filho não faz isso! Os meus amigos estão sempre contando as experiências de seus filhos, e eu? Quais as experiências que tenho para contar do meu filho?

— Você não entende, isso é influência do personagem e do convívio com esse Nate...

— Para de falar que é culpa do personagem, e do Nate! Fui eu que me interessei primeiro, fui eu que flertei com ele!

— Isso pode vir do gene defeituoso da sua família, Suchart! — esbraveja minha mãe.

— Eu não quero ouvir mais nada! Will e Sunee só me deram desgosto... Eu só quero que você faça o mesmo que ela, saia da minha casa! — meu pai grita alto.

Eu já esperava que a reação deles fosse péssima, mas dói muito ouvir isso das pessoas que deveriam me apoiar, me abraçar e dizer que está tudo bem. As lágrimas escorrem pelo meu rosto, e a minha reação a tudo isso é correr para longe de tudo. Diante do jardim, sento, sinto alguém sentar ao meu lado, e me abraçar. Eu a aperto, sinto sua mão enxugar minhas lágrimas.

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